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“O agronegócio é o diferencial do mundo, em recursos, na geração de renda para o produtor e suas famílias”

"Há pouco mais de um mês na Superintendência do Senar-ES , Letícia Simões recebeu a Revista SAFRA ES para uma descontraída entrevista. E não faltou assunto. Trabalho, família, agricultura, machismo,"

por Redação Conexão Safra

em 05/11/2015 às 0h00

7 min de leitura

“O agronegócio é o diferencial do mundo, em recursos, na geração de renda para o produtor e suas famílias”

Há pouco mais de um mês na Superintendência do Senar-ES , Letícia Simões recebeu a Revista SAFRA ES para uma descontraída entrevista. E não faltou assunto. Trabalho, família, agricultura, machismo, desafios, resultados. Vários temas rechearam nossa conversa. Descobrimos uma mulher alegre, bem disposta e, principalmente, de bem com a vida. Determinada, guerreira e extremamente focada, ela é categórica quando diz que adora um desafio. Vamos conhecer um pouco
dessa capixaba arretada, de Itarana, “com muito orgulho ”.

Trabalhar com produtores rurais é muito gratificante, não importa a atividade, seja ela café, cacau, mamão, uva, pecuária de leite. Todos os segmento s necessitam de gestão. E a qualificação tem um peso importante


Letícia, sua família é do interior
do estado? Já tinha alguma
ligação com o campo?

Sou filha de produtores rurais. Apenas nasci em uma maternidade em Vila Velha, no dia seguinte fui para Itarana e vivi lá até os meus 22 anos de idade, quando me mudei para estudar em Vitória. Meu pai está aposentado, mas ainda trabalha da roça. Meu irmão vive, totalmente,
da atividade rural. Seu ganho vem todo da pecuária leiteira.

Você tem um história marcante o Sebrae. Como foi sua passagem por lá?


Trabalhei por 15 anos no Sebrae. Tive uma trajetória de muitos desafios e conquistas. Foi minha escola de vida. Passei por quase todos os departamentos. Comecei como funcionária terceirizada, como uma estagiária.

Fui para o tele atendimento, depois atendi no balcão, até que em uma Agência de Desenvolvimento Local (ADR), passei a ter contato direto com o interior, na área rural e assumi como gestora de projetos do segmento.

Em 2007, atuei na Secretaria de Agricultura do Estado (SEAG), por quase dois anos, na gerência da agricultura orgânica. E retornei ao Sebrae, desta vez na gerência do agronegócio em 2009, um grande desafio profissional.

Sua carreira, então, é toda ligada ao agronegócio. Qual é a sua visão do segmento?

O agronegócio é o diferencial do mundo, em recursos, na geração de renda para o produtor e suas famílias. A produção de alimentos, para mim, é sagrada!

O produtor não tem final de semana, como um trabalhador de uma indústria, por exemplo, com descanso remunerado, férias. É uma luta de sol a sol, de segunda a segunda. Tenho imenso respeito por eles.

Trabalhar com produtores rurais é muito gratificante, não importa a atividade, seja ela café, cacau, mamão, uva, pecuária de leite, e todos os segmentos necessitam de gestão. A qualificação
tem um peso importante.

Ainda há muito preconceito, mas o produtor não deve ser visto como “coitadinho ”. Ele carece de informação. E o agronegócio evolui com rapidez, é só observar a evolução
tecnológica para perceber isso.

O agronegócio abrange uma grande cadeia, que engloba insumos, implementos, tecnologia. Até a própria visão do Sebrae avançou muito. Houve uma importante mudança cultural.

Que tipo de mudança cultural?

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Uma atenção maior. Para se ter uma ideia, em 2009 o orçamento do Sebrae destinado ao agronegócio no Espírito Santo era de 1 milhão e meio de reais. Em 2015 são 13 de milhões de reais por ano para o desenvolvimento da agropecuária no estado. E com essa mudança, vieram as cobranças, logicamente… Sim, as metas institucionais eram propostas, mas sempre tivemos liberdade para desempenhar nosso trabalho. Contei com o apoio irrestrito da diretoria do Sebrae. E os resultados sempre foram alcançados graças a uma equipe diferenciada, de alta performance.

