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Meio Ambiente

Biólogo alerta para a preservação do curso dos rios

Curvas de rios contribuem para a biodiversidade, as reservas nos aquíferos subterrâneos e a fertilidade dos solos, afirma Almir Bressan Júnior

por Assessoria de imprensa Ales

em 21/03/2024 às 5h00

4 min de leitura

Biólogo alerta para a preservação do curso dos rios

Foto: Wirestock/Freepik/divulgação

As curvas que os rios formam, denominadas de meandros, foram o principal assunto debatido pelo biólogo e ex-secretário estadual de Meio Ambiente do Estado em três governos, Almir Bressan Júnior, em mais um dia de ações desenvolvidas na Semana Legislativa de Proteção ao Rio Doce, na Assembleia Legislativa. Ele falou para os alunos do Instituto Gênesis, de Vitória e Serra, sobre a importância da gestão das águas nas bacias hidrográficas.

“A retificação dos cursos dos rios no Brasil, como foi feito em São Paulo, no Rio Pinheiros, é um atentado ao meio ambiente, pois os meandros são importantes para a contenção e infiltração das águas no solo fértil, contribuindo para as reservas de água nos aquíferos subterrâneos. Manter as curvas dos rios é atenuar a velocidade das águas e contribuir para uma biodiversidade maior, formando tanques de decantação natural”, alertou Bressan.

O biólogo destacou que, em 1997, foi instituído no Espírito Santo o Sistema de Gerenciamento de Bacias, mas com o controle ambiental iniciado ainda em 1976, em sua primeira gestão na Secretaria de Estado de Meio Ambiente, tomando como base a experiência bem-sucedida do governo francês na despoluição do Rio Sena, que corta Paris.

Poluição

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A programação seguiu na parte da tarde com a palestra da cientista social e doutoranda pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) Tânia Silveira. Ela  apresentou com imagens a situação de vários rios importantes para a Grande Vitória, todos poluídos por lixo e esgoto doméstico: Rio Aribiri e Jucu, em Vila Velha; Rio Marinho e Formate, em Cariacica; Rio Santa Maria de Vitória, em Vitória; entre outros.

A palestrante pontuou que as toneladas de lixo doméstico e industrial descartadas muitas vezes vão para os leitos dos rios e desaguam no mar, provocando um nível de poluição nunca registrado na história da humanidade. Para combater esse desastre ambiental, ressaltou a importância do comportamento e responsabilidade de cada indivíduo, além das atitudes coletivas, tanto dos cidadãos como das indústrias, principalmente das mineradoras e dos empreendimentos agropecuários.

Tânia Silveira ainda enumerou atitudes simples de cada cidadão que podem contribuir com a preservação ambiental. “Se cada um de nós deixarmos de usar uma sacola de plástico por dia, só no Espírito Santo, serão quatro milhões de sacolas a menos no meio ambiente”, exemplificou Tânia Silveira.

Outro fator levantado pela palestrante foi o crescimento populacional, que multiplica o consumo e a geração do lixo, somado à falta de sistema de coleta e tratamento de esgoto nas cidades. Além disso, avaliou que a população está muito distante de um comportamento que preserve o meio ambiente e evite o descarte indiscriminado de lixo.

Enchente e estiagem

As enchentes e as crises hídricas periódicas foram apontadas como consequências do uso inadequado do solo. A palestrante explicou a interferência desse fator no ciclo da água, interrompendo a absorção da água pelo solo e impedindo a alimentação dos lençóis freáticos, fundamentais para a formação dos cursos de água que compõem a bacia hidrográfica.

Com relação ao Rio Doce, Tânia destacou o papel e a responsabilidade das mineradoras que exploram há décadas o quadrilátero ferrífero, em Minas Gerais. O rompimento da barragem de Fundão, pertencente à Samarco, foi o maior desastre ambiental na exploração de minérios no mundo, enfatizou a palestrante.

“Toda vez que chove, a água carrega para o leito do rio a lama tóxica que ainda está depositada em toda a margem do Rio Doce, transportando todo o rejeito mineral para o mar”, descreveu. Segundo ela, biólogos apontam que se a exploração do minério fosse interrompida hoje, o rio levaria pelo menos 100 anos para se regenerar.

Semana

A Semana de Proteção ao Rio Doce vai até sexta-feira (22), no Auditório Augusto Ruschi. A iniciativa é da Comissão Parlamentar Interestadual de Estudos para o Desenvolvimento Sustentável da Bacia Hidrográfica do Rio Doce (Cipe Rio Doce), vinculada à 2ª Secretaria da Ales. Formada por cinco deputados estaduais capixabas e outros cinco mineiros, a Cipe atualmente é presidida pela deputada Janete de Sá (PSB).

O evento é anual e realizado sempre na semana do dia 22 de março – Dia Mundial da Água, e reúne nas palestras ambientalistas e alunos de diferentes escolas da Grande Vitória. No encontro desta terça (19) participaram cerca de 40 alunos das unidades do Instituto Gênesis de Vitória e Serra.

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