pube
Geral

João Delpupo: referência em qualidade de café Conilon

O produtor rural venceu os dois principais concursos de qualidade de café Conilon no Espírito Santo em 2013

por Redação Conexão Safra

em 29/01/2015 às 0h00

5 min de leitura

João Delpupo: referência em qualidade de café Conilon

pube
Os cafeicultores viveram extremos no ano de 2013. Enquanto o valor Café Arábica despencava, o Café Conilon se manteve estável, e em diversas ocasiões com valores superiores. Conhecido como o patinho feio da história, o Conilon, também chamado de Robusta (variedade da espécie Coffea canéphora), sobressaiu-se em meio à crise instalada na cafeicultura.

Diante dessa situação de turbulência a Cooperativa Agropecuária Centro Serrana (Coopeavi) incentivou seus cooperados a investirem em qualidade. Esse vem sendo o foco da cooperativa nos últimos três anos com palestras, cursos e a premiações aos melhores cafés de seus associados.
Desde 2011, os produtores de café se encontram para debater as tendências e as iniciativas a serem tomadas durante o próximo ano safra. Os cafés que apresentam os melhores resultados sensoriais são premiados por meio do Prêmio Pio Corteletti Conilon Descascado, um dos maiores concursos de qualidade do Espírito Santo.

Além da premiação, os donos desses cafés diferenciados recebem ágio em cada saca comercializada com a cooperativa. Esse foi o caso do cooperado João Delpupo, vencedor dos dois principais concursos do Estado: III Prêmio Pio Corteletti &ndash, Conilon Descascado &ndash, e o II Prêmio Conilon Especial. Com a premiação do primeiro concurso, realizado em setembro dentro da Semana Tecnológica do Agronegócio, ele chegou a receber R$ 770,00 por saca de café inscrita.
Sua pequena propriedade fica há aproximadamente 20 quilômetros da cidade de Afonso Cláudio, onde ele e sua esposa, dona Degmar de Lourdes Souza, realizam o manejo intensificado com foco na produção de café de qualidade. Filho da região, João saiu cedo para se aventurar na cidade grande, trabalhando como pedreiro na capital, Vitória (ES), por 29 anos.

Mas o coração bateu mais forte e há cinco anos ele comprou um “pedaço ” de terra, na localidade conhecida como Sítio Ribeirão, onde resolveu plantar café de forma diferenciada. O terreno íngreme dificultou um pouco o manejo, fato que gerou comentários desencorajadores.
“Muita gente aqui me chamava de doido, mas fui levando e não dei ouvido ”, conta Delpupo.

Todo início é difícil. Ele começou sua plantação com apenas 800 pés e após cinco anos já conta com 13 mil plantas, sendo sete mil da variedade Arábica e seis mil variedade Conilon. A sua persistência lhe rendeu frutos, ou seja, em um ano de profunda crise no café ele conseguiu R$ 15 mil em premiações, que o motivou a continuar dedicando-se ao plantio no caminho de produzir café diferenciado.,

As premiações o estimularam a se dedicar exclusivamente ao café. “Minha esposa é uma heroína na roça, ela toma conta da lavoura na minha ausência, os cuidados com a secagem do café eu nem coloco a mão, é tudo com ela ”, pontua.

A localização da propriedade dele é um fator preponderante. A plantação fica a uma altitude acima de 700 metros e o sol só incide no café depois das 9 horas da manhã.

Para Delpupo, a receita para produzir um grão superior passa pelo manejo cotidiano, como adubação e nutrição, mas o segredo está na colheita e no pós colheita.

Ele explica que a “panha ”, como é popularmente chamada a colheita, deve ser criteriosa. Somente os grãos maduros devem ser retirados do pé de café. Devido à localização geográfica do sítio, toda a colheita é feita manualmente por meio de peneiras. No final do dia, todo café é levado até o despolpador, que fica fora de sua propriedade. Ao chegar em casa com o café despolpado, já a noite, ele espalha todos os grãos no terreiro de pedra para uma seca parcial e com isso, evita a fermentação.

“Coloco no terreiro de pedra para enxugar, depois eu levo para estufa ”
Na estufa a temperatura passa de 45° Celsius, onde o café é constantemente mexido, colaborando para a secagem mais rápida. “De cinco até dez dias para secar totalmente, depende do clima ”, sentencia.

Hoje, as opiniões de seus vizinhos mudaram, passando de aventureiro a referência estadual em qualidade de café. A persistência e o zelo dele está sendo recompensado. Esse ano o café de João Delpupo representou o Espírito Santo e o Brasil no Concurso Mundial de Baristas, realizado em junho de 2014, na Itália. “Hoje, os que me chamavam de doido, já estão dizendo que a partir desse ano farão café de qualidade também ”, explica.

A previsão de colheita deste ano é um pouco menor, devido ao sol forte e a falta de chuva no início de 2014. Com indicação do engenheiro Agrônomo da Coopeavi José Arthur, Delpupo instalou um sistema de irrigação para amenizar o impacto da seca na produção. “Eu estimava uma queda de 50%, mas com a irrigação a perda será bem menor ”.

Ele resume seu sucesso devido às orientações técnicas, que foram primordiais para manter o padrão de manejo e chegar a esse patamar destacado com os seus grãos. “Sigo as orientações dos técnicos da Coopeavi, porque quando a gente segue a orientação, com certeza a produtividade é bem maior ”, afirma.

São boas experiências como essa que despertam o produtor para fazer diferente, inovar e mudar de hábitos. “Não me dedico só para ganhar concurso, sempre fazemos nosso trabalho com zelo, e os resultados vêm como consequência ”, afirma. “Tudo o que fazemos com amor dá resultado ”, conclui Delpupo.
Fonte: Assessoria de imprensa da Coopeavi




Clique aqui e receba as principais notícias do dia no seu WhatsApp e fique por dentro do que acontece no agronegócio!