No início da atual gestão do governador Paulo Hartung, em janeiro deste ano, você ocupou a direção do Incaper por menos de três meses. Qual foi o motivo da sua saída?

Houve uma grande especulação, mas não permaneci na instituição por uma questão de legalidade processual no regime de trabalho. No Senar houve a compatibilidade com o que regia meu vínculo trabalhista no Sebrae, e que garantia meu salário e os benefícios que tinha adquirido. Mas foi uma experiência gratificante e desafiadora estar à frente de um dos maiores institutos de pesquisa e extensão rural do país.

E sua ida para a Superintendência do Senar, foi surpresa?

Foi uma grata surpresa. As primeiras impressões que tive do Senar foram extremamente positivas. Destaco aqui o método de trabalho da instituição.

Não poderia deixar de agradecer pelo grande carinho que recebi de toda a equipe, pontuando o Dr. Júlio Rocha. Quero também registrar que me sinto muito horada em desempenhar a mesma função do querido Neuzedino.

Trata-se de mais um desafio em sua vida?

É um desafio estimulante. A grande maioria das propriedades rurais do nosso estado é composta por agricultores familiares, cerca de 80%, com até quatro módulos fiscais, que carece de diversificação, para ter rentabilidade e margem de lucro. E o produtor rural procura por capacitação. Daí a grande importância do Senar neste cenário.

A minha relação com o Senar sempre foi de grande parceria. Vou trabalhar para somar ainda mais ao sistema, em prol da agricultura, somando esforços e nunca dividindo, reforçando vínculos com as instituições que têm a mesma finalidade: a SEAG, o Incaper, o Sebrae, e ouvir, ouvir muito, trabalhar bastante e jamais desistir!

Ainda é raro ver uma mulher na direção de grandes corporações, ainda mais no segmento rural. Na sua trajetória profissional, você já sofreu algum tipo de preconceito neste sentido?

Sem dúvida, a mulher no meio rural ainda é exceção. Pelas fotos nos eventos e nas reuniões, percebemos que são poucas mulheres que ocupam cargos. Ainda somos vistas como sexo frágil ou meras coadjuvantes. O mercado ainda é machista. Pretendo desenvolver cada vez mais um trabalho voltado às mulheres. E não é fácil ser profissional, esposa, mãe, atender às expectativas dos homens que ficam de olho em você, o tempo todo. Busco sempre o equilíbrio. É imprescindível para harmonizar todas essas funções. Devo o que sou a Deus e ao apoio incondicional que recebo da minha família, que me apoia e me impulsiona o tempo todo. Família, pra mim, é tudo!

A minha relação com o Senar sempre foi de grande parceria. Vou trabalhar para somar ao sistema, em prol da agricultura, somando esforço s e nunca dividindo, reforçando vínculos com as instituições que têm a mesma fin alidade: a
EA G,
o Incaper, o Sebrae, e ouvir, ouvir muito , trabalhar bastante e jamais desistir!


Letícia Simões assumiu a superintendência do Senar-ES no início de setembro, função assumida anteriormente por Neuzedino Alves de Assis. Ela é administradora de empresas e tem vasta experiência de trabalho na área rural. Também é especialista em Gestão de Projetos e Gestão Estratégica. Possui MBA em Gestão de Negócios pela Fundação Instituto de Administração (FIA), em parceria com a Universidade de São Paulo (USP ). Chegou a ocupar a direção do Incaper por alguns meses no início deste ano.

Natural de Itarana, onde seus pais são agricultores, Letícia atuou por 15 anos no Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), sempre com atuação na área de desenvolvimento sustentável da área rural. Nos últimos cinco anos, atuou na Gerência de Atendimento ao Agronegócio do Sebrae, cujo foco de trabalho é com agricultores familiares. Letícia é casada com Eduardo e tem uma filha, Ana Paula.

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