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União é receita de longevidade: primeira cooperativa do Espírito Santo completa 75 anos

Com a produção de néctar de frutas e a construção de uma nova estação de tratamento de efluentes, a palavra de ordem para a pioneira do cooperativismo no estado é inovação

por Redação Conexão Safra

em 14/11/2013 às 0h00

19 min de leitura

União é receita de longevidade: primeira cooperativa do Espírito Santo completa 75 anos


Por Ana Paula Fassarella


“A Selita é o coração da pecuária de leite em toda a região Sul Capixaba, é o que impulsiona a atividade. Sempre fui associado e não consigo me imaginar fora dessa cooperativa ”. A declaração é do senhor Arlindo Machado, de 86 anos e 62 de dedicação à cooperativa. É uma das centenas, milhares de histórias de vida que se entrelaçam com a da cooperativa, fundada em 22 de outubro de 1938, dia em que um novo rumo começou a ser dado à pecuária de leite para 40 municípios do Espírito Santo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.


Na época, diversos países sentiam os efeitos da crise econômica norte-americana, com altas taxas de desemprego e miséria. O mundo estava na iminência do abalo provocado pela Segunda Guerra Mundial. Mas seguindo um caminho diferente, em Cachoeiro de Itapemirim, que já se mostrava como polo regional, nascia a primeira cooperativa do Espírito Santo. Começava, 75 anos atrás, a história do cooperativismo capixaba, com a fundação da Cooperativa de Laticínios Selita, atualmente a maior do setor de lácteos no estado.


“O café, predominante na economia da região e do país na época, estava em crise. Os 25 produtores rurais pioneiros do movimento cooperativista no Espírito Santo por meio da Selita viram no sistema uma saída para aquele período conturbado pelo qual passava o setor cafeeiro em todo o país. O leite passou a ser a nova aposta, que uniu o grupo em nome da concretização de um sonho: a construção dessa corporação para fortalecer a atividade pecuária, liderados pelo agrônomo Djalma Eloy Hees, o idealizador e primeiro presidente da cooperativa ”, conta o atual presidente da Selita, José Onofre Lopes.


A instituição nasceu com o nome de Cooperativa de Laticínios de Cachoeiro de Itapemirim (CLCI), que só em 1992 recebeu pela primeira vez o nome Selita. Naquela época, a cooperativa apenas congelava o leite em latões e os enviava para Rio de Janeiro, pelo trem, para a sede da Cooperativa Central dos Produtores de Leite (CCPL). Tempos depois, ela se desligou da unidade carioca.


O grupo enfrentou e venceu inúmeros obstáculos para que a cooperativa prosperasse. As dificuldades iam desde a falta de estradas em condições de trafegabilidade até a carência de maquinário e de meios adequados para o transporte do leite, que chegava à cooperativa na maior parte das vezes sobre o lombo de animais. Com todo aquele trabalho chegava também, a passos largos, a evolução para a atividade. “Basta olhar para trás para ver que o crescimento não foi fácil, mas foi incalculável ”, avalia José Onofre.



No começo, a cooperativa captava uma produção modesta. Na soma de todos os produtores, eram recolhidos cerca de quatro mil litros de leite por dia. Atualmente tem pecuarista que sozinho todos os dias entrega essa quantidade à Selita, totalizando 330 mil litros diários. Inicialmente, eram fabricados leite tipo C, manteiga, queijo e requeijão. “Hoje são cerca de 110 itens industrializados entre leites, queijos, requeijões, iogurtes e uma variada linha diet e light, sendo que a Selita é a única cooperativa do país que produz manteiga light ”, orgulha-se o presidente da instituição.



Inovação e diversificação dos produtos aumentam competitividade

“A inovação é contínua. Vamos lançar em breve o néctar de pêssego, de uva e de laranja, o leite sem lactose para quem tem intolerância a esse componente e o leite em embalagem longa vida com tampinha de rosca. Para isso, as máquinas com tecnologia de ponta, importadas da Suécia, estão em fase de finalização de montagem. Com a aposta no néctar de frutas, queremos incentivar a diversificação da produção no campo, por meio da fruticultura. Nosso projeto é que em 2018 a Selita seja a maior e melhor empresa capixaba de alimentos. Pretendemos atuar até mesmo no ramo de embutidos e de peixes ”, anuncia o presidente da Selita.



Todos esses progressos ocorreram graças aos investimentos feitos pela cooperativa, dentro e fora da indústria. Em 2009 a Selita passou a contar com uma fábrica de secagem de soro e leite em pó, com capacidade de beneficiar 200 mil litros por dia, produzindo até 22 toneladas de leite em pó diariamente. “O parque industrial é um dos mais modernos do país no setor de produtos lácteos ”, orgulha-se José Onofre Lopes.


