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Da lavoura à produção, João Neiva é destaque no Dia Mundial do Cacau

por Redação Conexão Safra

em 26/03/2024 às 18h11

7 min de leitura

Da lavoura à produção, João Neiva é destaque no Dia Mundial do Cacau

João Neiva ocupa o 4º lugar na produção de cacau no estado do Espírito Santo. / Foto: Divulgação.

O cacau é a principal matéria-prima para a fabricação do chocolate. Neste 26 de março, comemora-se o “Dia Mundial do Cacau”, e essa data comemorativa é relevante para o município de João Neiva, que ocupa o 4º lugar em produtividade e qualidade do cacau no estado do Espírito Santo. A fruta é originária da região amazônica.

Segundo a Secretaria Municipal de Agricultura de João Neiva (Semag), a atividade de produção de cacau é a segunda maior no agro do município, sendo o café a primeira. Para manter os índices elevados, desde a plantação à comercialização da fruta, o secretário da Semag, Danilo Sanson, observa que o interessante para a continuidade do trabalho do cacaueiro está na sucessão familiar.

“A gente tem uma preocupação nessa atividade: é evitar o êxodo rural. Nós preocupamos com a sucessão familiar! E no setor agro do cacau, temos uma família, aqui, em João Neiva, que é referência: a Scarppati”, narrou o técnico em Agropecuária.

Segundo o secretário, a família Scarppati faz o tripé na atividade do cacau: o sistema de produção (matéria prima), a industrialização (fabrica o chocolate) e a comercialização, (a família possui uma loja de chocolate em João Neiva). Acompanhe a reportagem para conhecer a história empreendedora da família Scarppati.

“Os filhos vão pra cidade estudar e trabalhar e não voltam para o interior, e, em João Neiva acontece como em outras regiões, que trabalham com o agro. Para solucionar essa demanda, trabalhamos na realização de algumas ações empreendedoras, com o intuito de capacitar as famílias rurais, que trabalham na lavoura do cacau. Nessas ações, abastecemos as famílias com conhecimento sobre a gestão do negócio na produção de cacau e seus derivados”, salientou.

O secretário continuou. “Pra essa prática ocorrer, a administração municipal, por meio da Semag, promove parcerias com o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), o Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) e Sebrae. Sendo assim, podemos contribuir às famílias rurais um foco no trabalho da questão da sucessão familiar, senão teremos que começar a investir em terceiros, para atingirmos êxito na produção de cacau em nosso município”, concluiu.

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Mercado

O secretário Danilo Sanson orienta os produtores de cacau e interessados quando o assunto é investimento, planejamento e gerenciamento do empreendedorismo cacaueiro. E ainda destaca que, nos últimos 50 anos, o melhor preço do cacau está sendo em dias atuais, porém mesmo com essa valorização no cenário econômico do agronegócio, ele pondera a situação.

“A Cacauicultura é uma ótima alternativa, principalmente em comparação a cafeicultura, por ser resistente e de grande produtividade, quando manejado de forma correta. Hoje, o mercado de cacau está valorizado. A saca está saindo por R$2.480,00 no estado do ES, podendo valorizar ainda mais ao longo do tempo. Orienta-se que a venda seja feita aos poucos, para não sentir a oscilação do preço”, aconselhou Danilo Sanson, que trabalhou por 38 anos no Incaper.

Produção e índices

O Espírito Santo é o terceiro estado que aparece como maior produtor de cacau no território brasileiro. E para essa estatística, o município de João Neiva contribui, em termos de produção e qualidade do cacau. A engenheira agrônoma da Semag, Rafaela Melim Grazzioti, comenta sobre os indicadores do cacau no município.

“Os últimos dados oficiais divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em relação à produção e produtividade da amêndoa, são de 2017, sendo que, João Neiva se encontra em 4° lugar do estado no que se refere à produção, com 80 toneladas por ano”, informou.

A engenheira ainda destacou a produtividade do cacau. “Quanto à produtividade, o município lidera o ranking, produzindo 10 sacos por hectare. Segundo os dados do IBGE, de 2017, a cidade conta com 70 produtores de cacau. Estima-se que o município possui cerca de 100 produtores, ainda mais depois do fornecimento de 25.000 mudas de cacau no ano de 2022, chegando a produzir 110 toneladas por ano e com a produtividade dentre 13 a 15 sacos por

hectare”, informou a engenheira agrônoma.

Esse fornecimento de 25.000 mudas de cacau para fortalecer o agronegócio, em João Neiva, de acordo com a Prefeitura, as mudas de cacau clonadas foram aprovadas pelo Ministério da Agricultura, e são mais resistentes às pragas, às variações climáticas e garantem maior produtividade. Rafaela Melim explicou em termos científicos.

“Mudas clonais são cópias de uma planta chamada matriz, onde tem o intuito de retirar um gene que são benéficos, como produção, resistência de pragas e doenças, enraizamento, e juntar esses genes em só uma variedade. Esse processo foi feito pelo viveiro, contratado por processo de licitação, que forneceu as mudas. As mudas do programa foram das variedades CCN 51 e PS 1319, sendo a CCS 51 muito produtivo, com um número considerável de amêndoas no seu interior, e adaptável em várias regiões do Brasil, de Norte a Sul, possuindo uma arquitetura de fácil formação através de poda, e a PS 1319 suportando condições de seca e apresentando uma ótima produção em pleno sol”, explicou.

Diante de um quadro positivo para o setor do agro, não só em João Neiva, mas, também para o ES, a iniciativa pôde acelerar o processo de produção e colheita do cacau na região já citada.

Empreendedorismo

Com produtores premiados e empreendedores empenhados, que trabalham com o cacau, desde a lavoura até a transformação dele em chocolates, o município de João Neiva ganha destaque no cenário do empreendedorismo agrícola.

A “Divino Cacau”, localizada na BR 101, KM 204, na altura da entrada da cidade, produz chocolates artesanais. A empresa familiar está no mercado há quatro anos e já ganhou o coração e o paladar de muitos consumidores, comercializando seus produtos em diversas cidades do estado: Aracruz, Linhares, Fundão, Santa Teresa, Domingos Martins, Cariacica e Vitória.

O empreendimento é gerenciado pelas irmãs Priscila Corrêa Scarppati, Eliani Corrêa Scarppati Félix e Letícia Corrêa Scarppati, que atuam desde a matéria-prima até o produto final.

“Meu pai, Gelson Scarppati, e minha mãe, Diana Corrêa Scarppati, são produtores de cacau na “Valada Cavalinho”, localizada na zona rural da cidade, então resolvemos utilizar parte da matéria-prima que é produzida na lavoura deles para fabricação dos chocolates. Percebemos a necessidade do público por uma mercadoria diferenciada e que se distanciasse das marcas tradicionais. Um chocolate com quantidade reduzida de açúcar, sem aditivos químicos e produzido direito do produtor para a fábrica”, explica Eliani.

Além de não possuir aditivo químico, o produto é 100% artesanal e livres de gorduras hidrogenadas. “O cacau é selecionado na lavoura, sendo que nesta etapa selecionamos apenas os frutos de maior qualidade e verificamos o ponto correto de maturação. Depois de fermentadas e torradas, as amêndoas são selecionadas uma a uma para serem utilizadas em um processo bem minucioso, que vai garantir a qualidade do nosso chocolate”, informou Priscila.

E para concluir, Letícia salienta que o empreendimento é a concretização de um sonho. “Consideramos marcante todas as nossas conquistas ao longo desses quatro anos de existência da marca, desde a aquisição de novos equipamentos à mudança de endereço e abertura da loja física”.

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