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Variedades clonais de café Conilon são multiplicadas

Cada um dos 27 clones que compõem as três variedades foi multiplicado em três jardins clonais

por Redação Conexão Safra

em 23/06/2014 às 0h00

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Diamante, Jequitibá e Centenária. As três variedades clonais de café Conilon do Incaper completam um ano de lançamento e estão em plena multiplicação em jardins clonais. Mas, como atender a mais de 50% da demanda de mudas de Conilon do Estado em tão pouco tempo do lançamento? Para o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), órgão vinculado à Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), esta matemática é fundamental para que a tecnologia chegue mais rápido aos produtores rurais de base familiar do Estado.

A lógica é a seguinte: ao longo de mais de 20 anos de pesquisa, o Incaper utilizou diversas estratégias de melhoramento genético, fazendo avaliação científica em mais de mil clones em diferentes ambientes. Foram consideradas 17 características associadas à produção e à qualidade da bebida.

Em seguida, os pesquisadores selecionaram e agruparam os clones superiores, obtendo três novas variedades clonais, que diferenciam-se uma da outra pelo tempo de maturação. Cada variedade é formada por nove clones superiores, e foram devidamente registradas e protegidas no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

Cada um dos 27 clones que compõem as três variedades foi multiplicado em três jardins clonais, nas Fazendas Experimentais do Incaper de Marilândia, Sooretama e Bananal do Norte (Pacotuba, Cachoeiro de Itapemirim), totalizando em torno de dez mil matrizes. As técnicas de clonagem foram adotadas mais uma vez para multiplicar estas matrizes. Cada planta tem potencial de gerar, por ano, 300 descendentes geneticamente iguais à mãe.

Dessa forma, as matrizes que o Incaper possui nos jardins clonais das Fazendas Experimentais se multiplicaram em 177 mil plantas superiores, que foram disponibilizadas a viveiristas cadastrados no Ministério da Agricultura, instituições de ensino, sindicatos, associações, cooperativas como a Cooabriel, prefeituras municipais e outras entidades parceiras.

Com este trabalho, foi implantada no Espírito Santo uma rede 166 jardins clonais, com as variedades clonais Diamante Incaper 8112, Jequitibá Incaper 8122 e Centenária Incaper 8132, em 45 municípios capixabas. O objetivo desta rede é multiplicar os clones desta variedade e fazê-los chegar aos produtores capixabas.

Em outras palavras, estes 166 parceiros do Incaper, que têm em mãos 177 mil matrizes, possuem potencial para produzir de 30 a 40 milhões de mudas por ano, atendendo mais da metade da demanda Estado, que é cerca de 60 milhões de mudas por ano.

Isso representa um grande salto na produção, na produtividade e também na qualidade do café Conilon produzido no Espírito Santo. As variedades Diamante, Jequitibá e Centenária são cerca de 30% mais produtivas que a média das seis variedades anteriormente desenvolvidas e lançadas pelo Incaper. Em três unidades demonstrativas (Fazendas Experimentais do Incaper), implantadas e conduzidas seguindo as recomendações técnica, registraram produtividade média na ordem de 120 sacas por hectare, bem acima da média do Estado, que é de 35 sacas por hectare.

As três variedades clonais lançadas há um ano possuem uma série de outras vantagens: oferecem a qualidade de bebida demandada pelo consumidor no mundo todo, possuem maturação uniforme e em diferentes épocas, o que contribui para uma melhor gestão da produção (colheita, secagem, armazenamento, beneficiamento), apresentam moderada resistência à ferrugem e, por isso, exigem menos defensivos, gerando um impacto positivo ao meio ambiente, as plantas apresentam boa arquitetura, o que facilita o manejo e o trabalho na lavoura.

Dos 65 municípios capixabas que cultivam café Conilon, 45 já possuem jardins clonais para a multiplicação dessas variedades. Com o cadastro de quase 40 outros parceiros, o Incaper deverá contar com mais de 200 multiplicadores até o fim desse ano no Espírito Santo. Outros Estados também se interessaram pela tecnologia. As variedades estão sendo multiplicadas também em jardins clonais em Itabela (sul da Bahia), em Carangola (MG) e em Bom Jesus do Itabapoana (RJ).

“O aniversário de um ano de lançamento das variedades clonais de café Conilon não é apenas para comemorar o sucesso da pesquisa. É para mostrar que este trabalho sai do âmbito científico das bases do Incaper e chega ao campo. O resultado dessa pesquisa está sendo aplicado e disponibilizado aos produtores rurais. Este é o nosso grande objetivo ”, disse Romário Gava Ferrão, pesquisador do Incaper e coordenador do Programa Estadual de Cafeicultura.

Ferrão coordenou os trabalhos que culminaram no lançamento das variedades clonais, e contou com o envolvimento da equipe técnica do Instituto e de parceiros, como o Consórcio Pesquisa Café e da Embrapa Café.

Impacto das tecnologias

Das 14 variedades de café Conilon registradas no Ministério da Agricultura, nove foram desenvolvidas pelo Incaper. As três mais recentes são Diamante, Jequitibá e Centenária, lançadas há um ano. As variedades melhoradas representam nada menos que 36% do impacto econômico da atuação do Incaper em 2013, que foi de R$ 1,09 bilhão. O programa de pesquisa em cafeicultura é desenvolvido no Espírito Santo desde 1985. Os clones dessas variedades do Incaper têm sido a base de renovação do parque cafeeiro de Conilon do Estado, que ocorre numa faixa de 7% a 8% ao ano. As variedades lançadas pelo Incaper associadas a outras tecnologias recomendadas pelo Instituto (espaçamento, calagem e adubação, plantio em linha, poda, irrigação, entre outras) fizeram quadruplicar a produção de café Conilon no Estado, que passou de 2,4 milhões de sacas para quase dez milhões de sacas ao ano. A produtividade também cresceu em proporção muito significativa, registrando um aumento de quase 300% em 20 anos.

Fonte: Seag

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