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Tecnologia e inovação conectam o campo à capital do ES

A novidade são as novas formas de vender verduras, frutas e legumes frescos e a profusão de startups com soluções diversas para o agro

por Redação Conexão Safra

em 18/06/2021 às 7h00

9 min de leitura

Tecnologia e inovação conectam o campo à capital do ES

*Foto: Tadeu Bianconi/Divulgação Site Governo do Estado

E chegamos à capital do Espírito Santo. Por razões óbvias, Vitória não entra para as estatísticas da agropecuária estadual (o município não consta no levantamento do Proater, uma das fontes de informação para esta reportagem especial) devido à população se concentrar basicamente em área urbana. No entanto, o status de metrópole não exclui os moradores do contato com o agro. As 15 feiras orgânicas e agroecológicas implementadas em shoppings centers, praças e ruas da ilha são a oportunidade se aproximar deste universo.

A novidade fica por conta das novas formas de comercializar verduras, frutas e legumes frescos da agricultura familiar do interior capixaba para o consumidor metropolitano. Sem a venda direta de agricultores para consumidores por causa da suspensão das feiras, o uso das tecnologias digitais foi intensificado na pandemia do novo coronavírus (Covid-19).

Como forma de incentivar e facilitar esse comércio, o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) está desenvolvendo o aplicativo de celular “Feira na palma da mão”. Trata-se de uma plataforma digital de venda direta com o objetivo de promover e facilitar negócios, além de proporcionar agilidade e credibilidade à comercialização dos alimentos.

O projeto é financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes) e tem parceria da Secretaria de Estado da Agricultura (Seag). A previsão de funcionamento é para o início de 2023.

O coordenador do projeto e do Centro Regional de Desenvolvimento Rural (CRDR) Metropolitano do Incaper, Luiz Bricalli, explica que a plataforma irá conectar as pontas da produção e do consumo.

“É uma ligação direta entre o agricultor e o consumidor da cidade, uma maneira de contribuir para um tipo de comércio justo e a conveniência de se obter produtos frescos, com garantia de procedência, segurança e confiabilidade por meio um novo canal de comunicação”, disse Bricalli. 

A primeira reunião para a identificação de estabelecimentos e produtores foi realizada em março, no restaurante Sol da Terra, em Vitória. (*Divulgação Incaper)

As visitas a campo, em propriedades rurais e estabelecimentos comerciais, tiveram início na segunda quinzena de março para a identificação dos interessados. O projeto também já efetuou etapas iniciais como a contratação de duas pesquisadoras bolsistas, Nathália Zouaim Messina e Joelma de Carvalho Barbosa. 

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Para alcançar a eficiência na comunicação direta, o projeto tem como meta identificar os agricultores familiares de municípios capixabas integrantes do Sistema Unificado Estadual de Sanidade Agroindustrial Familiar de Pequeno Porte (Susaf/ES), sendo eles: Viana, Cariacica, Guarapari, Castelo, Domingos Martins, Venda Nova do Imigrante, Cachoeiro de Itapemirim, Linhares e Santa Maria de Jetibá.

Na outra ponta, também serão identificados estabelecimentos comerciais alimentícios como restaurantes, refeitórios empresariais, mercados, entre outros, que demandam maiores volumes de produtos agropecuários e que estejam instalados em cidades com população urbana expressiva. A estimativa de adesão ao aplicativo é de 50 propriedades rurais da agricultura familiar e 25 estabelecimentos comerciais. (*Com informações do Incaper)


Startups trazem soluções para urbanos e rurais

*Leandro Fidelis
Segundo o jornal “Valor Econômico”, com base no levantamento Radar AgTech Brasil, o número de startups do agro cresceu 40% em 2020 em relação ao ano anterior no país. Conforme o estudo, que teve parceria da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), até ano passado o Espírito Santo contava com 20 agtechs, como também são chamadas as empresas iniciantes de base tecnológica voltadas à agropecuária.

E Vitória é a sede de três startups que destacamos nesta reportagem: a Olho do Dono, que você já conheceu aqui na “Conexão Safra”, a Farmly e a Endelevo, todas com tecnologias e soluções inovadoras para o agronegócio.

