Produção agroecológica e permacultura: conheça a história de Ana do Mel
Conheça Ana do Mel, que vive, tira sustento e ensina como é possível viver e preservar a natureza
por Redação Conexão Safra
em 07/04/2017 às 0h00
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Nos arredores da grande São Paulo, na área rural do distrito de Parelheiros, uma mulher começou a trabalhar de forma tímida com o manuseio da terra. Vinte anos se passaram e ela é hoje a responsável pela existência de uma agrofloresta, que fica há cerca de noventa quilômetros do centro da metrópole e possui 150 mil metros quadrados, compostos pelas mais variadas espécies de árvores, plantas e animais. É nessa propriedade que Ana Coutinho, a mulher que plantou tudo isso, vive com o marido e dois filhos, e consegue como agricultura familiar, tirar o sustento da família.
A história de morar em uma floresta tornou-se realidade quando Ana teve que desistir de dar aulas para crianças na cidade, principalmente pela dificuldade de transporte. Então começou a pensar uma opção para gerar renda e poder cuidar da casa sem sair dela. “Parei para pensar em como sobreviver aqui. Relembrava algumas coisas acompanhando meu pai na roça quando pequena. Passei a plantar, mesmo sem saber direito. Fui plantando, errava, acertava e foi indo… A região estava cada vez mais desmatada porque as pessoas vendiam toda a madeira. E eu passei a fazer o contrário, reconstruir a mata ”, relembra a agricultora. Com o apoio de cursos sobre agroecologia oferecidos pela prefeitura, Ana se aperfeiçoou.
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Paralelo ao projeto agroflorestal, ela tem outra atividade também dentro da chácara. Aprendeu a criar abelhas com o pai e atualmente cultiva cerca de dez espécies. Para dar conta de todo trabalho, Ana do Mel, como ficou conhecida, conta com a ajuda, além da família, de quatro funcionários. A renda da casa chega até cinco salários mínimos. “Me deparei com várias dificuldades ao longo do processo. Os desafios de ser mulher, não ter emprego com carteira assinada, querer cuidar dos filhos sem ir para tão longe. Além de aprender a cultivar, tive também que achar jeito para vender ”. Conta, com orgulho da sua trajetória e conquistas.
E foi falando sobre o que e como produzia, funcionalidades e formas de consumo, que Ana fez sucesso com as Pancs (Plantas Alimentícias Não Convencionais). “As Pancs não exigem muito do solo. Comecei a levar para a feira e dizer como consumir. Depois um restaurante se interessou. Eu ia lá mostrar como fazer taioba, coração e casca de banana, peixinho, azedinha e outras plantas que o pessoal acha que são apenas mato. Eu preservo minha mata e colho, depois isso vai pra nossa mesa ”, explica ela contando que passeia pela mata e vai colhendo o que vê pela frente.
A agricultora dá preferência a toda atividade relacionada à agroecologia e à permacultura (cultura que visa a ocupação humana sustentável). Preocupada no equilíbrio com a natureza, ela procura criar seu ambiente totalmente produtivo e sustentável, socialmente justo e financeiramente viável. Ana não compra insumos e produz o adubo em casa. Tenta aproveitar tudo o que o solo oferece e evita desperdícios. A casca da banana utilizada na biomassa por exemplo, sempre é refogada e servida com o almoço. Hoje, Ana do Mel é reconhecida na região, virou um exemplo para outras mulheres e faz questão de compartilhar suas experiências.
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