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De olho nos mercados judeu e muçulmano, empresas do ES investem em alimentos kosher e halal

A Uniaves e a Fiore seguem ritual especial no preparo de produtos de origem animal conforme às restrições religiosas dos consumidores

As carnes de frango da Uniaves são exportadas para os países árabes com certificação halal. (*Fotos: Divulgação)

*Matéria publicada originalmente em 18/05/2021

O alcorão, o livro sagrado do islamismo, orienta os muçulmanos a comer somente carne de animais não carnívoros e que tenham sido sacrificados sem sofrimento para homenagear Alá (Deus).

Já o texto sagrado do judaísmo, a Torá, diz que não se pode “cozinhar um animal jovem no leite de sua mãe”. Portanto, o leite e os produtos de base animal não podem ser misturados, nem cozidos ou servidos juntos.

As restrições alimentares são seguidas à risca por praticantes dessas religiões em todo o mundo. E tem empresas capixabas de olho nestes consumidores.

A Uniaves- Companhia de Alimentos (Castelo) e a Laticínios Fiore (Santa Teresa) garantem a muçulmanos e judeus alimentos de origem animal preparados conforme suas crenças.

O mercado voltado ao público islâmico é chamado de “halal” (lícito). Os produtos mais fornecidos pela Uniaves atualmente são: meio peito, coxas, sobrecoxas, pés, além de coxas e sobrecoxas com porção dorsal.

O “abate sagrado” de frangos é realizado por um muçulmano, que pronuncia uma oração em árabe antes de voltar a cabeça do animal para Meca e fazer o corte. 

De acordo com a engenheira química e responsável pelo Controle e Garantia de Qualidade, Pesquisa e Desenvolvimento e Controle de Dados da Uniaves, Natasha Guarnier Vargas, a empresa é a única do Estado que exporta e conta com certificação halal. O selo foi concedido pela Certificadora Cdial Halal, considerada referência global neste tipo de mercado.

Os cortes de frango são exportados para os Emirados Árabes Unidos, Qatar, África do Sul e Maldivas. O mercado halal corresponde a aproximadamente 30% das vendas para outros países na Uniaves. 

“Os nossos produtos chegam às casas de diversos consumidores islâmicos, de diferentes países, sempre cumprindo as mais rígidas normas sanitárias e de qualidade exigidas. O mercado islâmico/mulçumano é muito importante no comércio internacional. A única maneira de participar dele é adequando a unidade para atender as regras do abate halal”, afirma Natasha.

Estima-se existirem no mundo aproximadamente 2 bilhões de mulçumanos. Só no Oriente Médio são mais de 260 milhões de habitantes. Hoje, o Brasil exporta mais de 100 mil toneladas mensais de cortes de frango e frango inteiro somente para os países do Oriente Médio. A participação deste mercado nas exportações brasileiras representa quase 1/3 de todo volume exportado. As informações são da engenheira química da Uniaves.

Kosher

A Fiore também ajustou a produção para atender a outro mercado conhecido pelo nome “kosher”, voltado a judeus e também adventistas do sétimo dia. A Fiore é a única empresa capixaba no setor de lácteos com este tipo de produção.

Seguindo os preceitos do judaísmo, a indústria é fiscalizada por um rabino. O religioso acompanha todo o processo de fabricação dos lácteos, desde a ordenha, a produção, a identificação unitária (selo kosher) e a embalagem final. A supervisão é feita há mais de 20 anos na empresa.

Os principais produtos kosher comercializados são: queijos frescais (minas frescal, cottage), curados (minas padrão, gouda, parmesão) e mussarela, além de creme de leite, requeijão cremoso, creme cheese, iogurte natural e de morango e manteiga.

Segundo o diretor de marketing da Fiore, André Corteletti, os principais mercados atualmente são os Estados do Rio de Janeiro e São Paulo.

“Nós ficamos muito felizes e honrados por elevar nossos padrões de qualidade e manter nosso compromisso em fazer produtos confiáveis, que atendem até a este mercado tão exigente. A presença do rabino durante o processo reforça ainda mais os cuidados na produção kosher”, destaca Corteletti.

Sobre o autor Leandro Fidelis Formado em Comunicação Social desde 2004, Leandro Fidelis é um jornalista com forte especialização no agronegócio, no cooperativismo e na cobertura aprofundada do interior capixaba. Sua trajetória é marcada pela excelência e reconhecimento, acumulando mais de 25 prêmios de jornalismo, incluindo a conquista inédita do IFAJ Star Prize 2025 para um jornalista agro brasileiro. Com experiência versátil, ele construiu sua carreira atuando em diferentes plataformas, como redações tradicionais, rádio, além de desempenhar funções estratégicas em assessoria de imprensa e projetos de comunicação pública e institucional. Ver mais conteúdos