Caparaó sedia pela primeira vez disputa entre baristas
Além da estreia do Brasileiro de Aeropress na divisa entre Espírito Santo e Minas, foi a primeira vez no mundo que o concurso aconteceu em uma região produtora. Carioca venceu outros 26 competidores e vai disputar final na Coreia do Sul
por Redação Conexão Safra
em 20/07/2017 às 0h00
5 min de leitura
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Tarcísio de Lacerda entrega troféu a campeão Leo Gonçalves. |
Conhecida região produtora decafés, a Serra do Caparaó sediou pelaprimeira vez um evento internacional.No dia 27 de maio, o Sítio SantaRita, no Distrito de Pedra Menina,na divisa entre Espera Feliz (MG)e Dores do Rio Preto (ES), recebeu27 baristas de todo o país para adisputa do 3º Campeonato Brasileirode Aeropress. Centenas de pessoasacompanharam a disputa que sagrouo carioca Leonardo Gonçalves (RJ)campeão nacional e representantedo Brasil no Mundial em novembro,em Seul (Coreia do Sul).
Diferente de tudo já visto pelosprodutores da região, o concurso atraibaristas com domínio no preparo decafés utilizando a famosa cafeteiraAeropress. Similar a uma seringa, comesse modelo basta posicionar o filtro de papel (ou metal) na tampinha vasada,colocar o café na moagem dentrodo reservatório cilíndrico, deixar umtempinho infusionando e pressionara massa com a outra parte do equipamentodiretamente na xícara.
A partir de grãos especiais colhidosa 1.250m de altitude, cada baristateve oito minutos para preparar suabebida e tentar conquistar os juradosem provas às cegas. As etapas eliminatóriassão realizadas com três competidorespor vez, classificando os autoresdos melhores cafés para as finais.
Feito inédito
A competição ocorreu dentroda estufa para secagem de café, noterreiro da propriedade rural. Essefeito foi considerado inédito nahistória do campeonato em nívelmundial. O Sítio Santa Rita, deTarcísio Maria de Lacerda, é referênciana produção de cafés arábicas finose ainda conta com o empreendimento“A Cafeteria ”. Inaugurada hátrês anos, a cafeteria é comandadapelo genro do proprietário, o baristaFred Ayres, que intermediou a vindada competição para o Caparaó.
A organização do Campeonatoé do diretor da Terceira OndaConsultoria em Café, o norueguêsEystein Veflingstad, e contou comapoio da Caparaó Júnior, empresaformada por estudantes do InstitutoFederal do Espírito Santo (Ifes),campus Alegre. Ayres destaca queo Campeonato de Aeropress nãoteve fins lucrativos e promoveu umintercâmbio entre as duas pontas dacafeicultura: cafeicultores e baristas.
“A realização do evento na propriedadefoi surreal, porque foi aprimeira vez no mundo que aconteceunuma fazenda no interior eprodutora de cafés. Convidamosvários produtores da região para teresse primeiro contato com o universomais glamouroso e festivo do café.
“Convidamos vários produtores daregião para ter esse primeiro contatocom o universo mais glamourosoe festivo do café ”
(fred ayres-barista anf itrião)
A ideia é mostrar que café não é sóesse lado sofrido na lavoura, existeoutro nicho de mercado, formandopor pessoas que não conhecem umcultivo, mas também se dedicam aoproduto café. O campeonato acabaconectando todo mundo ”, avalia.
O evento também aumentou avisibilidade da Serra do Caparaó.Muitos baristas aproveitaram a ocasiãopara fazer roteiros em fazendas cafeeirase conhecer mais a região doentorno do Pico da Bandeira. “Éa oportunidade para fazer amigos.Quando se criam laços de amizade,se faz mais que negócios. Criam-separcerias com pessoas do mundo inteiro ligadas ao café ”, completa Ayres.
Mais Conexão Safra
O primeiro Campeonato deAeropress foi realizado em 2008,na Noruega e rapidamente a novidadese espalhou pelo mundo. No Brasil, as edições anteriores foramrealizadas em São Paulo e Curitiba.
Sabor elogiado
O Campeonato Brasileiro deAeropress reuniu todas as “tribos ” docafé. Mas, sem dúvida, os baristasse destacaram pelo jeito alternativo,imprimindo a marca dos grandescentros no contexto rural ondeaconteceu a competição deste ano.Para muitos profissionais- apesar doconvívio diário com grãos de origensdiversas-, a realização na Serra doCaparaó foi uma rara oportunidadede ficar perto das plantações.
O barista Hugo Rocco (32),de Curitiba, pisou pela primeiravez na região e se impressionoucom a doçura dos cafés locais. Elefoi campeão brasileiro em 2016 econquistou a terceira colocação noMundial do mesmo ano em Dublin, na Irlanda. “Impressionante comoaqui tem cafezal por todo lado. Éuma região diferente, de pequenosprodutores, e de cafés muito docese complexos. E o evento acontecerno meio do terreiro é épico! Vai ficarna história do campeonato ”, diz.
Marília Balzani (28), barista de BeloHorizonte, ficou em terceiro lugarna etapa da Serra do Caparaó. Elacompartilha das impressões do colegade profissão sobre as característicasdos cafés locais. “É muito louco, bemdifícil de definir, pois são grãos comdoçura e acidez equilibrada ”, avalia.Sobre a Aeropress, Marília conta quefoi o primeiro método para prepararcafé que conheceu. “A cafeteira traz mais possibilidades de trabalhar comcafés de acidez e corpos diferentes.Dá para se explorar mil alternativas. ”
Paixão deinfância
O campeão da vez, LeonardoGonçalves (32) relata umaligação desde a infância coma região. Para ele, a vitória emum lugar tão familiar tem umsabor especial. “Antes de tomarcafé, já frequentava o Caparaópara curtir a natureza com osamigos. Há seis anos, passei aenxergar a região de outra forma,focado nos cafés ”, conta.
O barista pretende levar consigoa “energia ” do Caparaó para vencero Mundial de Aeropress em Seul.“O segredo é ficar tranquilo, colocaraquela energia boa da natureza, ecomo um alquimista, preparar umabebida que agrade a todos. Levominha Aeropress nas viagens e a usomuito ao ar livre. Tenho um carinhogrande pela cafeteria ”, diz Gonçalves.
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