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Soluções tecnológicas ajudam cooperativas na pandemia

por Assessoria de imprensa Ales

em 22/10/2021 às 7h00

9 min de leitura

Soluções tecnológicas ajudam cooperativas na pandemia

Foto: Pixabay

A pandemia da Covid-19 acendeu o debate sobre a necessidade de adaptação das organizações. O momento de incertezas fez com que as empresas repensassem as estratégias e recalculassem suas rotas. O distanciamento social se tornou necessidade, mas as rotinas de trabalho e de atendimento cobram o imediatismo e a rapidez na troca de informações. Isso exige atuação maior no ambiente digital.  Um dos reflexos da pandemia nas organizações foi a busca pela inovação e pela tecnologia como aliada. Com as cooperativas não foi diferente. Precisaram se adaptar e buscar alternativas para manter seus negócios.

Foi o que fez a Cooperativa de Empreendedores Rurais de Domingos Martins (Coopram), na região serrana do Espírito Santo. Com 260 cooperados, que cultivam mais de 40 variedades de alimentos orgânicos por meio da agricultura familiar, a Coopram teve seu funcionamento diretamente afetado pela pandemia. O grande montante das vendas, cerca de 80%, vinha do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), interrompido com o fechamento das escolas na pandemia.

Foto de produtos como morango e banana e informação de que Coopram produz 40 tipos de alimentos orgânicos

Uma das saídas encontradas para minimizar as perdas e garantir a comercialização dos produtos foi migrar os negócios para o ambiente virtual, com ênfase nas redes sociais. A Coopram criou um site para vendas on-line e impulsionou sua presença no Instagram e Facebook. Um passo inovador para a cooperativa, que até então não oferecia serviço de entregas.

“Usamos a tecnologia a nosso favor, melhorando a comunicação entre cooperativa, produtores e consumidores. Criamos um site no qual o consumidor pudesse fazer suas compras e receber produtos com boa qualidade vindos diretamente do produtor, no conforto e segurança de sua casa. Também com esse projeto pudemos beneficiar o produtor e a cooperativa, formando um ciclo de cooperação”, avalia o presidente da Coopram, Darli José Schaefer.

Hoje, a Coopram entrega cerca de 30 cestas de produtos por semana nos municípios de Vitória, Vila Velha e Domingos Martins.

Três pessoas com sacolas em frente a caminhão da Coopram que traz plotagens de frutas, grãos

Modelo diferenciado

O modelo de negócios do cooperativismo se destaca por seus princípios. Não se baseia apenas em indicadores de lucro e competitividade empresarial. Em uma cooperativa, os trabalhadores são os donos da organização e os lucros são divididos entre eles. Pequenos produtores ou fornecedores de serviços se juntam para alavancar os negócios, seguindo a máxima de que “a união faz a força”.

O setor é amparado por um órgão máximo de representação no Brasil, a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), presente nos Estados para orientar e fomentar a prática cooperativista.

No Espírito Santo, o setor está organizado em nove ramos: agropecuário, consumo, crédito, educacional, habitacional, produção, saúde, trabalho e transporte. De acordo com o sistema OCB/ES, atualmente, existem 134 cooperativas registradas no Estado, que geram mais de 9 mil empregos diretos. Dados do Anuário do Cooperativismo Capixaba 2020 mostram que essas organizações movimentaram cerca de R$ 6,6 bilhões em 2019, ou seja, 5,3% do Produto Interno Bruto (PIB) local. Mais de 12% da população capixaba é associada a uma cooperativa. Ao todo, o segmento conta com 495.186 cooperados, segundo estimativa da OCB/ES.

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Arte com números sobre cooperativismo no ES e imagem na qual três pessoas se dão as mãos em degraus diferentes

Para o presidente do Sistema OCB/ES, Pedro Scarpi Melhorim, a tecnologia se fez presente nas cooperativas capixabas e auxiliou na adaptação à nova realidade, ajudando a criar hábitos. A prática deve permanecer mesmo após o período da pandemia.

“De repente, o teletrabalho deixou de ser uma possibilidade distante e passou a ser a realidade necessária. Atendimento via aplicativos, teleconsultas, e-commerce, entre outras, vieram a fazer parte dessa nova rotina”, pontua Melhorim.

Foto de Pedro Melhorim de terno e braços cruzados, à direita citação que nova rotina tem aplicativos, teleconsultas e e-commerce

O gestor da OCB/ES avalia que o cooperativismo capixaba percebeu a importância de se adequar às restrições trazidas pela pandemia. “A impossibilidade de atuação presencial fez com que as cooperativas buscassem formas de continuar atuando com qualidade e excelência no teletrabalho. E a crise econômica, que impactou diretamente o consumo de produtos e serviços, motivou a busca por novas soluções para os clientes”, reforça Melhorim.

Café conilon

O produtor rural Jaeder Fiorentini cultiva café conilon em sua propriedade localizada em Águia Branca, no noroeste do Espírito Santo. A chegada da pandemia trouxe preocupações em relação à mão de obra para colheita, escoamento e venda do café. Ele é um dos 6.252 associados da Cooabriel, maior cooperativa de produtores de café conilon do Brasil, instalada em São Gabriel da Palha, também no noroeste do Estado.

Jaeder conta que o suporte dado pela cooperativa, em especial o apoio técnico e digital, foi fundamental para sanar as dificuldades trazidas pela crise e garantir a manutenção das atividades da propriedade rural. “A Cooabriel teve um papel fundamental para continuar nos assistindo nas dificuldades e monitoramento da propriedade. Ela se adequou com as tecnologias e seus técnicos e o suporte foi bem favorecido ao cooperado”, conta o produtor.

