Pesquisa

Pesquisadores investigam impactos de tempestade de granizo em manguezais

por Redação Conexão Safra

em 03/04/2018 às 0h00

3 min de leitura

Pesquisadores do Departamento de Oceanografia da Ufes publicaram um artigo na revistaScience of The Total Environment, da editora Elsevier, a respeito de uma investigação sobre impactos de uma tempestade de granizo, ocorrida em 2016, nos manguezais dos estuários do rio Piraquê-Açu-Mirim, em Santa Cruz (Aracruz/ES). Imagens anteriores à tempestade mostraram que foram impactados cerca de 500 hectares (29% da área total) de florestas de manguezal, sendo que a recuperação das florestas, após 15 meses do evento climático, foi muito pequena ou nula. A pesquisa aponta também que as zonas úmidas brasileiras precisam, com urgência, de monitoramentos de longo prazo e ações para adaptação às mudanças climáticas, pois sua degradação leva à perda de serviços ecossistêmicos com valor econômico importante em zonas costeiras.

Os autores do estudo são o professor do Departamento de Oceanografia Ângelo Bernardino, o oceanólogo Ricardo Nogueira Servino, e o doutorando do Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal Luiz Eduardo de Oliveira Gomes.

“O artigo trata dos impactos causados pela tempestade de granizo, associada ao El Ni&ntilde,o mais intenso do século, em manguezais. Evidenciamos no sistema estuarino do Piraquê-Açu-Mirim uma área de cerca de 500 hectares de manguezal impactado em duas principais regiões (Santa Rosa e Irajá). A região de Santa Rosa foi severamente impactada e não apresentou recuperação natural mesmo após 15 meses do evento. A principal espécie de árvore de mangue afetada foi o mangue-vermelho ”, diz Ricardo Servino.

Morte de mangue

A tempestade de granizo teve rajadas de vento de mais de 100 km por hora e causou uma morte de manguezal inédita na região leste brasileira. “Para quantificar a escala do impacto e recuperação de curto prazo (15 meses), utilizamos imagens de satélite e amostragens de campo para avaliar mudanças na estrutura da floresta em áreas impactadas e de controle após a tempestade de granizo. As imagens de satélite revelaram morte de mangue em uma área de mais de 500 hectares, correspondendo a 29,3% da área total de floresta, que foi subitamente impactada após a tempestade ”, explica o pesquisador.

De acordo com o artigo, as perdas econômicas na área de estudo que são provenientes dos serviços ecossistêmicos típicos do manguezal, como provimento de alimento, regulação climática, matéria-prima e berçários, são estimadas em pelo menos US$ 792.624,00 por ano. Segundo Ricardo, “essa é a primeira evidência de um impacto por evento climático extremo em manguezais no Brasil, que promovem subsistência econômica e ecológica única para populações costeiras. Nossos resultados revelam que existe urgência em monitoramentos de longo prazo e ações para adaptação às mudanças climáticas para as zonas úmidas no Brasil, e em fornecer estimativas amplas de valores ecossistêmicos associados a esses ecossistemas, visto que muitas áreas já estão sofrendo estresse crônico de impactos locais, secas e altas temperaturas ”.

A pesquisa conta com o financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes), por meio do Programa Ecológico de Longa Duração/PELD &ndash, Habitats Costeiros do Espírito Santo, sediado na Ufes.

Para acessar o artigo, basta clicar no linkhttps://authors.elsevier.com/c/1WYwv_17GgH3Iu

fonte: UFES

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