Embaixadora da região Sudeste é homenageada no Espírito Santo
A propriedade de Selene atualmente é diversificada e possui mais de 300 de produtos
por Redação Conexão Safra
em 16/05/2017 às 0h00
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A agricultora familiar Selene Hammer Tesch foi homenageada pela Assembleia Legislativa do Espírito Santo por ser embaixadora da campanha #MulheresRurais, mulheres com direitos na região Sudeste do país. A iniciativa, que é uma ação internacional e, no Brasil, coordenada pela Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead), foi apresentada pela Delegacia Federal da Sead no estado (DFDA-ES) a autoridades ligadas à agricultura e também à sociedade civil.
O delegado federal do Espírito Santo, Aureliano Nogueira da Costa, ressaltou que as mulheres rurais se destacam por seus trabalhos diferenciados em diversos segmentos. Ele falou da satisfação em ver Selene como embaixadora da campanha, por conhecer o trabalho já desenvolvido por ela em todos esses anos.
“A nossa agricultora ter sido indicada como embaixadora da campanha na região Sudeste é um reconhecimento de tudo o que ela já desenvolveu como mulher na agricultura. Nas feiras agroecológicas, na produção orgânica e principalmente na sustentabilidade dos recursos hídricos. Tudo isso é feito com muita técnica e carinho para favorecer o equilíbrio ambiental, social e econômico. Um título merecido para ela que, como agricultora, presidente de uma associação, mãe e esposa, representa tantas outras mulheres do campo ”, disse o delegado.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Brasil, mais de 14 milhões de mulheres vivem na zona rural. Ao lado de suas famílias, amigos, ou até mesmo sozinhas, elas se dedicam ao lar, aos filhos, ao trabalho, aos estudos, à religião que praticam e a si mesmas. Selene é uma delas. Conheça aqui um pouco da história dessa mulher.
Selene
O sorriso despojado da agricultora Selene Hammer Tesch, de 53 anos, para os clientes nas feiras revela muito da simplicidade, garra e força que essa mulher sempre teve para lidar com as tristezas e alegrias da vida. Nasceu em Santa Maria de Jetibá, região serrana do estado do Espírito Santo, mais precisamente na comunidade Alto Santa Maria, onde vive até hoje.
Conheceu “o plantar ”, o “colher ”, “o cuidar ” em sua infância e adolescência, mas foi adulta que esses três verbos que resumem a agricultura tornaram-se a sua profissão. Selene se apaixonou por tudo aquilo que produz, e por fazer isso com amor escolheu os sistemas de produção sustentáveis, banindo assim o uso de agrotóxicos.
“Lembro que na época em que decidimos trabalhar com a agricultura orgânica, eu ensinava aos jovens na igreja sobre os mandamentos, e o quinto diz: ‘Não matarás’, e existem várias formas de matar. Os produtos com venenos também podem matar lentamente, isso me tocou muito fundo, então eu escolhi fazer da forma mais correta, suave, com qualidade, preservando a vida ”, conta a agricultora.
A propriedade de Selene atualmente é diversificada e possui mais de 300 de produtos, entre hortaliças, chás e temperos que ela comercializa em três feiras de orgânicos da Grande Vitória, além de atender a programas como o da Alimentação Escolar (Pnae) do Governo Federal. Mas tudo nem sempre foi assim. No início da troca, do sistema convencional para orgânico, o solo da propriedade não preparado para essa mudança fez com que os resultados das safras fossem as necessidades que ela, os filhos e o marido passaram. A família de Selene chegou a não colher nada nas primeiras plantações.
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“Era tão fraco, tão fraco, que as pragas não deixavam as plantas crescerem. Hoje nós temos muitos recursos para consertar isso de maneira rápida, mas naquela época não era assim. Lembro que por conta da falta de dinheiro, não conseguimos colocar gasolina por cinco meses no nosso carro para levar nossos filhos na escola. Compramos fiado uma bicicleta para que as crianças pudessem ir, fazíamos todos os dias um trajeto de 20 quilômetros com eles ”, conta.
Atualmente, como presidente da Associação Amparo Familiar de Santa Maria de Jetibá, presidente da Cooperativa dos Agricultores Familiares da Região Serrana do Espírito Santo (Caf Serrana), agricultora familiar, mãe e esposa, Selene reconhece a força das mulheres principalmente no sentido de promover transformações. “As mulheres são fortes por natureza. Somos capazes de aturar muitas coisas e ainda sobreviver com tudo isso. As que são do campo mesmo chegam a ter jornada tripla, muitas das vezes sendo criticadas como quem não ajuda, mas a gente faz o melhor ”, ressalta a agricultura.
Mesmo assim, o sorriso no rosto, o gosto pela vida, pelo plantar, cuidar e colher continuam a existir em Selene. Carismas entregues juntos àquilo que ela comercializa nas feiras. Com os trabalhos que tem desenvolvido a frente das organizações que lidera representando tantos agricultores e agricultoras. “Tudo tem um lado bom, até as críticas nos ajudam a melhorar. Tento compreender cada um da forma que é. A minha faculdade é a vida, e eu gosto dessa maneira especial de ser. As mulheres são guerreiras, e vamos nos abraçar a isso para seguir ”, finaliza a agricultora.
MulheresRurais, mulheres com direitos
A campanha internacional #MujeresRurales, mujeres con derechos é uma iniciativa organizada pela Reunião Especializada em Agricultura Familiar no Mercosul (Reaf), a Unidad para el Cambio Rural (UCAR) da Argentina, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e, no Brasil, pela Secretaria Especial de Agricultura Familiar e Desenvolvimento Agrário (Sead), sob a tradução #MulheresRurais, mulheres com direitos.
A inciativa abrange a América Latina e o Caribe com ações que, este ano, começaram em março e seguem até novembro, trazendo como temática os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pela ONU. Em 2016, a campanha compartilhou mais de 120 experiências de 15 países.
Confiraaquia experiência do Brasil em 2016
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