Criador do termo “biofortificação” fala sobre a importância do Brasil no combate a fome oculta
Steve Beebe é pesquisador no Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT) e também uma das maiores autoridades no que diz respeito ao melhoramento de feijões
por Redação Conexão Safra
em 01/06/2017 às 0h00
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Steve Beebe é pesquisador no Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT) e também uma das maiores autoridades no que diz respeito ao melhoramento de feijões. Após sua apresentação no Programa Cooperativo Centroamericano para Melhoramento de Cultivos e Animais (PCCMCA), em El Salvador, ele comentou sobre o importante papel que o Brasil vem exercendo não só na América Latina, mas em todo o mundo. “O modelo de trabalho no Brasil, que se aproxima da cesta básica de alimentos de determinada população, é admirável. Tudo fica ainda mais especial, quando estamos falando de um país que é um dos maiores produtores de feijões, tanto em termos de área plantada quanto de área colhida. ” Beebe, que também atua junto do programa de pesquisa HarvestPlus, mostra otimismo em relação aos hábitos alimentares brasileiros. “Nos países desenvolvidos, as pessoas tendem a comer menos legumes, porém esse não é o caso no Brasil conforme o vemos se desenvolvendo. O país continua com uma boa dieta, o que é muito bom no longo prazo. ”
O pesquisador lembra como os alimentos biofortificados têm sido um diferencial para o auxílio nutricional às crianças, principalmente, àquelas menores de dois anos de idade. Ele contou um pouco sobre o raciocínio utilizado na pesquisa, que dá importância aos primeiros mil dias de vida. “Esse período, que vai até os dois anos de idade, é crítico para o desenvolvimento do ser humano e, então, extremamente importante que nós sejamos capazes de suprir as gestantes e os recém-nascidos com os nutrientes necessários. ” Aponta o melhorista.
Em determinado momento do evento, ele aproveitou e contou como curiosidade a origem do nome “biofortificação ”. “Eu estava com representantes da Fundação Bill e Melinda Gates e nós conversávamos sobre essa ideia, o conceito de aumentar os níveis de micronutrientes em cultivos básicos para a alimentação. Para explicar isso eu disse que seria como a fortificação, só que por meio de melhoramento convencional, podendo assim ser chamada de biofortificação. ” Conclui Steve Beebe.
Realizado no período de 16 a 19 de maio, o PCCMCA 2017 reuniu aproximadamente 350 pesquisadores e contou com uma gama de apresentações e mesas de trabalho focadas em biofortificação. Os resultados alcançados no Brasil foram expostos por pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) que estavam representando o HarvestPlus America Latina e Caribe. Guilherme Abreu (Embrapa Cocais), Marília Nutti (Embrapa Agroindústria de Alimentos), José Luiz Viana de Carvalho (Embrapa Agroindústria de Alimentos) e Paulo Evaristo Guimarães (Embrapa Milho e Sorgo) explicaram o andamento das pesquisas de melhoramento de arroz e milho, assim como o fortalecimento nos esforços de transferência de tecnologia, que cada vez mais vêm encontrando espaço nos estados do Maranhão e Piauí.
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O PCCMCA 2017 é uma realização do Centro Nacional de Tecnologia Agropecuária e Florestal “Enrique Álvarez Córdova ” (CENTA).
Rede BioFORT
O trabalho de biofortificação no Brasil é realizado pela Rede BioFORT, cuja líder é a pesquisadora da Embrapa Agroindústria de Alimentos, Marília Nutti. A Rede BioFORT é responsável por englobar todos os projetos de biofortificação de alimentos no Brasil, sendo atualmente coordenada pela Embrapa. Dentre suas parcerias, está a feita com a instituição de pesquisa HarvestPlus, além do CNPq e diversas fundações estaduais de suporte a pesquisa. A partir da utilização da técnica de melhoramento convencional, é selecionado e aumentado o conteúdo de micronutrientes dos seguintes cultivares: arroz, feijão, batata-doce, mandioca, milho, feijão-caupi, abóbora e trigo. Novas culturas são geradas contendo maiores teores de pró-vitamina A, ferro e zinco, fortalecendo assim o combate à deficiência de micronutrientes no organismo humano.
Segundo dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, 2013), 48% das crianças no mundo com menos de cinco anos de idade apresentam anemia (deficiência de ferro) e 30% possuem deficiência em vitamina A. No Brasil, os números também são altos, tendo 55% das crianças com menos de cinco anos de idade apresentando deficiência de ferro e 13% com deficiência em vitamina A. Essa ausência crucial de micronutrientes no organismo pode provocar uma evolução em sintomas como cegueira noturna, anemia e diarreia, levando até ao falecimento de indivíduos, principalmente crianças, frente ao quadro de fome oculta.
?Fonte:Embrapa Agroindústria de Alimentos
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