Eles sempre acreditaram na força do cooperativismo
por Redação Conexão Safra
em 09/12/2013 às 0h00
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Em Venda Nova do Imigrante, a semente do cooperativismo foi plantada há quase um século por um grupo de agricultores que enfrentou os altos e baixos da atividade, mas continuou a acreditar nessa filosofia até tornar suas cooperativas referências regionais
Leandro Fidelis
Venda Nova do Imigrante é a Terra da Festa da Polenta, a Capital Nacional do Agroturismo, e também referência pelo voluntariado e pela força do cooperativismo. Aliás, foi graças a essa doutrina que muitas obras foram levantadas no município. Unindo-se em mutirões os seus moradores construíram da Igreja Matriz ao hospital da cidade.
Ainda hoje, muitos daqueles que pensaram coletivamente antes de priorizar o bem próprio estão vivos e disseminando nas atuais gerações os princípios cooperativistas nessa colônia de italianos, no alto das montanhas capixabas.
É o caso dos agricultores Máximo Lorenção, 84, e Benjamin Falchetto, 86 anos, protagonistas de uma época em que a união dos agricultores na tentativa de garantir preços mais justos aos seus produtos podia até ser interpretada como “”semente do socialismo””.
Foi assim em 1973, durante a Ditadura Militar, quando o governo dos militares chegou a enviar um interventor para auditar na crise da extinta Centralcoope, episódio que instiga até hoje devido ao autoritarismo dos generais na época.
Máximo e Benjamin são presenças cativas nos eventos da Cooperativa dos Cafeicultores das Montanhas do Espírito Santo- Pronova e do Sicoob Sul-Serrano, com sede em Venda Nova.
“O cooperativismo é um tipo de voluntariado. Às vezes o cooperado se sacrifica pelo bem de todos, mas é difícil manter esse ideal nos dias de hoje. Vejo que é preciso profissionalizar a gestão das cooperativas tornando-a como a de qualquer empresa ”, diz Benjamin.
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Para Máximo Lorenção, o cooperativismo em Venda Nova faz parte da cultura local. “Isso vem mais da cultura do nosso povo. Nós sempre trabalhos como voluntários, e isso surgiu desde que vieram nossos avós italianos. Uma andorinha sozinha não faz verão ”, afirma.
E a filosofia é seguida por todos na família do octogenário, dos cinco filhos aos dez netos. “Cada um tem o seu trabalho, mas todos fazem questão de participar da vida comunitária. A família toda é voluntária da Festa da Polenta desde o começo. ”
O cooperativismo e a imigração
Desde a década de 20, como confirma Máximo Zandonadi (1916-1994), autor do livro “”Venda Nova- Um Capítulo da Imigração Italiana“” e de outros quatro sobre a história da cidade- escritos a partir dos seus diários- o cooperativismo sempre foi um meio de progresso comum aos moradores, sem a necessidade de representação por uma cooperativa específica.
Nessa publicação, Máximo dedica o segundo capítulo ao cooperativismo a partir de Vitorino Caliman, “”homem que não frequentou escolas, mas de uma atividade invulgar e de grande visão de negócios””, que era considerado um líder comunitário autêntico. Foi dele a ideia, em 1945, depois de um encontro com o chefe da seção estadual de cooperativismo, de montar uma cooperativa no então distrito de Venda Nova.
Com orientação do Departamento de Assistência ao Cooperativismo, uma equipe jovem foi preparada em 1947 para fundar a Cooperativa Agrária de Lavrinhas. E olha quem estava lá: Benjamin Falqueto, além de Caetano Zandonadi, Pascoal Caliman, entre outros.
Em 1970, a cooperativa, já com nome de Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de Venda Nova, já despolpava café e vendia para a Alemanha. Foi ela a base para a criação da Pronova em 1989, como associação, e cooperativa a partir de 2004. Atualmente, a Pronova conta com 200 cooperados, de 13 municípios da Região Serrana do Espírito Santo, e é referência no mercado internacional pela cafeicultura de qualidade.
E é na cooperação que Venda Nova faz sua história, consolidando essa doutrina em outros nú,cleos além da agricultura e tornando o impossível possível pelo simples fato de o seu povo se dar as mãos.
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