Seca e ciclo pecuário: é hora de planejar o futuro do rebanho
por Fernanda Zandonadi
em 27/07/2023 às 13h08
3 min de leitura
Manejo, melhoramento genético, sanidade, nutrição e bem-estar animal. Esses são os pilares da pecuária de qualidade e preceitos que têm sido levados em conta pelos produtores capixabas. A evolução do setor no Espírito Santo gera um círculo virtuoso. O cuidado e o planejamento reduzem a mortalidade e a aplicação de antibiótico e anti-inflamatórios, que geram carnes de mais qualidade e, conforme as regras do mercado, com melhores preços.
No Brasil, 80% do gado é de corte. E, dentro desses 80%, 85% são da raça Nelore. Levando-se em conta corte e leite, são 220 milhões de cabeças no país. O Espírito Santo responde por apenas 1% disso tudo, ou 2,2 milhões de cabeças. Apesar de um rebanho pequeno, há um trabalho ferrenho para se fazer mais com menos.
E quando se fala em investir na propriedade, é preciso planejamento. Antigamente, um animal era abatido com cinco anos. Hoje, o prazo foi reduzido para três anos por conta do melhoramento gené- tico, vacina, nutrição. Aí entra o cálculo do ciclo pecuário.
Diogo Vivácqua, médico veterinário, pecuarista, instru- tor do Senar-ES e professor universitário, explica que a carne do boi estava com bom preço de venda. O investi- mento na pecuária aumentou e, com mais oferta no mer- cado, o preço caiu. Com a queda, os pecuaristas que qui- seram manter o negócio e não tinham gorduras financeiras para queimar, venderam todos os animais, até as fêmeas.
“Agora, muitos estão com pastos vazios. Então, podemos prever que em 2026 haverá falta de carne no mercado e o preço vai subir. Este é o momento de comprar e investir em pecuária. É o mercado futuro que mostra isso, não sou eu. Em 2028 e 2029, entraremos em um novo ciclo, de baixa. Então é preciso planejamento, or- ganização a longo prazo”.
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Planejamento ano após ano
Toda produção agrícola é passível de planejamento. A pecuária não foge à regra. A administração de um sítio ou fazenda pode fazer a diferença entre fechar o ano no vermelho ou com dinheiro em caixa.
Exemplo disso é a compra de alimento para os animais. “Todos os anos teremos seca. A diferença é o período e a duração. Há anos que dura quatro meses, outros dura mais. E o preço da tonelada da silagem, na época das águas, sai a R$ 280, em média. E pode ser estocada por até dois anos, sem problemas”.
Mas, na época da seca, a tonelada da silagem pode passar para R$ 500. “Sem planeja- mento, a conta não fecha. Por exemplo, um animal come, em média, uma tonelada por mês. Isso pode custar R$ 280 ou R$ 500 ao pecuaristas por animal, dependendo da época em que ele comprou a silagem. No ano passado, quando a seca apertou, alguns produtores chegaram a pagar R$ 1.000 a tonelada. É uma diferença de mais de R$ 700 por animal. Se falamos de 30 animais, é R$ 21 mil a menos no bolso do produtor e circulando no comércio das cidades”, finaliza.
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