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Fruticultura

Produção de graviola é alternativa de renda para agricultura familiar

Laranja da Terra é o maior produtor da fruta no Estado.

por Rosimeri Ronquetti

em 30/04/2024 às 5h51

4 min de leitura

Produção de graviola é alternativa de renda para agricultura familiar

Com o apoio do marido, Devair Neitzel, Marcileia começou a fazer polpa das graviolas que não eram comercializadas e a vender no comércio de Laranja da Terra.  Fotos: arquivo pessoal

O que hoje é uma moderna agroindústria, que produz até 30 mil quilos/mês de polpa de fruta, tendo como destino vários municípios do Espírito Santo e Minas Gerais, já se resumiu ao trabalho meramente artesanal: na sacolinha de chup-chup, feito na pia de casa, e entregue de porta em porta no comércio de Laranja da Terra, na região Serrana capixaba.

E pensar que quando plantaram os primeiros 200 pés de graviola no município, há 25 anos, os pioneiros no cultivo da fruta foram desacreditados pelos vizinhos. “Para eles, o que a gente estava fazendo era em vão porque, mesmo que a graviola produzisse, não teria comércio”, conta Devair Neitzel, um dos herdeiros do Sítio Cachoeirinha, na localidade de Vendinha, e um dos sócios da fábrica de polpa.

Atualmente, a produção da família Naitzel, cerca de 30 quilos por ano, se junta a de outros 40 pequenos produtores e faz de Laranja da Terra o maior produtor da fruta no Estado. Em 2022, a produção foi de 360 toneladas em uma área de 12 hectares, segundos os números da Produção Agrícola Municipal (PAM) de 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As espécies cultivadas são: Crioula, Morada e Blanca.

O engenheiro agrônomo e extensionista do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Anderson Pilon, explica que o clima quente da região, associado à textura média do solo e boa fertilidade, favorecem o cultivo da graviola no município. Em uma conta rápida, o especialista mostra que investir na produção da fruta é um bom negócio para a agricultura familiar.

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“Uma pessoa consegue tomar conta de, no máximo, cem plantas de graviola. Se considerarmos uma produção de cem frutas por pé, com média de três quilos por fruta, vamos ter 300 quilos por planta. Considerando um preço médio de R$ 4 o quilo, teremos R$ 1.200 por planta. Esse valor, multiplicado por cem plantas, resulta em R$ 120 mil por pessoa de receita bruta. É uma cultura rentável, que tem uma boa margem para o agricultor familiar”, afirma.

Atento aos números apresentados por Anderson, em 2019 o produtor Martim Delbone, do Córrego do Veado, em Sobreiro, se desfez de uma área de café e plantou graviola. Hoje, são 300 pés, 60 deles recém-plantados. No ano passado, Martim fez a primeira colheita e o resultado, segundo ele, foi melhor que o esperado.

O produtor enumera alguns fatores que motivaram a troca de culturas. “Diminuição de custo de produção e dos gastos com água para irrigar e o fato de ter uma cultura que produz por mais de 25 anos, sem precisar remover a terra e fazer nova irrigação”. A expectativa é produzir 300 quilos por pé e adquirir uma câmara fria para guardar as frutas e vender para fábricas de polpa.

 

Bons frutos

Outro exemplo de sucesso com produção de graviola é o da família do Eziel Fernandes Soares, da comunidade de Volta Grande. Há 15 anos, para diversificar a renda, ele resolveu investir no cultivo da fruta. A exemplo da família Naitzel, a perda de parte das frutas que maduravam e não dava tempo de vender deu início a um novo negócio.

“Nós começamos a despolpar a graviola e vendê-la para os amigos e vizinhos. E cada vez mais pessoas começaram a procurar pela polpa e passamos a deixar frutas madurar para despolpar. A partir daí, meu pai resolveu plantar goiaba, acerola, amora e pitanga e, há cinco anos, iniciamos nossa fábrica de polpa”, conta Hirys Elen Naetizel Soares, filha de Eziel e responsável pela gestão da agroindústria.

Hoje, são 80 pés de graviola das espécies Morada e Blanca e uma produção de cerca de 15 mil quilos por ano. Já a fábrica, nos meses de maior produção, chega a processar de 600 a 700 quilos de fruta.

 

 

 

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