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Hortifruti

Você sabia que flores também podem ser comestíveis?

por Governo do Estado de SP

em 01/06/2020 às 15h40

9 min de leitura

Você sabia que flores também podem ser comestíveis?

(Fotos: *Divulgação)

Extensionistas da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, que atuam na Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS),respondem essa pergunta e mostram como enriquecer a alimentação e melhorar a saúde com essas espécies.

Neste momento de necessidade de isolamento social, a beleza das flores pode levar alegria às pessoas e aroma aos lares. Mas o que muitos não sabem é que algumas espécies de flores podem ser comestíveis e nutritivas, integrando diversos pratos ou bebidas. No texto a seguir, a engenheira agrônoma da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, Maria Cláudia Silva Garcia Blanco, que atua na Divisão de Extensão Rural (Dextru) da CDRS, e as nutricionistas Beatriz Cantusio Pazinato e Denise Baldan, ambas também atuam na CDRS, apresentam algumas dessas flores, falam dos benefícios para a saúde humana e dão uma notícia muito boa para aqueles que estão em casa: podem ser cultivadas em vasos e jardineiras!

Flores comestíveis: beleza, nutrição e saúde

Belas e delicadas, as flores comestíveis são consumidas como parte da alimentação desde os tempos remotos, sendo consideradas alimentos vegetais com propriedades medicinais e efeitos benéficos para a saúde humana.

O seu consumo tem sido relatado por séculos e inclui flores de diferentes espécies, como rosas, violetas e jasmins, as quais vêm sendo consumidas como ingredientes em diferentes refeições, saladas, preparações diversas e bebidas, sendo muito valorizadas na gastronomia até os dias atuais. Nos países europeus, a aplicação mais comum das flores na nutrição humana é a preparação de bebidas quentes, como os chás de vários tipos de flores, que são consumidos com o objetivo de proporcionar bem-estar, devido às propriedades medicinais de suas respectivas espécies.

Do ponto de vista dietético, uma grande vantagem de chás feitos com flores comestíveis é o fato de não conterem cafeína, ao contrário de muitos tipos de chás que possuem propriedades estimulantes. No entanto nem todas as flores são comestíveis e para serem incluídas na alimentação humana devem ser inócuas, não tóxicas e ter propriedades nutricionais. No que diz respeito à sua composição centesimal, o principal componente das flores comestíveis é a água (mais de 80%) e o seu conteúdo de proteína e gordura é considerado baixo, também possuem diferentes quantidades de carboidratos totais, fibras alimentares e minerais que variam de acordo com o tipo de flor. Outras propriedades das flores comestíveis estão relacionadas com o teor de compostos bioativos como carotenoides, compostos fenólicos e óleos essenciais, os quais fornecem uma ampla gama de propriedades funcionais. Em sua maioria, possuem baixo valor calórico (no máximo 20Kal/100g) e apresentam vitaminas A e C e compostos fitoquímicos, principalmente ácidos fenólicos, flavonoides e antocianinas com ações antioxidantes, que protegem contra os danos ocasionados pelos radicais livres.

Há vários estudos comprovando também suas atividades farmacológicas com efeitos anti-inflamatórios, antimicrobianos e antivirais. Elas podem ter sabores doce, cítrico, picante ou até mesmo amargo.

Calêndula
(Calendula officinalis)

Diversos estudos fitoquímicos demonstraram a presença de várias classes de compostos químicos, destacando-se terpenoides, quinonas, flavonoides, cumarinas, óleo volátil, carotenoides e aminoácidos. Os terpenoides apresentam propriedades funcionais tais como atividades antitumorais, anti-inflamatórias e antiedematosa (previne inchaços).

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Dentre os flavonoides encontrados na calêndula, constam a quercetina, isoquercetina, entre outros, os quais possuem propriedades antioxidantes e de cicatrização de feridas. Na calêndula, também foram identificados vários tipos de carotenoides como a neoxantina, violaxantina, luteína, licopeno, betacaroteno, entre outros. Quanto às quinonas, foram encontradas plastoquinona, filoquinona, &alpha,-tocoferol e ubiquinona.

Verificou-se que o óleo essencial da calêndula é rico em &alpha,-cadinene, &alpha,-cadinol, limoneno, entre outras substâncias. Relatos ainda apontaram a presença de 15 aminoácidos na forma livre, sendo verificado que o conteúdo de aminoácidos nas folhas é de cerca de 5% e de 3,5% a 4% nos caules e flores. Os aminoácidos são constituintes das proteínas que atuam no crescimento físico e desenvolvimento mental das crianças, renovam as células que estão presentes em todos os tecidos do corpo humano.

A falta de proteínas na alimentação pode causar atraso no crescimento físico e desenvolvimento mental das crianças, envelhecimento precoce nos adultos e diminuição da resistência física, podendo facilitar a instalação de doenças. Outros estudos verificaram um efeito protetor no fígado, comprovado pela ação do extrato de calêndula obtido da infusão em água quente, o qual atuou inibindo contra cinco tipos de células cancerosas do fígado. Os polissacarídeos encontrados na calêndula também apresentaram atividade imunoestimulante, ou seja, favorecem a imunidade do organismo. Estudos in vitro também comprovaram propriedades antivirais contra o vírus da gripe e do herpes.