A Cooabriel viu a necessidade de trabalhar planos estratégicos de comunicação à distância e reestruturar a área de tecnologia da cooperativa para amparar seus associados.

De acordo com o presidente da cooperativa, Luiz Carlos Bastianello, uma das primeiras medidas implantadas na pandemia foi equipar as unidades com equipamentos tecnológicos e uso de plataformas de comunicação para possibilitar reuniões e treinamentos com equipes e realizar a assembleia geral junto aos cooperados.

Homem de máscara e crachá da Cooabriel sentado atrás de mesa e usando computador

Um instrumento utilizado para apoiar as operações com o cooperado foi o Aplicativo Cooabriel. Com ele, o produtor pode vender seu café de casa, ter acesso aos dados financeiros, estoque, laudos do laboratório, limites de financiamento na cooperativa, movimentação de café, dentre outras funcionalidades.

Jaeder conta que o aplicativo foi uma solução que proporcionou ao agricultor o controle das atividades. “A pandemia afetou a questão de estar presente na Cooabriel e outros locais para fazer as negociações. Com isso, o aplicativo nos ajudou a acompanhar o estoque, a classificação e a umidade do café, as notas e duplicatas. Os avisos que chegam pelo aplicativo foram ferramentas muito importantes para ajudar o cooperado com a venda e negociação”.

Ainda diante da necessidade de adequação tecnológica, a Cooabriel começou a aprimorar a autonomia e segurança da sua rede de dados, sistema e infraestrutura digital, utilizando serviços de uma grande empresa de tecnologia. “O novo ambiente proporciona mais segurança, estabilidade e agilidade na execução de tarefas, melhorando a atuação interna e externa”, ressalta o gerente corporativo de Tecnologia e Inovação da Cooabriel, Bruno Luis Silva Miranda.

Saúde

Mulher de roupa e máscara branca em frente a computador e atrás painel verde escrito Teleconsulta Unimed

O próprio contexto da pandemia fez com que as cooperativas de saúde tivessem seus serviços mais procurados. A inovação foi a saída para manter os atendimentos e a aproximação com o público. Em março de 2020, a cooperativa médica Unimed Vitória implementou o modelo de teleconsultas para reduzir os números de atendimentos presenciais. Desde então, foram mais de 76 mil consultas (dado atualizado em 23 de agosto).

De acordo com o coordenador médico da cooperativa, Valentim Sipolatti, a ferramenta foi implantada de forma rápida, garantindo a segurança, o sigilo e a ética médica.

Além da telemedicina, foram adotadas outras medidas para atender às novas demandas exigidas pelo contexto pandêmico, como visitas virtuais aos pacientes de Covid-19, boletim médico virtual, telemonitoramento e acompanhamento remoto de pacientes crônicos e gestantes. Os atendimentos médicos on-line foram regulamentados no Brasil durante a pandemia pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).

As soluções adotadas para lidar com as mudanças impostas pelo atual cenário mundial parecem se concretizar e permanecer no futuro. As teleconsultas, por exemplo, iniciadas pela cooperativa para atender pessoas que estivessem com sintomas gripais ou pacientes do grupo de risco de Covid-19, passaram a ser ofertadas a outros públicos. O serviço foi ampliado para atendimentos de pediatria e clínica geral.

Cooperativa de crédito

Mão segura celular que traz o app do Sicoob-ES

Outro ramo do cooperativismo que buscou inovar no período da pandemia é o de crédito. O Sicoob ES, que integra sete cooperativas de crédito, precisou utilizar os recursos digitais para atender os seus clientes e aprimorar produtos e serviços. A organização, que tem mais de 399 mil associados, investiu em canais digitais de atendimento, por meio de três assistentes virtuais baseadas em inteligência artificial.

A cooperativa financeira lançou novos serviços e funcionalidades pelo seu aplicativo, como a assinatura digital de contratos de crédito. Mais de 140 diferentes operações foram disponibilizadas no software para permitir que os clientes não precisassem ir até as agências.

O presidente do Sicoob ES, Bento Venturim, acredita que a tecnologia possibilitou manter a proximidade em um período desafiador que exigia distanciamento físico. “A aposta do Sicoob nos canais digitais levou praticidade e comodidade aos nossos associados, que puderam resolver seus assuntos sem precisar sair de casa. Os nossos colaboradores empenharam-se ainda mais para viabilizar a oferta total de todas as nossas soluções por meio dos canais digitais”.

Venturim também explica que a cooperativa programou uma reestruturação da adesão digital, de modo a reduzir o tempo de associação de microempreendedores individuais por meio da abertura de conta pelos canais digitais.

Em 2020, as transações financeiras feitas por meio dos canais digitais da cooperativa representaram mais de 69% das operações realizadas.

FOTO-BENTO VENTURIM

A Coopram foi um dos associados que utilizaram os serviços digitais do Sicoob, demonstrando a cooperação e articulação dentro do próprio sistema cooperativista. A cooperativa de Domingos Martins (citada no início da reportagem) firmou um contrato de crédito com o Sicoob ES.

O montante foi usado como capital de giro para efetuar compras antecipadas dos produtos cultivados pelos cooperados da Coopram. A medida permitiu que os produtores rurais mantivessem o acesso aos insumos necessários para a produção e tivessem a garantia de comercialização das suas colheitas.

“Foram momentos de tensão e muita preocupação em como continuar nossas atividades. Mas com as soluções que encontramos, conseguimos manter a cooperativa de pé, com todos os colaboradores recebendo seus salários em dia e produtores recebendo a importância de seus produtos à vista. Em 2020, conseguimos fazer negócios de mais de R$ 5 milhões com nossos cooperados”, comemora o presidente da Coopram, Darli José Schaefer.

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