A logística em favor do cooperado começa desde as propriedades rurais. A Selita tem distribuídos pelos 40 municípios que a compõem cerca de 1.250 tanques de resfriamento de leite, que dão suporte a centenas de pequenos agricultores na qualidade do produto e facilitam o trabalho de captação tanto para o produtor quanto para a cooperativa. Ela também cuida do transporte do leite, realizado por veículos que levam o produto das propriedades &ndash, mesmo as que ficam nos locais de mais difícil acesso – até o parque industrial, localizado na área urbana de Cachoeiro.


Somente nos últimos quatro anos, foram aplicados aproximadamente R$ 30 milhões na modernização da indústria e da loja, na farmácia e no laboratório veterinários e também na assistência técnica que vai até o cooperado, principalmente o pequeno produtor, para melhoria da produtividade do rebanho e da qualidade do leite.


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“O reflexo direto desses investimentos é o aumento da captação, que passou para 300 mil litros de leite por dia durante o inverno &ndash, cerca de 10% a mais &ndash, quando geralmente há redução devido ao tempo mais seco. E o resultado geral é que a cooperativa vai fechar 2013, em relação ao ano passado, com crescimento de 14%, o triplo do que normalmente crescia, cerca de 5% ao ano. Com isso, temos um índice melhor até que o da China, que é de 8% ao ano ”, comemora José Onofre.


A Selita tem atualmente mais de dois mil cooperados e 500 colaboradores, num total de cerca de 15 mil pessoas envolvidas direta e indiretamente com a cooperativa. Desde que foi criada, inúmeras mudanças ocorreram, mas o mais importante, o espírito cooperativista, segue intacto e permanece em todas as gerações posteriores, até os dias de hoje.


“A cooperativa foi alicerçada no trabalho e na determinação de seus associados, funcionários e parceiros. A essência do cooperativismo é a participação mútua. Por isso, todas as decisões são tomadas em grupo. A boa fama da entidade se espalhou, o que atraiu cada vez mais pecuaristas de toda a região e de outros estados. A cooperativa não parou de se desenvolver. Mesmo atualmente, com toda a concorrência do mercado, a Selita é a maior cooperativa do setor de laticínios do Espírito Santo e está entre as maiores empresas do país ”.

Presidente da Selita, José Onofre Lopes.


O foco principal e constante da Selita são os pequenos produtores, que compõem 85% do quadro de cooperados. “Procuramos oferecer toda condição para que esses pecuaristas permaneçam na área rural, onde têm a vida estabelecida. Isso porque o cooperativismo tem a visão além dos resultados meramente financeiros. Ele visa especialmente o bem estar social ”, analisa o presidente da cooperativa.


“”Cooperativismo é a forma mais honesta, justa e democrática de organização ”.

Presidente da Selita, José Onofre Lopes


O trabalho com empenho na construção e desenvolvimento da Selita é marca empregada por todos os cooperados. “A cooperativa beneficia o comércio, a indústria e principalmente o produtor rural. Se não fosse a Selita, a pecuária não seria desenvolvida como é atualmente, não existiriam tantos produtores de leite na região. Seria uma guerra entre produtores, um lutando contra o outro. A atividade estaria enfraquecida, porque os pecuaristas concorreriam entre si e perderiam poder de negociação, completamente diferente do que é hoje. Além disso, não teria mercado certo, pagamento garantido. Esse é o resultado de estarmos todos juntos ”, avalia o cooperado Arlindo Machado.


“”O cooperativismo foi idealizado por gente muito sábia. Bem praticado, é excelente, só traz o bem ”

Arlindo Machado, 86 anos e 62 de cooperação com a Selita.





O pecuarista Cleuson Rebello, de 82 anos, é outro pequeno produtor que faz parte do grupo há 52 anos. Ele comenta que a cooperativa garante estrutura, condições e apoio necessários para que o pecuarista desenvolva seu trabalho. “A Selita é uma mãe para os cooperados. Como a maioria é composta por pequenos cooperados, eles dependem da Selita, porque ela vai até as propriedades, pega o leite e repassa o resultado da venda do produto. E os pecuaristas não são explorados. Se não fosse a cooperativa, os pequenos produtores já teriam desaparecido“”.




Para o presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras no Espírito Santo (OCB/Sescoop-ES), Esthério Colnago, a Selita distribui oportunidades igualitariamente.


