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Mulheres indígenas: guardiãs de sementes no meio rural

A coleta e conservação de sementes é uma atividade fundamenta...

por Redação Conexão Safra

em 12/03/2015 às 0h00

4 min de leitura

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A coleta e conservação de sementes é uma atividade fundamental para a manutenção da biodiversidade. No meio rural, as mulheres indígenas destacam-se por essa atividade. Elas são conhecidas como guardiãs das sementes. Nas aldeias de Aracruz, no Espírito Santo, a preservação das sementes é uma realidade.

Um projeto de iniciativa da Fibria em parceria com a Kambôas Socioambiental, com apoio do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) e Secretaria Municipal de Agricultura de Aracruz, é o Plano de Sustentabilidade Tupinikim e Guarani no Espírito Santo. Uma das ações de destaque é a organização da rede de coletores de sementes e mudas para reflorestamento.

Por meio do plantio de espécies nativas, muitas sementes que existiam antigamente nas aldeias têm sido recuperadas. São beneficiadas, armazenadas e distribuídas entre as comunidades indígenas sementes de girica (saboneteira), boleira, coco naiá, coco imbuí, geri, feijão de porco, algodão, mulungu, entre outras. Atualmente, mais de 80 espécies de sementes têm sido coletadas nas aldeias indígenas de Aracruz. Oficialmente, há 89 coletores, ou seja, integrantes das comunidades que possuem a função de coletar as sementes.

Além de serem compartilhadas entre as aldeias indígenas, as sementes também são destinadas a reflorestar uma área de 17 hectares na aldeia de Pau Brasil. De acordo com o projeto, a proposta é integrar as aldeias por meio de corredores ecológicos. O ponto de partida foi a aldeia de Pau Brasil, cuja área de reflorestamento deve ser ampliada para 50 hectares ainda neste ano.

Para a esposa do cacique de Areal, Zilma Maria Santos Vicente, que é uma das coletadoras e organizadoras do banco de sementes, essa ação contribui para a recuperação de tradições nas comunidades. “Nós reconquistamos nosso território, mas as terras estão desmatadas. Não encontramos mais determinadas árvores de onde tirávamos matéria-prima para nossos artesanatos. Por isso, estamos cultivando sementes e replantando mudas de árvores frutíferas ”, disse Zilma.

Outro trabalho com sementes é o fortalecimento da Rede de Sementes Crioulas. Um tipo de semente que foi cultivada na aldeia de Areal foi a de milho. Por meio de doação da Secretaria da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), sementes do milho Fortaleza, vindas de um assentamento no município de Muqui, foram cultivadas na aldeia. Agora, a semente já está adaptada às condições de solo e clima da região e foi denominada ‘Fortaleza do Areal’.

A atividade de coleta das sementes tem sido conduzida, prioritariamente, por mulheres, uma vez que elas utilizam esse material para a produção de seus artesanatos. De acordo com a presidente da Associação Tupinikim da aldeia de Areal, Josy Pereira Ferreira, toda matéria-prima de seus artesanatos vem da mata, por isso a preocupação com o reflorestamento.

“Costumamos dizer que a mata é nosso ‘supermercado’. É onde vamos buscar nossos materiais. No entanto, não encontramos de tudo lá, pois muita coisa foi perdida. Por isso, abraçamos o projeto da rede de sementes para resgatar nossas tradições ”, afirmou Josy. O artesanato indígena é formado por cestarias, colares, brincos e objetos talhados em madeira.

De acordo com o extensionista do Incaper Carlos Pereira do Sacramento, as mulheres indígenas possuem papel fundamental na preservação da biodiversidade. “Elas coletam, identificam espécies e muitas vezes inserem novas sementes na mata. A diversidade na floresta é fundamental para o equilíbrio natural e para uma agricultura sustentável ”, falou.

De acordo com ele, o Incaper em Aracruz tem contribuído com ações de extensão rural nas comunidades indígenas, como a organização de excursões técnicas e articulação do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). “Em fevereiro foi feita uma excursão ao Rio de Janeiro com as comunidades indígenas de Aracruz, da qual participaram majoritariamente mulheres. Fomos conhecer a experiência da Associação de Moradores e Amigos da Ilha de Itaoca, na região de São Gonçalo, que trabalha com abelhas sem ferrão. Os indígenas já trabalham com essas abelhas em Aracruz, pois são nativas da Mata Atlântica, e procuraram saber de que forma essa atividade pode ser rentável ”, afirmou Sacramento.


Fonte: Incaper

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