Investimentos

Produtores de soja vão beneficiar óleo e farelo do grão no Norte do ES

Com previsão para entrar em funcionamento no primeiro semestre de 2025, a fábrica terá capacidade para esmagar 30 toneladas de soja por dia

por Rosimeri Ronquetti

em 04/10/2024 às 5h00

4 min de leitura

Foto: divulgação

Um desafio para produção de soja no Espírito Santo está prestes a ser solucionado. Os irmãos Arthur e Lucas Orletti Sanders se preparam para instalar uma indústria de processamento do grão em Pinheiros, no Norte do Estado. A motivação para colocar o projeto em prática veio logo após a primeira colheita, em 2022, quando os irmãos perceberam os entraves para comercialização da safra.

Arthur explica que “apesar de ser um mercado consumidor dos derivados de soja, não existe comércio para o grão no Espírito Santo. A venda para outros Estados, além do custo com o frete, tem também o recolhimento do ICMS, o que torna a margem muito apertada e, às vezes, até negativa”, salienta.

Com previsão para entrar em funcionamento no primeiro semestre de 2025, a fábrica terá capacidade para esmagar 30 toneladas de soja por dia para fabricação de óleo e farelo, com possibilidade de ampliação, de acordo com a demanda. O investimento na planta fabril gira em torno de R$ 3,5 milhões a R$ 4 milhões.

Para avaliar a viabilidade do negócio, os produtores compraram, em 2023, uma microprocessadora de soja e, desde então, estão beneficiando o grão. “Com certeza, fazer só o farelo já vale mais a pena que vender a soja. O que a gente consegue produzir de farelo hoje é vendido automaticamente”, conta o produtor.

Já em relação ao óleo, ainda é preciso prospectar clientes, “mas é possível vender tanto dentro quanto fora do Estado”, salienta Arthur. Com a implantação da fábrica, a ideia é produzir o que conseguem processar durante três ou quatro meses por ano, sem contar com a aquisição de soja de outros produtores do Estado. A produção de soja dos irmãos atualmente é 1.200 toneladas ano.

Nossa intenção é prestar serviço para outros produtores. Eles produzem a soja, trazem para cá, a gente processa, tira um percentual pela prestação do serviço e devolve a parte dos parceiros”.

Devido à questão logística, a fábrica está sendo instalada na Fazenda Joaquim Ferreira Sanders. Além da localização privilegiada, próxima à BR-101, a fazenda já tem uma estrutura montada de secagem, balança rodoviária e vai receber silos para grãos.
Soja consorciada com café

Na tentativa de aumentar o leque de oportunidade de plantio e ter mais soja para processar, Arthur e Lucas iniciam, ainda este ano, o plantio de soja consorciada com café. Os benefícios segundo Arthur, são vários.

A soja é uma cultura extremamente barata para produzir, extremamente fácil de cuidar e uma cultura muito resiliente com intempéries. Além disso, é uma cultura produtora de nitrogênio. Depois da colheita boa parte desse nitrogênio, retorna para o solo. Ou seja, ao implantar, o produtor terá o benefício econômico da colheita da soja e o benefício indireto na economia de adubos”, salienta.

O plantio pode ser feito tanto no início da formação do cafezal, no espaço deixado pela lavoura de mamão, quanto na época do corte. “Na época da recepa, o produtor fica com a terra limpa e não tem a possibilidade de plantar mamão. Porém, pode trabalhar com o milho grão, milho silagem. Alguns produtores plantam abóbora e vamos trazer a oportunidade de trabalhar com soja e até mesmo com o trigo”.

Além de implantar o consórcio na fazenda da família, a intenção é incentivar e fazer parcerias com outros produtores, para que também façam o mesmo. “Dessa forma vamos conseguir manter a nossa fábrica alimentada, quem sabe o ano todo. A soja tem muitas variedades e existem aquelas que podem ser cultivadas durante todo o ano. É possível escolher a variedade de soja adequada para cada época do ano. Isso significa que poderemos ter demanda para nossa fábrica rodar todos os meses”.

 

Produção de soja no ES

A área de soja colhida no Espírito Santo passou de 80 hectares, em 2022, para 1.000 em 2023. Um aumento de 1.150%. Já a produção saltou  de 200 para 3.780 toneladas, no mesmo período. O cereal é produzido em Pinheiros e Montanha.

O valor da produção passou de 563 mil reais em 2022 para 5,6 milhões de reais em 2023, com uma variação de 894,1%, reforçando o potencial da soja como commodity agrícola no estado.

 

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