Eleita a melhor da América Latina na competição “TechCrunch Startup Battlefield” (2018), a Olho do Dono desenvolveu um sistema que facilita a pesagem de bovinos por meio de câmera 3D, tradicionalmente feita com balanças de gravidade. A tecnologia permite emitir, armazenar e gerar informações essenciais para aumentar a eficiência e a produtividade nas fazendas.

O sensor capta 60 fotos por segundo, que são convertidas e reconstruídas em 3D no computador. Com a câmera posicionada sobre um tripé e sem a necessidade de conexão com a Internet, é possível fotografar 250 bois passando em 15 minutos.

*Foto: Leandro Fidelis/Arquivo Conexão Safra

No ramo da cafeicultura, a Farmly se propõe a conectar agentes e gerar valor na cadeia do café. Fundada em 2019 pelos sócios Adriano Salvi, Lucas Faria e Telmo Baldo, a startup surgiu com o objetivo de conectar diretamente o produtor de café especial aos torrefadores no exterior por meio de uma plataforma digital que permite a compra direta.

A Farmly já fechou parceria com 400 produtores para levar o arábica brasileiro e capixaba para o mundo. A empresa recebeu aporte de R$ 1 milhão em seed-money* para aumentar, ainda em 2021, o volume de vendas, através da expansão para produtores de médios e grande porte. Além disso, tem como aposta para o ano que vem a comercialização também de cafés colombianos pela plataforma.

“Viver e empreender em Vitória é muito bom. Viver porque é uma capital maravilhosa, belíssima, além de ter excelente qualidade de vida. Empreender porque Vitória é uma capital que respira inovação, tem bons profissionais conectados. No segmento do agro, no qual atuo, o Espírito Santo tem uma pauta bastante variada, com café, frutas, pecuária leiteira e de corte e celulose, e oferece grandes oportunidades”, destaca Adriano Salvi.

Telmo Baldo, Adriano Salvi e Lucas Faria são sócios da Farmly, que conecta agentes e gera valor na cadeia do café. (*Foto: Divulgação)

*Seed Money ou "Capital Semente" é o investimento feito em empresas ainda em estágio embrionário e buscando capital para criar sua solução ou produto.

Assistida pelo programa “Trilha Sebrae UP”, do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), e incubada pelo hub de inovação da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), o Findeslab, a Endelevo desenvolve um produto para instalações e edificações. Dentre as propostas, estão sistemas de fachadas ventiladas, integradas a jardins verticais e tecnologia de captação de energia solar.

De acordo com o engenheiro civil e CEO da startup, João Vitor Freire, a Endelevo busca inovar na construção civil de forma sustentável, aproveitando espaços antes subaproveitados para gerar energia, otimizar o conforto térmico, reduzir custos de manutenção e de consumo das edificações e trazer bem-estar, qualidade de vida e autoestima ao ambiente urbano, onde o metro quadrado é cada vez mais valorizado.

“Entendemos que se trata de um mundo bem vasto e com muito a se descobrir para tornar os jardins verticais viáveis para as cidades. Existem estudos da USP com bons resultados com plantas alimentícias neste sistema, a exemplo das Não-Convencionais (Pancs), temperos e tomates pequenos”, afirma Freire.

João Vitor (sentado ao centro) com a equipe da Endelevo no Findeslab. (*Divulgação)

A startup está em processo de desenvolvimento do protótipo e prospectando parcerias para um primeiro case do laboratório. “Os jardins verticais estão sendo muito cobiçados no momento. Por conta do isolamento social, as pessoas querem tornar a casa um lugar mais agradável e trazer elementos naturais para o ambiente”.

Ainda segundo o CEO da Endelevo, os jardins verticais inclusive otimizam muitas questões de eficiência energética. “As paredes com jardins instalados evitam a transferência de aproximadamente 70% do calor. Então, você isola a edificação e gasta menos com ar condicionado e aquecedor, sem contar a melhoria na qualidade do ar”, conclui.

*A parte do texto sobre a Farmly conta com informações apuradas pela nossa colunista Stefany Sampaio, desde abril titular da coluna “Agro Business” (Rede Vitória), enquanto a declaração de Adriano Salvi foi dada diretamente em entrevista ao repórter.

 

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