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Geral

Associação de produtores rurais de Palmeiras

por Redação Conexão Safra

em 08/10/2013 às 0h00

6 min de leitura

Associação de produtores rurais de Palmeiras

O sul capixaba é rico em experiências positivas no meio rural. E uma das histórias que estamos trazendo nesta edição é da Associação de Produtores Rurais de Palmeiras (AMOP), em Mimoso do Sul. Uma experiência associativista que está dando muito certo e nos enche de alegria por perceber que, quando uma ideia é abraçada por um grupo inteiro e executada com responsabilidade, pode mudar a realidade de muitas pessoas.


Cerca de quarenta famílias (mais de 200 pessoas) formam a Associação que, por sua gestão e organização, conseguiu excelentes resultados, não só em produtividade. Eles ganharam muito mais que isso: dignidade e qualidade de vida. Com tantas experiências positivas para mostrar, o grupo ganhou espaço na mídia nacional. O programa Globo Rural, da Rede Globo de Televisão, produziu um especial sobre a comunidade em julho de 2012 e em janeiro de 2013 o programa foi reprisado, como uma das melhores produções do ano anterior. Em pleno sábado de Carnaval, a equipe da revista SAFRA ES esteve na comunidade para conhecer de perto a experiência do grupo. Um privilégio para nós. O associado da AMOP e produtor rural José Cláudio Carvalho nos recebeu gentilmente com sua esposa, Rosa, e seus filhos.


Cláudio foi o associado que escreveu e enviou a carta para o programa de televisão. Ele conta como tudo aconteceu. “”Foi tudo muito rápido. A produção se interessou pela história e rapidamente marcou a gravação. Em dois meses eles fizeram o contato e já estavam aqui conosco, em plena colheita de café. Nem acreditamos. A equipe esteve por aqui por quase uma semana. Foi incrível ”.


José Cláudio é um dos ex- -presidentes da Associação e relata como a rotina da comunidade mudou depois da exibição do programa. “De repente, começamos a receber pessoas de todo o estado para visitar nossa comunidade. E-mails até da Alemanha de gente querendo conhecer nosso trabalho. Sem dúvida, a reportagem, que foi feita com muito cuidado, nos deu uma visibilidade imensa. Com isso, nossa responsabilidade aumentou ainda mais. Viramos referência em associativismo e só vemos tudo isso de forma muito positiva. Mas sabemos que é só começo, porque ainda há muito o que fazer. ”


Tradição e religiosidade

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Tudo em Palmeiras tem a ver com suas raízes, suas histórias e suas tradições. As propriedades começaram a se formar pelos idos de 1910, mas os cultivos se desenvolveram a partir da década de 50. Os produtores têm, basicamente, a mesma estrutura e condição financeira. Os principais cultivos são banana e, principalmente, café conilon, produto mais importante da região.


As propriedades são pequenas e variam em torno de três a cinco hectares. Iniciou-se recentemente um trabalho no grupo de estímulo à fruticultura principalmente de manga, goiaba e acerola visando a produção e a comercialização de polpa de fruta concentrada. A ideia é trabalhar como acontece com o café, a plantação é individualizada, por propriedade e a comercialização feita via associação.


As propriedades têm administração independente e cultivos distintos e quando há interesse comum de toda a comunidade, algumas tarefas são desempenhadas em mutirão. “A colheita de café é um momento em que nos ajudamos ainda mais, em esquema de mutirão. E em tudo procuramos ser democráticos. A ordem da colheita ou da secagem do café, por exemplo, sempre decidimos por sorteio, para não haver privilégio para ninguém. Afinal, somos iguais ”. A declaração é de Isaque Teodoro, atual presidente da AMOP. Um jovem com pouco mais de 30 anos de idade, que faz parte da segunda geração de associados. Isaque, assim como José Cláudio, é filho de fundadores da Associação.


A forte religiosidade da comunidade sempre uniu o grupo. Acostumados às reuniões da comunidade católica, os produtores já tinham por hábito participar das celebrações e estudos bíblicos em grupos. “Com certeza, nossa experiência em comunidade serviu de base para estabelecermos as diretrizes do trabalho na Associação. Já sabíamos das dificuldades, mas também dos benefícios de caminhar unidos, porque fácil não é, como tudo na vida, e requer de nós a cada dia, muito esforço para pensarmos sempre na coletividade. Em cada situação que aparece, sempre temos um novo aprendizado ”, confirma José Cláudio.


Foco nos resultados coletivos

Todas as decisões do grupo são resolvidas em reuniões, sem exceção, seja sobre captação de recursos, projetos, aquisição de equipamento e até contratação de serviços. “Temos consciência de quem nem tudo é importante para a nossa comunidade. Por exemplo, há pouco tempo nos ofereceram um trator muito potente, mas com o nosso relevo acidentado, não serviria para todos. Com certeza atenderia muito mais a uma outra comunidade. Agradecemos, mas não aceitamos o trator. Queremos e aproveitamos ao máximo o que precisamos e o que será útil para todos. Temos outras prioridades já eleitas por todo o grupo ”, esclarece Isaque Teodoro.


O início da Associação

Quem vive em Palmeiras sabe como a história da comunidade foi importante para promover tamanha transformação. No passado tudo era muito difícil. Muito trabalho, mas pouco dinheiro. “Trabalhávamos de forma desorganizada e não tínhamos produtividade ”, relata José Cláudio.


As transformações em Palmeiras começaram em 1991, ano em que um madeireiro de fora da cidade comprou um lote de terra e começou a cortar árvores no alto do morro. O desmatamento, que colocava em risco as nascentes e os rios da comunidade, gerou uma reação. “Imediatamente nós nos unimos, fi zemos um abaixo-assinado e tentamos envolver órgãos que pudessem nos ajudar. Em uma semana, nós conseguimos impedir a derrubada ”, diz o agricultor e associado Juvanildo Machado.


Além de salvar as nascentes, a reação dos agricultores marcou uma mudança de atitude. Pela primeira vez, eles agiram em grupo. No início, a associação, fundada em 1992, enfrentou difi culdades. Como a experiência era nova, muitas pessoas desconfi avam desse tipo de trabalho. Aos poucos, com muitas conversas, acertos e erros, as reuniões foram fi cando cheias e o resultado apareceu.


Na primeira mudança, os agricultores começaram a trabalhar nas lavouras em um esquema de mutirão. Trabalhando em grupo os vizinhos não precisavam mais gastar com mão de obra na hora da colheita.


Motivados pelo novo ambiente de trabalho, os agricultores decidiram resolver a questão da baixa produtividade das lavouras de café, outro problema sério da comunidade. Para isso entraram em contato com entidades de pesquisa e assistência técnica da região.


O primeiro socorro veio do Incaper. Os agricultores passaram a receber visitas regulares de agrônomos e técnicos. Foi uma fase de aprendizado. Naquele tempo, as lavouras eram antigas e pouco adensadas. As plantas tinham muita praga e davam pouco café. As melhorias causaram uma disparada na produtividade das lavouras. Antes, os agricultores não colhiam mais do que dez sacas por hectare. Hoje, a colheita, na mesma área, passa facilmente de 70 sacas.


As primeiras conquistas ligadas à associação foram tão positivas que acabaram mudando o &acirc,nimo de toda a comunidade. Muitos jovens agricultores, que já tinham largado o estudo, resolveram voltar para a escola e se formar no ensino médio




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