Crise hídrica: o pior ainda está por vir no ES
por Redação Conexão Safra
em 17/04/2015 às 0h00
4 min de leitura
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Filipe Rodrigues
Alguns dias de chuva fina foram suficientes para adormecer o debate em torno da crise hídrica. Os municípios decretaram suas situações de emergência, o governo contabilizou as perdas e a população foi orientada a consumir água de forma consciente. E ponto. Não se fala mais no assunto.
O problema é que o produtor rural está lá no campo, longe dos grandes centros urbanos, e apesar de parecer que está tudo bem, não está. O período de seca apenas começou e isso vai refletir diretamente na oferta, consequentemente, na demanda.
O presidente do Sindicato Rural de Cachoeiro, Wesley Mendes, já prevê um cenário catastrófico para a agricultura capixaba. E o fator “desastre natural ” não é o único responsável por isso. Pelo contrário, um acúmulo de erros e omissões, segundo ele, agravam uma situação que poderia ser superada se houvesse sensibilidade por parte do Governo Federal, principalmente.
“Estamos no centro de uma crise. Se a vaca for para o brejo, vai todo mundo junto, porque o produtor rural é a ponta do problema. Se ficar ruim para ele, vai ficar para todo mundo. A crise não passou e as soluções apresentadas até agora não passam nem perto do ideal para solucionar os problemas ”, comentou Wesley.
O Governo do Espírito Santo já estimou que as perdas com a seca no setor agropecuário devem chegar a R$ 1,7 bilhões. Para Wesley, o produtor rural deverá começar a se recuperar apenas no final de 2017 ou em 2018.
Prorrogar o pagamento de dívida não é solução
Recentemente, o Governo do Estado divulgou uma cartilha para orientar o produtor rural a ter acesso ao seguro da safra ou como prorrogar as prestações de empréstimos feitos e que vencerão este ano.
Para o presidente do Sindicato Rural de Cachoeiro, foi uma medida paliativa, que não contempla todo mundo que trabalha no campo. Para ele, o que existe, na verdade, “é um descaso por parte do Governo Federal com o Espírito Santo, já que outros estados da federação que passaram por situação semelhante em outros tempos, receberam tratamento melhor, inclusive, com perdão de dívidas ”.
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Wesley destaca que a prorrogação da dívida não é uma solução viável por um simples motivo: o produtor fica impossibilidade de contrair novos créditos. “O sujeito vai poder adiar o pagamento, mas não vai ter recurso para mais nada, porque o nome dele fica no SPC. Então, como que o produtor, que teve queda brusca na sua arrecadação este ano, vai conseguir pagar sua dívida, sustentar sua família e ainda investir para o ano que vem? É impossível ”, enfatizou.
Ele faz questão de frisar, inclusive, que nenhum produtor está pedindo anistia de dívidas. “Todo mundo quer pagar o empréstimo que contraiu, mas precisa de um reforço maior nesse período atípico. O Governo Federal simplesmente não atende nossas reivindicações e estamos ficando numa situação difícil que vai repercutir negativamente para a economia capixaba como um todo ”, alertou o presidente do Sindicato Rural.
Crise é no Sul do ES inteiro
O presidente do Sindicato Rural desenha um cenário ruim para a região sul capixaba este ano e o próximo. Segundo ele, a queda na produção de leite e de café, principalmente, além das outras culturas, vai causar um impacto diretamente para o consumidor. Mas ele apresenta alguns números para ilustrar essa baixa.
“O valor de empréstimos contraídos no ano passado foi algo em torno de R$ 120 milhões. Como a prorrogação do pagamento dessa dívida inviabiliza novos créditos, esse valor será bem menor esse ano. Isso significa que teremos menos recurso circulando no mercado e o enfraquecimento da economia ”, pontou Wesley.
Ele acrescenta: “no sul do Estado temos quase três mil produtores de leite. A crise que nos afeta é a pior nos últimos 50 anos. Com a falta de produção, teremos menos oferta. Teve produtor de café que produziu 75% a menos ”.
E finaliza: “como não bastasse todos esses problemas naturais e de governo, agora temos a invasão de lagarta no pasto em Cachoeiro, Castelo, Itapemirim e Alegre, entre outros. Ou seja, o que era ruim, vai ficar ainda pior ”.
Fonte: site AQUI ES
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