Palmas para os empreendedores do turismo do vale do café

Na edição anterior falei sobre a importância dos Arranjos Produtivos Locais, e sua essencialidade para o desenvolvimento regional, pois promovem o crescimento econômico de maneira sustentável e integrada. Ao fortalecer a cooperação entre empresas, agroindústrias, instituições de ensino, governo e comunidade, os APLs geram empregos, incentivam a inovação, valorizam a identidade cultural e melhoram a qualidade de vida da população. Ficou visível que promover e se integrar em APLs é investir no futuro de uma região, criando um ambiente propício para o desenvolvimento econômico e social equilibrado. Como o assunto é amplo e existem várias Rotas e Eventos na região do Vale do Café, decidi focar e ampliar a matéria, falando de todas as iniciativas que alavancam a economia local.

A região do Vale do Café, no estado do Rio de Janeiro, é uma região de rara beleza e de importância histórica imensurável. Com uma paisagem que combina montanhas verdes, rios e uma arquitetura colonial bem preservada, o Vale do Café é um destino perfeito para quem deseja explorar o turismo rural e vivenciar o clima do passado do imperial brasileiro.

A região é famosa por suas fazendas históricas, em sua maioria, construídas no século XIX durante o auge do ciclo do café, numa época em que o Brasil era responsável pela produção de 80% do café do mundo, oferecem aos visitantes uma imersão na história e na cultura do período. Trata-se de um circuito de 18 fazendas históricas, onde posso destacar algumas delas;

1. Fazenda São Luiz da Boa Sorte: Situada em Vassouras, é um ótimo exemplo de preservação e oferece uma experiência completa com hospedagem, passeios diversos e trilhas pela mata atlântica preservada, um lindo lago, gastronomia de alto padrão, além de ter o Museu do Café, com muitos artefatos da época e uma viagem há época narrada por Zezé Motta.
2. Fazenda do Paraíso: Localizada em Rio das Flores, é um exemplar autêntico da arquitetura colonial. Fundada em 1845, ainda preserva móveis e utensílios da época, revelando detalhes sobre a produção de café e a vida dos barões do café.
3. Fazenda Santa Eufrásia: Localizada em Vassouras, oferece uma experiência rica com seus jardins imponentes, móveis antigos e uma capela bem conservada, proporcionando uma verdadeira viagem ao século XIX.

A região é marcada por paisagens exuberantes, com grandes áreas de Mata Atlântica, cachoeiras cristalinas e rios que passam entre os vales. Destinos como a Serra da Beleza, com seus mirantes e trilhas, oferecem vistas panorâmicas maravilhosas. Os parques naturais e as áreas de preservação ambiental da região são perfeitos para o ecoturismo.

A gastronomia da região é outro ponto alto, com restaurantes que oferecem pratos típicos da culinária brasileira, muitos deles preparados com ingredientes locais.

O turismo rural no Vale do Café é complementado pela hospitalidade das pousadas e hotéis-fazenda, que proporcionam uma estadia confortável e autêntica. Os visitantes podem escolher entre acomodações que vão desde chalés rústicos até sofisticadas suítes em casarões históricos. O contato direto com a natureza, aliado ao charme das construções antigas, garante uma experiência inesquecível.

Toda essa riqueza da região vem sendo trabalhada pelo APL do Vale do Café, iniciativa da Secretaria de Estado de Turismo – SETUR, em conjunto com a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Energia e Relações Internacionais – SEDEERI, Secretaria de Estado de Agricultura, Pesca, Pecuária e Abastecimento – SEAPPA (através das suas vinculadas PESAGRO-RIO e EMATER), Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE, e a Associação dos Cafeicultores do Estado do Rio de Janeiro – ASCARJ.