“A cooperativa leva tecnologia, informação, estrutura e faz com que o produtor, mesmo que seja de baixa produção, tenha as mesmas chances de quem produz mais. Esse ganho de escala só o cooperativismo faz, principalmente nesse mundo globalizado. Aqueles que não estiverem ligados a uma entidade que dá essa garantia para se tornar competitivos, certamente não ficam na atividade. Daí a certeza de que a Selita presta um bom serviço, pois o quadro social tem aumentado assim como a produção e captação de leite e a diversificação da produção. E o mercado entende a Selita como sinônimo de produtos de qualidade ”.




Experiência de décadas e o vigor da juventude em favor do meio ambiente

A mais antiga cooperativa do estado e maior no ramo de laticínios cresce sem perder de vista a busca constante pela modernidade e dinamismo aliados ao desenvolvimento sustentável. Neste que é o Ano Internacional de Cooperação pela &Aacute,gua, estabelecido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), a Selita comemora de uma maneira especial. O mais recente investimento da cooperativa em tecnologia é a nova estação de tratamento de efluentes da indústria industriais (ETE). A inauguração oficial da estrutura fez parte da festa pelos 75 anos da cooperativa, no último dia 22 de outubro.


Para o novo sistema foram investidos mais de R$ 7 milhões. A estação conta com equipamentos de última geração, já em operação, atendendo ao Termo de Ajuste de Conduta (TAC) assinado pela cooperativa, Ministério Público e Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema). No local, além dos tanques receptores de efluentes, funciona um laboratório responsável pelas análises microbiológicas dos resíduos. Depois deste pré-tratamento, 95% dos poluentes são retirados dos efluentes industriais, que são destinados a ETE localizada no bairro Coronel Borges, da concessionária de serviços de água e esgoto, Foz do Brasil, onde passam por novo tratamento. Os resíduos sólidos retirados são encaminhados para o aterro sanitário.


“A obra está entre as mais modernas do país, fruto do compromisso da cooperativa com o meio ambiente e a sustentabilidade. Outro motivo para comemorar é que as primeiras análises dos efluentes tratados mostram que a ETE é ainda mais eficiente do que o previsto. Os resultados do trabalho são excelentes ”, comenta satisfeito o vice-presidente da Selita, Francisco Ribeiro Rodrigues.


“O aniversário é da cooperativa, mas o presente é para os moradores da região do entorno da indústria e também para a população em geral. Nós aqui do bairro Basílio Pimenta percebemos que o ar melhorou, porque praticamente não existe mais o mau cheiro dos efluentes da indústria causado pelo líquido de cor esbranquiçada que vinha pela rede de esgoto ”, observa Maria Rosa Gama, vizinha da Selita há cerca de 10 anos. “Foi uma atitude muito bem vinda de preservação da água, esse recurso tão essencial à vida ”, diz a dona de casa.




Sustentabilidade com energia limpa

O compromisso com o meio ambiente também está presente dentro das usinas da cooperativa. As caldeiras a gás natural não geram poluição e produzem menos ruído. Elas estão sendo usadas no processo industrial da Selita há cerca de um ano, em substituição às caldeiras movidas pela queima de lenha. Os investimentos em equipamentos para geração de energia limpa foram da ordem de R$ 1,5 milhão. “A Selita é o único laticínio do estado e um dos poucos do Brasil que utiliza esse tipo de energia que não agride o meio ambiente. Embora seja mais cara, é ecologicamente sustentável e mais eficiente, pois mantém a temperatura constante ”, destaca Francisco Ribeiro Rodrigues.


E o cuidado para deixar o meio ambiente saudável vai além da atuação industrial e chega às propriedades rurais. Os cooperados da Selita recebem orientações para proceder de forma consciente no manejo de suas propriedades.




“Poucas instituições
no Espírito Santo têm uma marca tão forte e reconhecida como a nossa Cooperativa de Laticínios Selita. Isso é fruto de muito trabalho e dedicação de todos os cooperados, dirigentes e funcionários, que construíram o parque industrial de referência no setor de lácteos, ao longo destes 75 anos. A contribuição da Selita vai além das milhares de famílias de pecuaristas que somente estão incluídas econômica e socialmente devido à sua atuação. Na verdade, ao longo dessas décadas de muito trabalho, ela foi e continua sendo estratégica para o desenvolvimento do Espírito Santo. Por reconhecer esse papel relevante da Selita, implantamos uma ampla parceria com a cooperativa, que é fundamental para o progresso técnico do setor. Distribuição de tanques resfriadores de leite, implantação de núcleos coletivos de inseminação artificial e disponibilidade de sêmen de alto padrão genético são exemplos de apoio do Governo do Estado. A Selita dá escala, capacita e torna competitiva a categoria de pequenos pecuaristas, que predomina no seu quadro social. Se agissem individualmente, esses produtores familiares teriam grande chance de serem engolidos pelo mercado. A nossa cooperativa mais antiga do Espírito Santo construiu uma imagem associada a valores éticos de honestidade e responsabilidade social. A sua trajetória é motivo de muito orgulho para todos nós capixabas. Parabéns Selita! ”

