ANCP e Embrapa lançam ferramenta para identificar animais de carne macia
por Redação Conexão Safra
em 06/09/2017 às 0h00
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Professor Raysildo Lobo, presidente da ANCP, afirma que ‘esse é um novo marco para a raça Nelore e pode contribuir para aumentar o valor agregado da carne brasileira’. Foto: ANCP |
A Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP), de Ribeirão Preto (SP), em parceria com a Embrapa Cerrados, de Planaltina (DF), lançou a Diferença Esperada na Progênie (DEP) para maciez da carne (DMAC). Esta ferramenta permite comparar o mérito genético de animais e possibilita identificar os que forem superiores para essa característica, além de predizer a capacidade de transmiti-la à sua progênie com acurácia de 32% a 56%.
Este é o primeiro programa de melhoramento genético do País a utilizar a metodologia, voltada para gado de corte. A nova tecnologia já está presente no Sumário de Touros, lançado no dia 21 de agosto, durante a ExpoGenética 2017, em Uberaba (MG).
“Esse é um novo marco para a raça Nelore e pode contribuir para aumentar o valor agregado da carne brasileira ”, afirma o professor Raysildo Lôbo, presidente da ANCP. Segundo ele, a DEP de maciez de carne, como quaisquer características, deve ser utilizada de forma comparativa.
“Animais com DEPs menores apresentam carne mais macia que aqueles com DEPs maiores ”, diz Lôbo. “Portanto, na seleção, devem-se priorizar os touros com menores DEPs e utilizar preferencialmente os que apresentarem DEP negativa para maciez da carne. ”
Segundo o criador Carlos Viacava, dono da marca Nelore Mocho CV, essa ferramenta vai possibilitar ao País exportar carne macia. “Maior raça isolada produtora de carne do mundo, o Nelore passa, agora, a frequentar os mercados mais exigentes. É preciso difundir esse trabalho em benefício da pecuária brasileira e da balança comercial brasileira ”, acrescenta.
BASE DE DADOS
Para identificar os animais capazes de produzir carne macia, foram utilizadas informações da Embrapa Cerrados, com base nos abates técnicos da Guaporé Pecuária, da seleção de Nelore Mocho da Marca OB, de Ovídio Carlos de Brito. Também foram incorporados dados da marca Nelore CV, de Carlos Viacava, e BRGN, da própria Embrapa.
“O convênio entre a Embrapa e a ANCP possibilitou a definição de um conjunto de marcadores moleculares associados à maciez, validados pelos fenótipos correspondentes, o que viabilizou a estimativa de DEPs para essa característica ”, afirma Carlos Viacava.
Segundo Carlos Viacava, dono da marca Nelore Mocho CV, essa ferramenta vai possibilitar ao País exportar carne macia. Foto: divulgação
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De acordo com Viacava, há mais de 20 anos, o pesquisador Claudio Magnabosco, da Embrapa, começou as pesquisas de marmoreio e maciez de carne com animais do criador Ovídio Carlos. “Na época precisávamos abater os animais para definir os pais que produziam filhos com carne macia ”, diz ele.
EFICIÊNCIA ALIMENTAR
Outras duas novas DEPs de eficiência alimentar também foram incorporadas ao programa de melhoramento genético Nelore Brasil, da ANCP: para Consumo Alimentar Residual (CAR) e Ingestão de Matéria Seca (DMIS).
As predições sobre eficiência alimentar foram realizadas a partir de informações genotípicas e fenotípicas de animais Nelore do rebanho do Rancho da Matinha, de Luciano Borges Ribeiro, e dos participantes das provas de eficiência alimentar realizadas pela Universidade Federal de Uberlândia (MG).
Para as predições genômicas relacionadas à maciez de carne, ao consumo alimentar residual e à ingestão de matéria seca, foram incluídos 1.587.819 animais da raça Nelore na matriz de parentesco, sendo que 9.389 possuíam genótipos para 735.044 marcadores do tipo SNPs, que têm como base as alterações elementares da molécula de DNA.
GENÔMICA
As pesquisas em genômica no Brasil começaram há dez nos, com as informações moleculares pela análise do DNA. “Foi um século de progresso em dez anos ”, afirma Viacava. Segundo ele, a ANCP possui o maior banco de genótipos avaliados com o Clarifide da Zoetis.
De acordo com o dono do Nelore Mocho CV, o banco de dados da entidade dispõe de 13 mil genótipos, a um custo em torno de R$ 150 reais cada um, financiado pelos criadores do programa, além de mil genótipos em alta resolução, bancados pelo Clarifide da Zoetis, estimados em R$ 3 milhões.
Fonte: SNA/SP
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