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UE impõe novas regras ambientais que afetam exportações do Brasil

Mecanismo de compensações de emissões e desmatamento são principais obstáculos para países emergentes

por Redação Conexão Safra

em 08/03/2024 às 14h00

4 min de leitura

UE impõe novas regras ambientais que afetam exportações do Brasil

Foto: Divulgação/freepik.com

Uma análise recente conduzida pelo Boston Consulting Group (BCG) demonstra como as novas regulamentações ambientais da União Europeia podem causar uma transformação substancial no cenário do comércio global. O impacto deve atingir grande parte dos setores exportadores, principalmente em mercados emergentes, como o Brasil – na exportação de commodities agrícolas e industriais.

O BCG aponta duas medidas que terão impacto mais significativo no país, que são o Mecanismo de Fronteira para Ajuste de Carbono (CBAM, na sigla em inglês) e a Regulação de Desmatamento da UE (EUDR). O primeiro envolve uma taxa sobre as emissões de CO2 associadas a algumas commodities industriais importadas por países europeus, como aço, alumínio e produtos químicos. A medida entra em vigor a partir de 2026, sendo que o período de transição já começou, e importadores da EU já têm de reportar o total de emissões de carbono embutidas em seus produtos.

Já a EUDR, proíbe a comercialização de commodities que vêm de áreas de desmatamento, visando reduzir seu consumo no mercado da União Europeia. Commodities como cacau, café, óleo de palma e madeira só poderão ser comercializadas se forem provenientes de solo não desmatado (legal ou ilegalmente), ou que não tenham induzido a degradação florestal após 31 de dezembro de 2020, o que afetará setores de exportação importantes na África, Sudeste Asiático e na América Latina.

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“A UE é um dos maiores importadores de produtos do agronegócio brasileiro, incluindo soja e café. Para minimizar as perdas, os exportadores precisam investir mais em sistemas de rastreabilidade, transparência e processos que permitam atender às certificações exigidas. Já vemos uma evolução neste sentido, mas é importante que o mercado siga progredindo em relação a práticas de controles e procedimentos, gestão de riscos e compliance”, afirma Arthur Ramos, diretor executivo e sócio do BCG.

Um dos desafios que as empresas brasileiras enfrentarão por conta das regulações europeias, principalmente referente ao desmatamento, é garantir a rastreabilidade de ponta a ponta, em especial para a carne bovina (do criador ao importador). “Garantir a procedência e ter a visão completa da cadeia de valor ainda não é uma realidade, e requer investimentos relevantes. Ainda há uma grande complexidade para execução, devido a um território com dimensões continentais como o do Brasil”, diz Arthur. A padronização é outro obstáculo, por conta da falta de uniformidade nas exigências de emissões entre países europeus, Brasil e outros destinos.

Apesar disso, as pesquisas do BCG mostram que grandes empresas de mercados emergentes que lideram a jornada da sustentabilidade climática geram retornos totais aos acionistas (TSR) 105% superiores ao Índice MSCI de Mercados Emergentes de 2017 a 2022. Empresas que atendem a padrões elevados de conformidade com metas climáticas também desfrutam de maior acesso a capital de investimento e atraem mais talentos, além de terem mais oportunidades para mudar a dinâmica em seus setores com modelos de negócios voltados à sustentabilidade.

Empresas em mercados em desenvolvimento ainda têm tempo para adotar as medidas necessárias para continuarem competitivas na União Europeia. É importante que as organizações se preparem para atingir padrões de sustentabilidade em diversas dimensões, como mapear a relevância das regulamentações para os negócios, identificar lacunas em medição, reporte e capacidade da empresa em oferecer produtos de baixo carbono, e desenvolver um mapa de todas as operações para a transformação de sustentabilidade, identificando as ações que irão melhorar o desempenho nos quesitos socioambientais.

“Desde 2015 vemos a proliferação de novas regulamentações climáticas no mercado global, e a tendência é que as exigências fiquem cada vez maiores para exportações. Entrar em conformidade com essas novas regras é possível, e estar na vanguarda do movimento sustentável pode criar vantagens competitivas a longo prazo”, finaliza Arthur.

 

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