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De olho nos mercados judeu e muçulmano, empresas do ES investem em alimentos kosher e halal

A Uniaves e a Fiore seguem ritual especial no preparo de produtos de origem animal conforme às restrições religiosas dos consumidores

por Leandro Fidelis

em 23/11/2023 às 0h00

4 min de leitura

De olho nos mercados judeu e muçulmano, empresas do ES investem em alimentos kosher e halal

As carnes de frango da Uniaves são exportadas para os países árabes com certificação halal. (*Fotos: Divulgação)

*Matéria publicada originalmente em 18/05/2021

O alcorão, o livro sagrado do islamismo, orienta os muçulmanos a comer somente carne de animais não carnívoros e que tenham sido sacrificados sem sofrimento para homenagear Alá (Deus).

Já o texto sagrado do judaísmo, a Torá, diz que não se pode “cozinhar um animal jovem no leite de sua mãe”. Portanto, o leite e os produtos de base animal não podem ser misturados, nem cozidos ou servidos juntos.

As restrições alimentares são seguidas à risca por praticantes dessas religiões em todo o mundo. E tem empresas capixabas de olho nestes consumidores.

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A Uniaves- Companhia de Alimentos (Castelo) e a Laticínios Fiore (Santa Teresa) garantem a muçulmanos e judeus alimentos de origem animal preparados conforme suas crenças.

O mercado voltado ao público islâmico é chamado de “halal” (lícito). Os produtos mais fornecidos pela Uniaves atualmente são: meio peito, coxas, sobrecoxas, pés, além de coxas e sobrecoxas com porção dorsal.

O “abate sagrado” de frangos é realizado por um muçulmano, que pronuncia uma oração em árabe antes de voltar a cabeça do animal para Meca e fazer o corte. 

De acordo com a engenheira química e responsável pelo Controle e Garantia de Qualidade, Pesquisa e Desenvolvimento e Controle de Dados da Uniaves, Natasha Guarnier Vargas, a empresa é a única do Estado que exporta e conta com certificação halal. O selo foi concedido pela Certificadora Cdial Halal, considerada referência global neste tipo de mercado.

Os cortes de frango são exportados para os Emirados Árabes Unidos, Qatar, África do Sul e Maldivas. O mercado halal corresponde a aproximadamente 30% das vendas para outros países na Uniaves. 

“Os nossos produtos chegam às casas de diversos consumidores islâmicos, de diferentes países, sempre cumprindo as mais rígidas normas sanitárias e de qualidade exigidas. O mercado islâmico/mulçumano é muito importante no comércio internacional. A única maneira de participar dele é adequando a unidade para atender as regras do abate halal”, afirma Natasha.

Estima-se existirem no mundo aproximadamente 2 bilhões de mulçumanos. Só no Oriente Médio são mais de 260 milhões de habitantes. Hoje, o Brasil exporta mais de 100 mil toneladas mensais de cortes de frango e frango inteiro somente para os países do Oriente Médio. A participação deste mercado nas exportações brasileiras representa quase 1/3 de todo volume exportado. As informações são da engenheira química da Uniaves.

Kosher

A Fiore também ajustou a produção para atender a outro mercado conhecido pelo nome “kosher”, voltado a judeus e também adventistas do sétimo dia. A Fiore é a única empresa capixaba no setor de lácteos com este tipo de produção.

Seguindo os preceitos do judaísmo, a indústria é fiscalizada por um rabino. O religioso acompanha todo o processo de fabricação dos lácteos, desde a ordenha, a produção, a identificação unitária (selo kosher) e a embalagem final. A supervisão é feita há mais de 20 anos na empresa.

Os principais produtos kosher comercializados são: queijos frescais (minas frescal, cottage), curados (minas padrão, gouda, parmesão) e mussarela, além de creme de leite, requeijão cremoso, creme cheese, iogurte natural e de morango e manteiga.

Segundo o diretor de marketing da Fiore, André Corteletti, os principais mercados atualmente são os Estados do Rio de Janeiro e São Paulo.

“Nós ficamos muito felizes e honrados por elevar nossos padrões de qualidade e manter nosso compromisso em fazer produtos confiáveis, que atendem até a este mercado tão exigente. A presença do rabino durante o processo reforça ainda mais os cuidados na produção kosher”, destaca Corteletti.

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