Secretário de Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca do Estado do Espírito Santo, Enio Bergoli




Cooperação de mãos dadas com o desenvolvimento

A forte presença do cooperativismo no Espírito Santo tem reflexos diretos na economia. As 149 cooperativas – 37 do setor agropecuário e mais 110 das áreas de consumo, crédito, educação, habitação, produção, saúde, trabalho e transporte – contam com cerca de 230 mil cooperados e geram mais de 20 mil empregos diretos e indiretos, envolvendo aproximadamente 600 mil pessoas, segundo a Organização das Cooperativas Brasileiras no Espírito Santo (OCB/Sescoop-ES). Por isso, as cooperativas têm grande relevância também para o bem estar social, contribuindo para o desenvolvimento sustentável do estado, do Brasil e de outros países onde a cooperação é colocada em prática.


A participação expressiva na economia capixaba resultou, em 2012, em faturamento de R$ 3,35 bilhões pelas cooperativas, o que representa 3,6% no Produto Interno Bruto (PIB) do Espírito Santo e geração de cerca de R$ 138 milhões em impostos para os cofres públicos estaduais e federais, além de contribuição, somente no ano passado, com mais de R$ 95 milhões em encargos trabalhistas e previdenciários. No interior do estado, 90 cooperativas mostram que a força da união gera desenvolvimento social e econômico. Atuante em vários mercados, o cooperativismo leva os produtos capixabas para outros estados e países. Em Cachoeiro, de acordo com a Secretaria Municipal de Fazenda, em 2012 a atividade agrícola resultou em R$ 60 milhões de PIB, ou seja, a soma do que a agricultura e pecuária produziram. Já a Selita foi a quarta empresa na participação do PIB de comércios e serviços no município.


“A Selita tem grande importância na vida dos produtores, pois favorece a permanência das famílias no campo com sustentabilidade. Se não existisse a Selita, teríamos muita dificuldade em manter os produtores no campo. Isso porque a cooperativa oferece projetos para melhorar a produtividade, para facilitar o dia a dia de quem vive no campo, como por exemplo os tanques de resfriamento para a coleta &ndash, que permitem conservar o leite por mais tempo &ndash, e o transporte do produto, que busca o leite direto na propriedade, numa logística muito eficiente. Essa evolução contribui muito com nossos projetos de governo para manter as famílias no meio rural. A cooperativa possibilita esse diferencial. Essas iniciativas trazem mais conforto e qualidade de vida a quem dedica a vida à atividade pecuária, assim como melhoram os produtos. Além disso, esse fortalecimento do setor tem reflexos diretos para todos os cachoeirenses, pois a ampliação da produtividade possibilita a geração de emprego e renda e o aumento da arrecadação de impostos, que devolvemos em manutenção e melhoria de estradas e da infraestrutura, disponibilidade de máquinas e equipamentos e assistência técnica. Essas são atitudes por meio das quais a administração municipal busca colaborar com a cooperativa e multiplicar o bem que ela promove. Sem dúvida nenhuma é uma das maiores geradoras de empregos em Cachoeiro, assim como ocorre em toda a cadeia cooperativista, muito forte e presente no município e no estado. ”

Prefeito de Cachoeiro de Itapemirim, Carlos Casteglione””.


Cooperativismo capixaba é destaque nacional

O cooperativismo ganha cada vez mais destaque no cenário econômico nacional. No prêmio Melhores e Maiores 2013, da revista Exame, editora Abril, considerado o anuário mais respeitado do mercado corporativo brasileiro, cooperativas capixabas, e entre elas a Selita, ficaram em evidência no país. A Selita está entre as 14 maiores empresas de leite e derivados do Brasil na categoria agronegócios, com faturamento de R$ 212 milhões anualmente, sendo a 4&ordf, cooperativa em seu setor.


Em sua 40&ordf, edição, o prêmio apresentou as 1000 empresas que se destacaram no país no último ano. A avaliação considerou indicadores como crescimento, rentabilidade, saúde financeira, investimento, entre outros pontos, que refletem o sucesso na condução dos negócios e na disputa de mercado.




