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Giro pelo Mercado

Seca e excesso de chuva ameaçam estoques de café no ES

por Redação Conexão Safra

em 15/06/2016 às 0h00

4 min de leitura

Seca e excesso de chuva ameaçam estoques de café no ES

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Enquanto o Espírito Santo tem seca, Minas sofre com excesso de chuvas.
Por conta dos extremos climáticos, qualidade da produção também caiu.

Uma combinação desastrosa de excesso de chuva em alguns estados produtores de café e de seca extrema, em outros, tem acarretado na menor oferta dos grãos no país e já provoca disputa interna pelo produto na indústria. Em todo o país, os estoques de café estão quase zerados.

“Estamos tendo uma dificuldade muito grande na aquisição da matéria-prima para abastecer as indústrias ”, afirma Egídio Malanquini, presidente do Sindicato da Indústria do Café (Sincafé-ES).

A safra do arábica deve superar a do ano passado, mas as chuvas vão provocar uma quebra de qualidade de parte do produto. Já a produção do conilon despenca pelo segundo ano consecutivo nas duas principais regiões produtoras: Espírito Santo e Rondônia.

“O que mais preocupa é que havia uma forte expectativa de suprir a falta do conilon com a oferta do arábica, mas as regiões produtoras de arábica, como Minas Gerais, estão tendo excesso de chuva, ao contrário da seca no Espírito Santo ”, explica Malanquini.

O presidente do Centro do Comércio de Café de Vitória (CCCV), Jorge Luiz Nicchio, acredita que a disputa pelo café é algo pontual. Ele prevê que, nos próximos dias, com o andamento da colheita em Minas Gerais, deve ter início a recuperação dos estoques para suprir o mercado interno.

“Esse momento é pontual. Como a produção mineira é muito grande, a oferta para a indústria deve aumentar nos próximos dias ”.

Apesar do temor do desabastecimento, Egídio também acredita ser “prematuro ” dizer que vai faltar café no mercado, mas ele aponta que as indústrias nacionais terão dificuldade para manter o volume de vendas, já que o preço do produto deve continuar a subir.

Só em 2015 a alta foi de 17% nas prateleiras do supermercado, enquanto neste ano o aumento é de 6%. “Com certeza quando você tem um aumento de custo, você vai ter um repasse para o consumidor ”, assinala.

A baixa produção já provocou alta de 73% nos preços pagos pelo café conilon nos últimos 12 meses. No caso do arábica, a alta foi de 8% no período. Mesmo assim, esse aumento não tem sido a altura dos prejuízos sofridos pelos produtores.

“O que mais nos preocupa são os municípios do interior, quem em sua maioria tem a economia centrada na cafeicultura ”, frisa Egídio.

Em 2016, a perda da produtividade também já interferiu na exportação, que teve queda de 17% em maio. “2014 foi um ano muito bom de produção no Estado. Esse café , que estava armazenado pelo produtor, foi colocado no mercado externo por causa da desvalorização do real frente ao dólar. Agora estamos com um estoque remanescente muito baixo ”, completa Nicchio.

Produção tem queda de 50%

O Centro do Comércio de Café de Vitória estima que a queda na produção de café conilon do Estado deva chegar a 50%, em 2016, em relação à sua capacidade produtiva. Além do menor volume de grãos colhidos nas lavouras, o café está chegando às processadoras com qualidade inferior e com menor capacidade de rendimento no memento da pilagem.

Nas alturas

As dificuldades de acesso ao crédito, apontadas por 36% dos clientes do comércio de Vitória, continuam no governo Temer. A Selic não mudou. Por óbvio, a taxa básica de juros em 14,25% afeta o crediário. O reflexo se vê em pesquisa da Fecomércio-ES: 74% dos clientes consideram o cenário inadequado para comprar bens duráveis.

Custo do conilon

Pela primeira vez, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apurará o custo da produção do café conilon no maior produtor do país, o Espírito Santo. As pesquisas, iniciadas nesta semana, se restringirão ao município de Jaguaré &ndash, destaque nacional em conilon.

Preço mínimo

Os relatórios sobre custos de produção do conilon englobam mais de 300 itens. Investigam preparo de solo, plantio, adubação, tratos culturais, mecanização etc. Os valores servirão de base para o cálculo do preço mínimo fixado pela Conab. Produtores esperam patamares mais realistas.

Guerra dos custos

O Conselho Nacional do Café faz duras críticas aos desembolsos dos produtores causados pelas legislações ambiental e trabalhista. “Vietnã &ndash, segundo maior produtor mundial de café &ndash,, Indonésia e Colômbia, que não possuem nenhuma legislação ambiental ou social, são concorrentes do Brasil com um custo infinitamente menor“, diz o boletim da CNC. Na verdade, produzir no Brasil é muito caro. Seja no campo, na indústria ou nos serviços.

Fonte: G1 Espírito Santo

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