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Meio Ambiente

Frente verifica situação de nascentes do Jucu

por Redação Conexão Safra

em 01/04/2016 às 0h00

6 min de leitura

Frente verifica situação de nascentes do Jucu

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A falta de caixas de contenção (ou caixas secas) às margens do rio, esterco próximo às nascentes e a necessidade de uma mata ciliar como forma de combate ao assoreamento das águas. Esses foram alguns dos pontos detectados no diagnóstico situacional do rio Jucu, realizado durante visita técnica da Frente Parlamentar Estadual em Defesa dos Rios Jucu e Santa Maria a três nascentes do rio, no distrito de Aracê, Domingos Martins.

Esta foi a primeira visita técnica realizada pelo colegiado, criado em 23 de fevereiro passado e contou com a presença de representantes do Ministério Público, da Cesan, de agricultores e do prefeito de Domingos Martins, Luiz Carlos Prezoti Rocha. O presidente da frente, deputado Doutor Hércules (PMDB), lamentou o que viu no local. “Nós encontramos até esterco dentro do rio, em uma de suas nascentes. É preciso uma conscientização maior por parte da população e mais apoio por parte do governo ”, afirmou.

O parlamentar também ressaltou a necessidade de uma mata “ciliar ”, termo atribuído à mata que cumpre a função de um cílio, protegendo os cursos de água do assoreamento, assim como os cílios protegem os olhos. “Faltam caixas secas, falta mata ciliar, faltam barragens, enfim falta uma série de coisas, mas se houver união entre governo e comunidade, o problema pode ser resolvido ” resumiu Hércules.

Os rios são responsáveis pelo abastecimento de água da Grande Vitória. “Só o rio Jucu mata a sede de mais de 1,7 milhão de pessoas na Grande Vitória. Então essas nascentes são nossa preocupação ”, justificou o deputado, pedindo apoio a quem considera a “maior autoridade em termos de rio Jucu ”, o presidente da Associação Barrense de Canoagem, Eduardo Pignaton. Acompanhando a equipe, Pignaton, que este ano não fará, em função da seca, a tradicional descida anual pelo rio em comemoração ao Dia Mundial das Águas, considera a situação preocupante.

“O rio Jucu não tem reservatório natural de água. É preciso urgentemente de políticas públicas para reter essa água aqui nas cabeceiras, onde essa água nasce ”, enfatizou. Segundo Pignaton, já existem politicas projetadas pela Agência Nacional de Águas (ANA), como caixas secas, barragens e a reposição de mata ciliar, mas para ele, “a peça mais importante de todas ainda é o agricultor ”.

“É necessário que a gente una esses agricultores em torno dos afluentes, em torno dos pequenos córregos, ouçamos esses produtores rurais para criarmos políticas específicas para cada córrego, para cada região. Não adianta fazer uma política centralizada e ela não chegar onde o agricultor está trabalhando ”, argumentou.

Mini comitê

O canoísta ainda sugeriu a criação de um comitê para cada afluente dos rios. Atualmente, existe um Comitê de Bacias Hidrográficas, formado uma parte por representantes da sociedade civil, pela Cesan e por representantes do governo. “Nós precisamos fomentar essa prática. Cada afluente tem que ter um mini comitê, onde os empresários, produtores e Governo reunidos criem políticas específicas. Cada córrego, cada nascente de rio tem uma especificação e precisa ser tratada de maneira diferenciada. Lugares que criam boi é um comportamento, lugar que planta café é outro ”, exemplificou.

Esterco nas nascentes

Sobre o problema da contaminação de nascentes por fezes de animais, Pignaton também se pronunciou: “O que está dentro da lei é que todos os córregos tenham mata ciliar, mas a lei também diz que a prioridade da água é para dessedentação humana e de animais. Como aqui tem muita curva de nível, ou seja, água cai muito rápido, o agricultor tem que construir suas caixas fora do leito do rio, botar uma mangueira e captar essa água. Ele poderá até aproveitar o esterco do boi em suas plantações ”, explicou. Desse modo, sem acesso direto ao rio, o animal não depositaria ali os seus dejetos. “Essa é água que vamos beber lá em Vitória ” ressaltou.

Estudo Defasado

O Ministério Público também acompanhou a visita.
“Hoje, vindo a campo, pude vislumbrar o sofrimento da comunidade, vendo as nascentes, pude observar que realmente não existe água ”, lamentou a promotora de Justiça do Município de Domingos Martins, Noranei Ingle. Segundo ela, a comunidade de Pedra Azul encaminhou ao Ministério Público um abaixo assinado solicitando providências que mitiguem a crise hídrica. Ingle ressaltou ainda uma outorga da Cesan para desvio de água ao município de Venda Nova do Imigrante, o que agravará ainda mais a situação. De acordo com a promotora, a outorga teria sido feita com base num estudo realizado em 2010, o que não contemplaria a crise hídrica que o município atravessa desde 2013. “O estudo não reflete a realidade atual, seria necessário que fosse feito outro ”, defendeu.

Problema de todos

“O Rio Jucu nasce em Domingos Martins corta todo o município, chega em Viana, de Viana a Vila Velha e vai pro mar. Essa não deve ser uma preocupação só do município de Domingos Martins, já que o rio Jucu abastece vários municípios da Grande Vitória ”,
justificou o prefeito da cidade, Luiz Carlos Prezoti Rocha, conhecido como “Carlinhos Borboleta ”.

“Os anos estão passando e as coisas estão se agravando, a cada dia que passa o leito do rio diminui ”, alertou. Com cerca de 40 mil habitantes, Domingos Martins é o segundo município capixaba hortigranjeiro, atrás apenas de Santa Maria de Jetibá. “80% são agricultores, nós precisamos da água, por isso é muito importante que seja feito esse movimento. A água está vazando muito rápido ”, destacou.

Segundo Doutor Hércules, nos próximos dias, será feita uma visita às nascentes do rio Santa Maria.

Composição da Frente

Os deputados Doutor Hércules e José Esmeraldo, ambos do PMDB, ocupam, respectivamente, os cargos de presidente e secretário-executivo do colegiado. Os demais membros são Cacau Lorenzoni (PP), Da Vitória (PDT), Edson Magalhães (PSD), Enivaldo dos Anjos (PSD), Erick Musso (PMDB), Euclério Sampaio (PDT), Gildevan Fernandes (PMDB), Hudson Leal (PTN), Marcelo Santos (PMDB), Marcos Bruno (Rede), Padre Honório (PT), Sandro Locutor (Pros) e Sergio Majeski (PSDB).

Fonte:http://www.al.es.gov.br


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