É do Espírito Santo a 1ª cultivar de gengibre registrada no Brasil
por Rosimeri Ronquetti
em 14/06/2024 às 18h32
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Foto: divulgação FortAC – Campus de Alegre
Apesar de ser produzido há vários anos no Brasil, em Estados como São Paulo, Paraná e Espírito Santo, o gengibre não possuía o Registro de Proteção de Cultivar (RPC) no Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Mas essa realidade mudou.
O primeiro Registro de Proteção de Cultivar de gengibre no Brasil foi obtido a partir de estudos desenvolvidos por pesquisadores capixabas. O RPC foi concedido no último dia seis de junho pelo Mapa.
A variedade registrada, batizada de Imigrante, apresenta rizomas grandes, com dedos não emaranhados facilitando a limpeza e maior qualidade no aspecto visual, apresenta cor de polpa amarela e tem alto rendimento que chega a 145 toneladas por hectare no manejo orgânico.
“Disponibilizar essa cultivar para os nossos agricultores capixabas é de muita importância. Significa que de agora em diante terão acesso a mudas de qualidade que foram avaliadas com rigor científico que compravam a capacidade produtiva, o manejo mais adequado e a qualidade dos rizomas colhidos, isso aumenta as chances de o produtor alcançar maiores lucros na venda do seu produto”, explica Ana Paula Candido Gabriel Berilli, professora do Instituto Federal do Espírito Santo, Campus Alegre, que coordenou o estudo.
A pesquisadora disse ainda que a pesquisa surgiu para atender uma demanda do setor produtivo do gengibre. “Grande parte dos agricultores enfrentam graves perdas em suas lavouras por conta de ocorrências de doenças, como a fusariose. Iniciamos o projeto de coleta e avaliação de diferentes materiais genéticos buscando conhecer melhor o potencial produtivo e de resposta ao ataque de doenças nas lavouras. Durante esse trabalho conhecemos o agricultor Alexandre Lemke que ao longo dos últimos 15 anos realizava a seleção de suas próprias matrizes para o plantio de suas lavouras, a partir daí começamos os ensaios in loco“.
Mais Conexão Safra
O registro da cultivar é resultado de uma dissertação do Programa de Mestrado em Agroecologia do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) Campus Alegre, que realizou, por meio do melhoramento genético participativo, com o agricultor Alexandre Lemke, de Santa Leopoldina, a caracterização genética de diferentes plantas de gengibre selecionadas ao longo dos anos pelo agricultor.
A pesquisa foi realizada com os recursos projeto Fortalecimento da Agricultura Capixaba (FortAC), do Ifes e da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes), em parceria com o Incaper, a Cooperativa dos Produtores de Gengibre da Região Serrana do Espírito Santo (CoopGinger) e as Secretarias Municipais de Santa Leopoldina e Santa Maria de Jetibá. Além do registro já concedido, Ana Paula conta que “ainda aguardam retorno de mais cinco pedidos de registro feitos ao Mapa, de outras cultivares da especiaria“.