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Suspensas Concessões de irrigações para lavouras

por Redação Conexão Safra

em 02/02/2015 às 0h00

7 min de leitura

Suspensas Concessões de irrigações para lavouras

A medida, que vale por 90 dias, foi adotada pela Agência Estadual de Recursos Hídricos. Setor agrícola consome 70% da água no Estado Na tentativa de diminuir os efeitos da estiagem prolongada no Estado, a Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh) suspendeu novas concessões, pelo período de 90 dias, do uso da água para irrigação nas lavouras no Espírito Santo.


De acordo com a resolução da Agerh, o prazo pode ser prorrogado enquanto durar a seca. Apenas o setor agrícola consome 70% da água no Estado.


“A agricultura tem um peso importante para a economia do Estado. A medida foi necessária, embora não seja a nossa intenção encontrar um bode expiatório para dar solução ao problema hídrico ”, informou o diretor-presidente da Agerh, Robson Monteiro.


Segundo o engenheiro agrônomo e diretor-técnico do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Aureliano Nogueira da Costa, a outorga é feita com base na estimativa do consumo da água por tipo de cultivo e por hectares plantados.

“O governo fiscaliza regularmente o uso da água nas lavouras, que é autorizado para atender exatamente à demanda da cultura. Quem descumprir a determinação poderá ter as bombas de irrigação l a c ra d a s ”, frisou.


Para evitar que o uso irregular da água comprometa o abastecimento de cidades e de outros produtores rurais, os agricultores estão sendo estimulados, durante reuniões dos comitês das bacias hidrográficas, a solicitar a autorização. “A intenção é reduzir o uso clandestino das águas por muitos agricultores ”, disse.


A Federação de Agricultura e Pecuária do Estado (Faes) avaliou, por nota, que medida é coerente e p r u d e n t e.


A Agerh ainda recomendou que as instituições bancárias suspendam imediatamente, e por período indeterminado, crédito agrícola para implantação de novos sistemas de irrigação e ampliação dos já existentes, exceto para substituição e troca de equipamentos mais eficientes.

O diretor-presidente da Agerh propôs também a troca do período da irrigação, de diurno para noturno, na tentativa de evitar a evaporação da água.


Se a chuva continuar caindo abaixo da média e a situação dos reservatórios de água do Estado se agravar, um sistema de rodízio de irrigação será instalado. A R Q U I VO / AT IRRIGAÇÃO DE LAVOURA: Estado pode ter de instalar sistema de rodízio, se a situação de reservatórios se agravar


“ A medida foi n e ce s s á r i a , embora não seja a nossa intenção encontrar um bode expiatório””

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Robson Monteiro, diretor da Agerh


Aposta em novos modelos


Para socorrer os agricultores, a Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag) e o Incaper estão estimulando a substituição do principal sistema de irrigação adotado no Estado, o pivô central, por alternativas com menos desperdício de água: irrigação localizada e por g o t e j a m e n t o.


Segundo o engenheiro agrônomo e diretor-técnico do Incaper, Aureliano Nogueira da Costa, o pivô central é um sistema que irriga até seis hectares de uma só vez, com a utilização de vários aspersores de três metros de altura.


“O método consome até cinco vezes mais água do que o sistema de irrigação localizado ”, explicou. Com esse sistema, também chamado de irrigação por microaspersão, molha apenas áreas próximas e localizadas.


Já no sistema por gotejamento são utilizadas quantidades pequenas de água, pois a aplicação é feita sob a forma de gotas por meio de tubos próximos às raízes das plantas. De cada 100 litros aplicados, 95 litros são aproveitados.


Outra ferramenta dos agricultores no combate ao desperdício é a construção de caixas-secas.


Nessa modalidade, reservatórios de até cinco metros de profundidade são instalados no solo, em áreas de declive do terreno, para que a água das chuvas escorra.