Para enriquecer a alimentação, as pétalas da calêndula podem ser acrescentadas aos iogurtes, às sopas, aos queijos, ao arroz, em sobremesas variadas, assim como o açafrão, elas evidenciam a coloração das preparações.

Recomendações para plantio:
áreas com luz (pleno sol), regas moderadas e frequentes. A propagação é feita por sementes, uma ou duas vezes por ano, e o espaçamento utilizado deve ser 0,6m x 0,3m. Pode-se separar uma parte da área plantada para a colheita das próximas sementes.

Recomendações para colheita e pós-colheita: iniciar a colheita a partir de três a quatro meses da semeadura, quando estiverem recém-abertas. Após a colheita, podem ser usadas frescas ou secas à sombra ou em secador a 40ºC.

Capuchinha &ndash,(Tropaeolummajus)

É utilizada como expectorante, antisséptica das vias urinárias, tendo ações diurética, anti-inflamatória e hipotensiva. A planta toda é comestível, suas flores, folhas, seus pecíolos e frutos, bem como suas sementes.

Possui sabor picante, próximo ao da rúcula e do agrião. As flores podem ser decorativas em saladas e outros pratos. As folhas podem ser usadas em saladas cruas, massas verdes, patês, panquecas, charutinhos, pizza etc. Os pecíolos em cozidos, risotos, bolinhos e refogados. Os frutos imaturos em conserva, substituindo a alcaparra e, quando maduros, podem ser tostados e utilizados como a pimenta-do-reino.


A capuchinha é nutritiva, rica em vitamina C, além de ser ótima fonte de antioxidantes (antocianina, carotenoides e flavonoides).

Recomendações para plantio:
necessita de luz, podendo ser cultivada à meia-sombra e em pleno sol, as regas devem ser moderadas e frequentes. O espaçamento indicado é de 0,5m x 0,6m. A propagação é feita por sementes ou estacas e o transplante da muda para o local definitivo é realizado quando a planta estiver com cinco folhas definitivas.

O início da colheita é feito quando as flores estiverem recém-abertas, por isso, a colheita é escalonada, acompanhando a abertura das flores. Após a colheita, não há necessidade de beneficiamento, pois é usada fresca. Come-se toda a parte aérea (folhas, flores e frutos).

Violeta ou amor-perfeito –
Viola odorata e Viola tricolor

A planta é bem conhecida pela sua importância farmacêutica nas medicinas ayurvédica e unani. Estudos demonstraram a presença de compostos fitoquímicos que são responsáveis por várias ações farmacológicas com efeitos anti-inflamatório, sudorífico, diurético, emoliente, expectorante, antipirético e laxante.

É utilizada no tratamento da tosse, devido à presença de alcaloides, e também no tratamento de dores de cabeça e enxaqueca, por conter ácido salicílico, mesmo componente da Aspirina. Contém, também, mucilagens, antocianinas, vitamina C, compostos voláteis e limoneno, tendo propriedades antioxidantes, que protegem contra os radicais livres, contribuindo para a manutenção da saúde. Na culinária, a violeta é utilizada em gelatinas, saladas, refrescos, sucos e chás.

Recomendações para plantio: deve ser plantada à meia-sombra, as regas devem ser moderadas e frequentes. O espaçamento ideal é de 0,3m x 0,2m e a propagação é feita por sementes (semeaduras anuais para o amor-perfeito) ou por divisão de touceira (violeta).

Iniciar colheita quando as flores estiverem recém-abertas, em colheita escalonada, acompanhando abertura das flores. Não necessita de beneficiamento, pois é usada fresca.

Como cultivar flores

Todas as flores podem ser cultivadas em vasos ou jardineiras. Utilizar adubo orgânico de boa qualidade (húmus, torta de mamona, bokashi etc.) no plantio e em cobertura para a manutenção da fertilidade.

Escolher um vaso de sua preferência e seguir os passos.

  • Adicionar argila expandida ou pedriscos no fundo do vaso.
  • Em cima desses, acrescentar manta de jardim para filtrar a água.
  • Adicionar um substrato de terra, areia e húmus na proporção de 1:1:1.
  • Semear ou fazer o transplante da muda.
  • Para ajudar no controle das ervas daninhas e manter a umidade, fazer uma cobertura morta com palhada de podas ou aparas de jardim.
  • Regar com frequência, mantendo o solo úmido.
  • Ao colher, utilizar ferramentas limpas e amoladas.


Receita culinária com flores

Gelatina com flores

Ingredientes

Flores de amor-perfeito, violeta, capuchinha ou pétalas de calêndula

1 colher (sopa) de gelatina em pó, sem cor e sabor

3 colheres (sopa) de água

1/2 litro de suco adoçado a gosto (de preferência de cor clara, para que as flores apareçam)

Preparo


  • Aquecer o suco de fruta adoçado a gosto até levantar fervura e reservar até ficar morno.
  • Dissolver a gelatina em pó na água e, em seguida, acrescentar o suco de fruta morno, misturando bem.
  • Preencher um terço das forminhas e levá-lasà geladeira para solidificar.
  • Colocar as flores viradas para baixo e preencher o restante das forminhas, voltá-las para a geladeira para gelificar.
  • Desenformar na hora de servir. Rende 1/2 litro de gelatina.

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