Entrave na produção do primeiro azeite do Espírito Santo
A primeira safra do Estado está prevista para fevereiro e março de 2021, mas o processamento do fruto pode ficar comprometido sem a agroindústria pronta em tempo hábil
por Leandro Fidelis
em 11/08/2020 às 15h27
3 min de leitura
O capixaba vai ter que esperar um pouco mais para experimentar o primeiro azeite genuinamente da terrinha. O subsecretário de Estado da Agricultura (Seag), Michel Tesch Simon, confirmou para esta semana uma reunião com a Prefeitura de Santa Teresa, Incaper e Associação de Olivicultores do Espírito Santo (Olives) para apresentar uma contraproposta de investimento para construção da agroindústria onde o produto será fabricado.
O valor inicial do repasse para a prefeitura seria de cerca de R$ 1 milhão, porém a última revisão do projeto pela Seag diminuiu o investimento quase pela metade, contrariando as expectativas dos produtores.
A primeira safra oficial do Estado está prevista para fevereiro e março de 2021 (em 2018, foram colhidos 150 kg de azeitonano plantio experimentaldo Incaper e há notícia de outros 100 kg em um cultivo particular). Embora as chuvas e os invernos mais frios dos últimos dois anos tenham contribuído para o desenvolvimento dos primeiros cultivos, iniciados em 2015, principalmente em Santa Teresa, a estimativa de colheita é de 24 toneladas a menos que os indicativos apresentados no projeto inicial à Seag, alega Simon.
“O Incaper vai redimensionar esse modelo de negócio e apresentar ao grupo uma contraproposta, além de discutir a estrutura da agroindústria com base na nova estimativa de safra (10,5t) para avançar na contratação e no orçamento da obra ”, declarou o subsecretário.
Michel Simon afirmou que o Governo do Estado dispõe de recursos, e a pandemia não atrasou os trâmites do repasse.
“Não foi questão orçamentária. Temos de ter zelo grande porque lidamos com recurso público e a base de produção da azeitona ainda não está consolidada. Não se trata de cultura tradicional, ainda não tivemos a primeira safra como parâmetro para os próximos anos. Por mais que o Estado tenha capacidade de investimento, é preciso gerar rendimento aos produtores, e não custo, daí a necessidade de o projeto ser viável ”, concluiu Simon.
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Alternativa para processar azeitona e não perder produção
Quem investiu na novidade nas montanhas espera o devido retorno. Todas as apostas dos produtores estão na florada das oliveiras entre setembro e outubro. O Estado tem 200 hectares plantados, com previsão de 34,5t na safra de 2021/2022, 228% a mais que a primeira.
No entanto, o tempo curto até a safra do primeiro trimestre do ano que vem preocupa os 18 produtores dos cultivos iniciais de 2015. O processamento dos frutos pode ficar comprometido sem a agroindústria pronta a tempo no terreno cedido em comodato pela Prefeitura de Santa Teresa à Olives.
O presidente da associação- que conta com 56 associados, Marco Aurélio de Castro, informou que já estuda como alternativa o transporte da produção em câmara fria para uma agroindústria em Minas Gerais ou o aluguel de equipamentos para fabricar o azeite em estrutura improvisada em Santa Teresa.
A distância é de cerca de 700 km até a unidade prestadora do serviço, na Serra da Mantiqueira, região conhecida pela olivicultura nacional. “O maior problema é a logística. A azeitona precisa ser processada no mesmo dia em que foi colhida, se não se deteriora e o azeite perde qualidade ”, diz o presidente.