Selita em números


  • Fundada em 22 de outubro de 1938
  • Foi a primeira cooperativa criada no Espírito Santo. Portanto, a mais antiga, com 75 anos
  • Possui mais de dois mil cooperados
  • São 500 funcionários
  • Indiretamente, a cooperativa envolve e beneficia cerca de 15 mil pessoas
  • São captados em média 330 mil litros de leite por dia
  • Atualmente são industrializados mais de 110 produtos
  • O faturamento médio anual é de R$ 212 milhões
  • Selita é parceira de outras quatro cooperativas da região: Cacal, Cavil, Clac e Colamisul
  • A área de atuação chega a 40 municípios do sul capixaba, norte do Rio de Janeiro e leste de Minas Gerais



Unidas pela intercooperação

A experiência tem provado que atividade agropecuária torna-se cada vez mais econômica e socialmente viável com o trabalho de cooperativas que trabalham em parceria umas com as outras. A intercooperação, um dos princípios que norteiam o cooperativismo, une a Selita a outras quatro cooperativas do ramo: a Cacal, em Castelo, a Cavil, no Vale do Itabapoana, a Colamisul, em Mimoso do Sul, Clac, em Alfredo Chaves. Elas reúnem um total de aproximadamente 1.700 produtores rurais. Juntas, enviam em média 80 mil litros de leite por dia para a Selita. Outro ponto em comum é que todas já alcançaram pelo menos meio século de existência.


“Por conta dessa parceria e da assistência técnica oferecida aos produtores para que se desenvolvam, a expectativa é de que a captação de leite na Selita chegue a 400 mil litros por dia nos próximos meses ”, comenta José Onofre Lopes.


Em 2005 a Cacal firmou acordo com a Selita e deixou de industrializar o leite produzido. Hoje é a maior fornecedora e envia toda a produção de um milhão de litros por mês à cooperativa de Cachoeiro, que é a principal compradora da ração para pecuária de leite produzida pela unidade castelense: das 1.600 toneladas fabricadas mensalmente, 800 toneladas são vendidas à Selita. A outra parte da produção é destinada à Colamisul, à Colagua (de Guaçuí) e aos cooperados da Cacal.


“O custo de fabricação de produtos lácteos era muito alto. Optamos então por fechar o laticínio e entregar o leite à Selita, que possui um parque industrial bem estruturado. O momento de crise serviu para que modificássemos o foco do negócio. A partir daí passamos a nos dedicar a algo que até então era uma produção tímida, suficiente apenas para abastecer os cooperados: a produção de ração balanceada para animais, que hoje é vendida para todo o Espírito Santo. Além disso, quem está filiado à Cacal recebe atendimento no campo com máquinas, técnicos agropecuários e ainda tem descontos na compra de ração e de produtos da loja da cooperativa. O resultado dessa transformação foi ótimo. Passamos de 6 mil para 23 mil sacas de ração vendidas por mês. Assim como a satisfação dos nossos cooperados, a produção mensal de leite mais que triplicou: passou de 300 mil litros/mês para um milhão de litros/mês. Nossos cooperados não sofrem com variação na produção. Eles têm a mesma produtividade o ano inteiro, graças à qualidade da ração ”, comemora o presidente da Cacal, Domingos João Piassi.


Para ele, a intercooperação é uma via de mão dupla. “A Selita coopera conosco e nós com ela. Entregamos ração com preço de custo operacional, o que ajuda o produtor a manter a produtividade e a qualidade do rebanho o ano inteiro. Por outro lado, a Selita garante mercado para o leite que nossos cooperados produzem ”, avalia Domingos João Piassi.


O presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras no Espirito Santo (OCB/Sescoop-ES), Esthério Colnago, fala do papel da intercooperação na vida dos pequenos produtores. “”As cooperativas juntas conseguem vencer obstáculos que sozinhas teriam muito mais dificuldade para transpor. As cooperativas menores, quando se unem às maiores, conseguem um volume de produção que seria praticamente impossível alcançar se estivessem isoladas. Com essa união, essa organização, todos saem ganhando””, avalia.



A Pecuária no Espirito Santo

O Espírito Santo possui uma área de 1,37 milhão de hectares de pastagens, ocupadas por um rebanho bovino de 2,2 milhões de cabeças, sendo 390 mil vacas leiteiras. A atividade envolve cerca de 18 mil produtores e responde por 30 mil empregos diretos e 25 mil indiretos.


Fonte: Governo do Estado do Espírito Santo


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