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Capixaba cultiva pimenta mais ardida do mundo em Cariacica (ES)

A Carolina Reaper entrou no Livro dos Recordes, em 2017, como a mais forte do mundo

por Leandro Fidelis

em 07/12/2023 às 0h58

4 min de leitura

Capixaba cultiva pimenta mais ardida do mundo em Cariacica (ES)

Foto: divulgação

*Matéria publicada originalmente em 06/08/2021

A pimenta norte-americana Carolina Reaper entrou no Livro dos Recordes, em 2017, como a mais forte do mundo. Originária da Carolina do Sul, é 300 vezes mais picante do que a jalapeño, com mil unidades na escala de ardência. Só para se ter ideia, a Carolina Reaper tem 1,5 milhão. No spray de pimenta só dá ela!

O produtor rural Rodrigo Batista (42), de Vila Cajueiro, zona rural de Cariacica, na Grande Vitória, conheceu a pimenta em 2019 em uma viagem de visita à filha, nos Estados Unidos. Hoje, é o único capixaba a utilizar a Carolina Reaper como matéria-prima na produção artesanal de molhos e geleias. E ele vai aumentar a área de produção até 2022.

“Ganhei cinco sementes de um amigo. Até que, um mês depois, plantei as sementes no sítio”, conta Rodrigo, proprietário do Haras Mirante da Ilha, a 10 km de Campo Grande, onde cria cavalo, vacas, carneiro e tilápias, essas fornecidas para a merenda escolar do município.

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As sementes vingaram rápido e, transformadas em mudas, resultaram em 20 pés de Carolina Reaper. Animado com a novidade, o produtor acabou com uma área de capim para alimentar os animais e plantou mais pimenta. Atualmente, são 400 plantas em produção.

Então, sem muita prática, os primeiros testes foram marcados por surpresas. “Não conseguia acertar a mão. Colocava no azeite e os vidros estouravam, de tão forte que a pimenta é. Quando comecei a fazer geleia, usava três pimentas para fazer nove potes, mas ninguém conseguia comer”, comenta Rodrigo.

Pimenta em curso

O produtor se inscreveu, então, num curso na internet com um especialista. E assim conheceu alguns segredos e cuidados para manipular a Carolina Reaper. Um deles é o uso de EPI (Equipamento de Proteção Individual), indispensável para evitar contato da pimenta com a pele e permitir respirar normalmente.

Outro aprendizado importante foi a necessidade de deixar a pimenta repousar dez dias antes de ser processada. “Depois do curso, a receita com três pimentas agora rende trinta e três potes de geleia, prontos para o consumo”.

Rodrigo produz artesanalmente geleia tradicional que leva cebola, maçã, laranja e limão e outra com abacaxi no lugar da cebola, além da pimenta em conserva no vinagre e no azeite. Os produtos com a marca “Mirante da Ilha” são vendidos em pequenos comércios de Cariacica e numa pedra da Ceasa.

E a pimenta mais ardida do mundo desperta curiosidade na cidade. Portanto, Rodrigo sempre leva um pote com amostras para os interessados em experimentá-la. “Quase ninguém conhece e quando come chega a sair lágrima do olho. Mas depois que a pessoa acostuma, fica viciada. Toda hora quer comê-la, porque abre o apetite”, garante.

O irmão Flávio Batista (41) foi um desses corajosos. “O sabor dela é muito bom, mas a ardência é muito forte e diferente da pimenta malagueta. Ela abre o apetite, deixa o alimento legal, mas não usada em excesso”, diz o tatuador.

Flávio diz que foi o “termômetro” para o irmão ajustar o sabor da geleia nos primeiros testes. “Quando ele fazia, me chamava para experimentar. No primeiro contato na língua, a impressão é de que vai arder muito. Arde ao se espalhar na boca, mas o sabor doce da geleia sobressai depois”.

Projetos

A aceitação dos consumidores com os produtos caseiros animou Rodrigo Batista a investir em uma agroindústria. Dessa forma, o produtor está montando uma minifábrica e só falta a vistoria para obter o selo da Vigilância Sanitária autorizando a venda das geleias e molhos nos supermercados locais.

“A Prefeitura de Cariacica está ajudando muito com o processo. Já tive encomenda de mil vidros, mas preciso legalizar a minifábrica”, diz.

Rodrigo contratou um funcionário para ajudar na produção e ainda conta com apoio do filho de 16 anos. A ideia é produzir mostarda, molho barbecue, ketchup e pasta básica à base da pimenta Carolina Reaper. Para isso, o produtor está expandindo o pimental. Ele tem 1.000 mudas em produção, e a meta é chegar a 5.000 pés, ocupando mais uma área, de 20 mil m², da propriedade.

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