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Turismo é acolhimento e Mimoso precisa aprender

por Redação Conexão Safra

em 20/04/2015 às 0h00

6 min de leitura

Turismo é acolhimento e Mimoso precisa aprender

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Por Renata Mofatti

Moro numa cidade com potenciais turísticos e culturais. Num extremo, temos o distrito de Conceição do Muqui, região de belas paisagens, onde se destaca o Pico dos Pontões que poderia servir como turismo de aventura, rapel e agro indústria familiar. Em outro extremo, São José das Torres com suas belas cachoeiras e manifestações artísticas através do grupo FAZART de Teatro conhecido nacionalmente. Mais famoso ainda é o distrito de São Pedro do Itabapoana, sítio histórico tombado como patrimônio que realiza há quase vinte anos o Festival de Inverno de Sanfona e Viola. Em Dona América existe o Porto da Limeira, local onde começou a nossa história. Santo Antonio do Muqui tem sua riqueza cultural na manifestação folclórica com o Grupo As Pastorinhas, terra conhecida por um povo corajoso e trabalhador. A Represa do Garrafão está localizada em Ponte do Itabapoana, distrito onde transita grande fluxo de caminhões da BR 101.

Na sede temos o Monumento do Cristo de braços abertos, um teatro que leva o nome do mimosense ator global Stenio Garcia, a chegada do Vale da Paulicéia, as belas montanhas, o Sítio Canto de Roça que é uma iniciativa particular com chalés para hospedagem, a mata da chegada de Mimoso que leva o nome do saudoso médico ambientalista Dr. Lincon Galveas Martins, que tanto lutou e conseguiu preservá-la transformado-a no “pulmão da cidade ”, a árvore centenária com suas raízes fincadas no coração de nossa terra.

Mas precisamos tocar na ferida! Precisamos falar do que está além de belezas concretas e naturais. Precisamos falar de um povo (de parte de um povo) que não está pronto a receber bem os visitantes e nem os próprios moradores. Precisamos falar sobre os altos valores de casas cobradas durante o Festival de Inverno em São Pedro do Itabapoana. Algumas giram em torno de R$ 3.000,00 (três mil reais). Por que precisamos falar sobre isso? Porque turismo se faz não só com altos valores, mas com acolhimento e enquanto essa minoria não entender, toda uma potencialidade não vai para frente.

Quem tem o costume de viajar sabe bem do que estou falando! Não cito as viagens internacionais e nem fora do Estado, estou falando das viagens por aqui mesmo no Espírito Santo que possui cantinhos, tanto do litoral quanto das montanhas ainda inexplorados, com rotas alternativas que são de beleza encantadora. Quando nos permitimos conhecer esses lugares fica na memória não só a beleza, mas o acolhimento, o carinho das pessoas com os turistas, a gastronomia que por mais simples que seja foi preparada com tanto carinho que fica difícil dar uma nota menor que DEZ.

Sendo bem prática: cheguei ao carente distrito de Pedra Menina, que pertence a Dores do Rio Preto, em cada estabelecimento rústico tinha wi-fi, em cada porção servida, uma história, um sorriso do comerciante, em cada esquina alguém acenava dizendo “bom dia ”. Há poucos anos o turismo (acesso ao Portal do Parque Nacional do Caparaó) começou a fazer parte da linguagem daquele povo simples, daquele povo “da roça ”, mas eles entenderam o recado: turismo se faz com conhecimento e simpatia. Eles apostaram no que tem de melhor: simplicidade. Fizeram cursos oferecidos pelo SEBRAE e colocaram em prática sem o comodismo de “culpar ” prefeitura porque alguma solicitação não foi atendida. Foram a luta! Pintaram as próprias casas! Colocaram sorrisos sinceros no rosto marcado pela luta!

E com simplicidade nos serviram os melhores almoços com carne de porco na lata, macarrão alho e óleo, mandioquinha, verduras e legumes temperados com pimenta do reino, café artesanal e nos contaram casos.

O Hotel daquela localidade carente possui quartos extremamente limpos, roupas de cama limpas, novas, cheirosas, camas aconchegantes. O café da manhã foi de uma variedade surpreendente: tudo da terra, desde a banana cozida, o queijo, o leite, até a geléia.

Cada casa é como se fosse uma pousada. Gatos, cachorros e pássaros em perfeita harmonia.

À noite você pode “paquerar ” a lua e ouvir casos sobre a história daquele vilarejo sem pagar nada por isso.

O vinho é servido da forma correta e temperatura exata.Talvez você queira um almoço no fogão à lenha (é o que mais tem de opção).

E se quer conhecer a região do Caparaó pela beleza rústica do Espírito Santo é só perguntar para um senhor de chapéu ou uma senhora com lenço na cabeça. Eles sabem onde fica exatamene cada lugar e se mesmo assim você se perder, não tem problema, sempre há uma criança na estrada soltando pipa e indicando o caminho para a próxima cachoeira ou acampamento.

Se você é daqueles que gosta de ler! Leve um estoque de seus livros favoritos! Sombra de árvore não falta&hellip,.

Tudo em perfeita harmonia em Pedra Menina!

Sendo mais prática ainda: Vamos aos valores porque viagem boa é aquela planejada! Sabe quanto custou a hospedagem no hotel aconchegante? 60,00 (sessenta reais por pessoa). O almoço R$ 10,00 (dez reais) o prato. A noite com porções, histórias, lua e vinhos R$ 40,00 (quarenta reais). As visitas a todas as localidades da região. Custo ZERO: tranquilidade garantida.

Para chegar a localidade de Pedra Menina há vários caminhos, mas indico um de maior beleza. Saia de Mimoso do Sul, siga pela Serra da Aliança (a estrada está ótima asfaltada), pegue o trevo sentido Ibitarama, permita-se conhecer em Ibitirama a Região Tecno Truta, Patrimônio da Penha (uma comunidade mística e alternativa) e Mundo Novo, depois siga em direção a Dores do Rio Preto e pronto, é só perguntar ao povo como faz para chegar em Pedra Menina. Todos os caminhos são asfaltados. Mas cuidado, a estrada é perigosa, com muitas curvas sinuosas e despenhadeiros. Encha tanque de gasolina na ida e se o seu carro for econômico você retorna a Mimoso com a metade do tanque cheio.

Fazendo as contas, quero continuar visitando o Espírito Santo. E não tenho “coragem ” de pagar R$ 3.000, 00 (três mil reais) para alugar casa em São Pedro do Itabapoana, sem direito a café da manhã e com um conforto nem sempre garantido. São Pedro é a terra que amo, mas que precisa URGENTE se adaptar ao turismo do ACOLHIMENTO. Toda regra tem exceção, os novos empreendedores do distrito já entenderam o recado e estão se adaptando há muito tempo.

Por enquanto a minha dica de passeio nesse frio é em Pedra Menina. Quando você perceber o carinho daquela gente, vai se encantar! Turismo é encantamento e acolhimento e eu que queria sinceramente falar o mesmo de São Pedro do Itabapoana.

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