“A água não ganha velocidade no terreno porque a cada 30 metros são instaladas as caixas-secas. A água infiltra e fica reservada no le- çol freático. Como em fevereiro é esperada chuva, o método é eficiente ”, disse


Segundo dados do Incaper, a seca prolongada no Estado provocou perdas nas lavouras de café que variam de 20% a 32%, na produ- ção de leite entre 23% e 28% e na fruticultura entre 20% e 30%.


IRRIGAÇÃO DE LAVOURA: Estado pode ter de instalar sistema de rodízio, se a situação de reservatórios se agravar


Produtos até 50% mais caros


A falta de chuva, que resulta no mês de janeiro mais seco dos últimos 91 anos, refletiu no preço de produtos como verduras, frutas, sementes e hortaliças.


Nas Centrais de Abastecimento do Espírito Santo (Ceasa), a cenoura teve aumento de mais de 90% em apenas uma semana, saltando de R$ 1,54 para R$ 2,93. Nos supermercados da Grande Vitória, o quilo do vegetal saltou de R$ 1,80 para R$ 3,58 Tomate, abóbora, berinjela e couve-flor também subiram de preço. O tomate, por exemplo, que custava, em média, R$ 2,99, agora custa R$ 3,19.


O Incaper informou que o déficit anual de 400 milímetros no ciclo hidrológico do Estado tem provocado perdas de lavouras, principalmente na Região Serrana.


De acordo com o presidente da Associação Capixaba dos Supermercados (Acaps), João Falqueto, o setor prevê aumento de até 50% no preço das frutas, verduras e hortaliças, devido ao aumento do c u st o.


“O leite e a carne, que antes vinham de Minas Gerais e São Paulo, estão com o frete mais caro porque agora chegam do sul do País ”, explicou



J OÃO FA LQ U E TO,

p re s i d e n t e da Associação Capixaba dos S u p e r m e rc a d o s ,

disse que o setor prevê aumento no preço de frutas, verduras e hor taliças





ALIMENTOS QUE TIVERAM AUMENTO DE PREÇO


P R O D U TO QUANTO ERA QUANTO CUSTA
To m at e R$ 2,99 R$ 3,19
Ce n o u ra R$ 1,80 R$ 3,58
A b ó b o ra – j a c a r é R$ 2,60 R$ 3,40
Couve – flor R$ 2,40 R$ 4,39
Berinjela R$ 1,20 R$ 2,28
Me l a n c i a R$ 1,20 R$ 2,30
Uva Itália R$ 4,20 R$ 5,20
Mamão Havaí R$ 2 R$ 2,79
Abacaxi R$ 3,29 R$ 3,80
B a n a n a – p rata R$ 2,20 R$ 2,85
Banana-nanica R$ 1,60 R$ 2,10
Repolho roxo R$ 1,20 R$ 1,68
Batata inglesa R$ 4,20 R$ 4,39
R úcula R$ 1,20 R$ 1,75
Chuchu R$ 1,10 R$ 1,49
FO N T E : AC A P S


AN&Aacute,LISE

Reajustes de preços vão ser repassados aos consumidores.

“A seca tem provocado a perda da produção de alimentos e o aumento dos preços para produtores e consumidores, que encontram frutas, carnes e hortaliças mais caras nas gôndolas dos supermercados.


Além dos produtores não utilizarem a água necessária, eles enfrentam safras quebradas e oferta menor de produtos.


A produção de itens como morango, de leite e de ovos, por exemplo, está mais baixa. Dessa forma, como há menos produtos no mercado, o resultado é sempre o aumento de preços. O custo da energia para rodar os equipamentos de refrigeração também está mais cara. Esse valor será repassado ao consumidor.


Para a cesta de alimentos pesar menos no bolso, a orientação é pesquisar preços e substituir alimentos em alta por outros mais em conta ”.


Bruno Funchal,

economista e professor de Finanças da Fucape




PARTICIPARAM DESTA REPORTAGEM: Daniel Figueredo, Eliane Proscholdt, Giordany Bossato, Laís Queiroz,

Nathália Barreto, Pollyanna Dias e Vinícius Rangel.

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