Gilmar Gusmão Dadalto

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Desmatamento x reflorestamento no Estado do Espírito Santo

por Gilmar Gusmão Dadalto

em 07/08/2020 às 19h10

4 min de leitura

Foto: Brasil Escola

Divulgado recentemente pela Fundação SOS Mata Atlântica, os 17 Estados brasileiros abrangidos pelo Bioma Mata Atlântica tiveram 14.502 ha de mata nativa desmatada entre os anos de 2018 e 2019. Os dados obtidos correspondem a um aumento de 27,2% na taxa de desmatamento comparado com o período anteriormente avaliado (anos de 2017 e 2018).

Em contrapartida, no Estado do Espírito Santo os resultados indicam uma área desmatada insignificante (13 ha), correspondente a 0,00028% da área estadual. Isso significa dizer que odesmatamento foi praticamente zero.Os índices de desmatamento em território capixaba vêm reduzindo significativamente ao longo dos anos, sobretudo a partir do ano 2.000, conforme pode ser observado no gráfico.

Gráfico – Evolução do desmatamento no Estado do Espírito Santo, em hectare (SOS MATA ATLÂNTICA, 2.020)

Associado às taxas de desmatamento insignificantes no Estado, existe a possibilidade que essas áreas desmatadas tenham sido de casos permitidos pela legislação.

Por outro lado,a área reflorestadavem aumentando significativamente. Estudodenominado “Atlas da Mata Atlântica do Estado do Espírito Santo ” publicado em 2018, mostra que as áreas ocupadas por florestas nativas em estágio médio/avançado de regeneração tiveram um aumento efetivo de 27.179,5 hectares, considerando dois períodos avaliados (2007/2008 e 2012/2015). Isso equivale, em média, a umaumento aproximado de 3.883 ha anualmente.

Avaliando a área total capixaba com cobertura florestal nativa, levantamentos realizados pelo Cedagro (2015), indicamque a soma das florestas primárias com aquelas em estágio médio e avançado de regeneração natural, proibidas de corte, aproximava-se a 16% da área estadual, ou seja, 737 mil ha. Se somarmos a estes, cerca de 6% de áreas ocupadas por florestas emestágio inicial de regeneração, chegamos a aproximadamente 22% de cobertura florestal natural, equivalente a 1 milhão de ha. Essas informações, de forma aproximada, foram corroboradas no Atlas da Mata Atlântica do Estado do Espírito Santo (2018). Além disso, existe aobrigatoriedade de recomposição das APP’s (Áreas de Preservação Permanente) e Reserva Legal prevista no novo código florestal brasileiro o que deverá aumentar a área citada acima.

É importante ressaltar que essa cobertura florestal nativa é muito variada nas diferentes Regiões Capixabas, tendo uma alta concentração na Região Serrana, possuindo municípios com mais de 40%, e uma baixa cobertura na Região Extremo Norte, com menos de 3% de florestas nativas, em vários municípios. Essas florestas, em sua maior parte, possivelmente, foram formadas através do processo de regeneração natural.

Os resultados de preservação e aumento de áreas florestais ecológicas das diferentes regiões do Estado do Espírito Santo podem estar em função de aspectos relacionados à eficiência da fiscalização dos órgãos ambientais, preservação e restauração promovidas, principalmente, pelas empresas de base florestal, implementação de Políticas Públicas de incremento de cobertura florestal, esforços de organizações não governamentais, conscientização do produtor rural da importância das florestas e o estabelecimento de novas modalidades de restauração florestal simples e de baixo custo, a exemplo da regeneração natural e a possibilidade de geração de renda nessas áreas.

O Estado do Espírito Santo alcançou, ao longo dos anos, status de referência nacional em boas práticas de restauração, conservação e proteção de florestas. Para tanto, deve manter seus mecanismos de controle florestal, incentivo ao reflorestamento e gestão da paisagem.

Gilmar Gusmão Dadalto &ndash, Eng. Agrônomo, MS, Presidente do CEDAGRO &ndash, Centro de Desenvolvimento do Agronegócio.

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