Ao conversar com o Assessor Especial de Turismo Wanderson Farias, também Vice Presidente do Instituto Preservale (Vale do Café), Embaixador do Turismo do Rio de Janeiro e Embaixador do Festival de Cinema de Vassouras, muito atuante na região, percebe-se que a função dos organizadores em promover eventos que reúnam os participantes dessa grande cadeia de cooperação não é fácil, necessita de muito amor, dedicação e trabalho, mas é gratificante, pois é perceptível o arrefecimento da economia da região. Wanderson afirma que as agroindústrias locais participantes do APL são convidadas para os eventos, sendo parte importantíssima para atração do público, que busca produtos especiais, além dos shows de bandas locais que estão inseridas na programação dos eventos. Todas as ações têm o apoio total do Secretário de Estado de Turismo, Gustavo Tutuca.

Wanderson Farias e Felipe Masid, num dos eventos do APL do Café. Na fazenda São Luiz da Boa Sorte em Vassouras. Foto: Divulgação

As Rotas

Rota do Queijo: Quatro fazendas integram a Rota no município de Valença, com possibilidade de aproveitar um almoço feito no fogão a lenha de uma delas. A experiência é uma verdadeira imersão no processo de produção de queijos, desde a matéria-prima até o produto final, com degustações que comprovam a diferença e a qualidade dos produtos da região. A Fazenda Du’Vale, uma das participantes, cujo queijo fino possui certificações nacionais e internacionais, possui a primeira caverna subterrânea do Brasil para a maturação de queijos. O Rancho Lo Buono (Latte Buono), atua com rebanho de búfalos, produzem a verdadeira mussarela de búfala, além de queijos finos como gruyère.

Em abril deste ano, em São Paulo, ocorreu o 3º Mundial do Queijo 2024, que rendeu aos produtores de Valença que participaram do evento, a conquista de 27 medalhas, de Ouro, Prata e Bronze. Estavam presentes, a Du’Vale, a Latte Buono, Sítio Vale dos Ventos e Capril do Lago. Em 2023, na França, a região também ficou com Medalha de Ouro. Valença, também recebeu o Título de Capital Estadual do Queijo.

Rota do Vale: Essa rota possui como foco principal no turismo cafeeiro da região, com visitas às fazendas históricas de café da região, mesclando às experiências de queijarias e alambiques, podendo ser montadas conforme o tempo disponível pelos turistas e a localização de instalação pretendida.

Rota da Cachaça: Neste caso, para que os turistas possam ter uma melhor experiência e obter todas as informações necessárias sobre o processo produtivo e as especificidades de cada fazenda produtora de cachaça, existem duas principais rotas, sendo elas:

A Rota da Cachaça de Rio das Flores, organizada pelo Mundo Woods @mundowoods , cujos Alambiques participantes são a Werneck @cachaçawerneck, e Vieira e Castro @alambiquevieiraecastro;

A Rota da Cachaça organizada pelo Blis Hotel Vassouras @blisshotelvassouras , que participam os Alambiques: Cachaça Karam @cervejariakaram, Magnífica @magnificadefaria, Pindorama @drinkpindorama, Santa Rosa @cachacasantarosa, Carvalheira @cachacauniaocarvalheira, Vilarejo e Ribeirão.

A volta dos Festivais 

A Secretaria de Estado de Turismo também tem trabalhado no incentivo e fomento aos Festivais da região, como o Festival Vale do Café, Delícias do Vale, Inverno “tô no Rio”, Festival de Inverno de Conservatória, Festival de Inverno de Rio das Flores, Festival da Cachaça e do Queijo artesanal de Piabas, além de outros projetos. Para acompanhar o calendário de eventos siga os canais de comunicação da SETUR @setur_rj.

O Vale do Café no estado do Rio de Janeiro é uma joia do turismo rural brasileiro, que está sendo resgatada e tendo a devida valorização com as ações coordenadas pela SETUR e o APL do Vale do Café. Empreender no turismo Rural da região é vantajoso, pois visitar a região é mais do que um passeio, é uma imersão na essência do país, onde o passado e o presente se encontram em perfeita harmonia.

Por:

Felipe Marinho Masid, Especialista em Gestão de Agronegócios pela UFRRJ
Administrador de Empresas, Gestor de Projetos, Gestor Público – Diretor Geral de Administração e Finanças da SEPLAG. Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão.