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Economia

Crise dos fertilizantes pode afetar abastecimento do Brasil e influenciar preços das safras de 2023

por Fernanda Zandonadi

em 20/10/2021 às 17h37

3 min de leitura

Crise dos fertilizantes pode afetar abastecimento do Brasil e influenciar preços das safras de 2023

Foto: Pixabay

O mercado de fertilizantes brasileiro está no meio de uma “tempestade perfeita”. Além do dólar alto, o mundo experimenta escassez de insumos, sanções a países produtores e alta demanda de mercado. Na prática, isso vai se refletir não apenas no aumento de custo das plantações, mas nos preços dos alimentos ao consumidor final.

O Brasil ainda é muito dependente do mercado externo. De acordo com a Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), os produtores precisam fortemente de outros países para ter, no campo, o fosfato, o cloreto de potássio, a ureia e outros itens indispensáveis à lavoura.

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“De janeiro a julho de 2021, das cerca de 24 milhões de toneladas de fertilizantes entregues aos agricultores brasileiros, 20 milhões foram importadas. Dessa forma, dependemos muito do cenário internacional, que está complicado. Não apenas pelas taxas altíssimas de dólar, que refletem no mercado brasileiro. Mas também as incertezas do mercado. Com o arrefecimento da pandemia e retomada das economias, a compra de fertilizantes aumentou muito”, explica Jorge Dietrich, coordenador do Master Em Gestão e Marketing do Agronegócio da ESPM.

Sanções

Somando o fato de a demanda estar maior do que a oferta – o que inflaciona os preços – às sanções à Bielorrússia, a crise está instalada. O país responde por 20% da oferta mundial de potássio e o Brasil é o segundo maior comprador. “As sanções muito fortes, tanto da União Europeia quanto Estados Unidos e Canadá, afetou muito o mercado. Quanto ao fósforo, os gargalos maiores estão nos atrasos dos embarques em portos dos produtores”, explica Dietrich, que avalia, ainda, que há muita incerteza quanto ao fornecimento de nitrogênio e fósforo pelo mercado chinês.

“Isso tudo deixa o mercado bastante instável. Além do aumento muito grande – em alguns mercados ocorreu aumento de 200% no preço da ureia -, há a disparada do câmbio. Esses fatores, sem dúvida, vão impactar muito na próxima safra”.

Fertilizantes e próxima safra

O risco de desabastecimento de insumos é mais alto para a safra 2023, caso os países exportadores não regularizem a oferta e o Brasil não consiga desenvolver outros fornecedores ou estabelecer acordos preferenciais. “Na prática, essa incerteza tende a continuar inflando os preços no médio prazo”, explica Rodrigo Feix, professor da ESPM Porto Alegre.

Os alertas para o problema foram dados ainda no primeiro trimestre, mas muitos produtores focaram na eficiência operacional e não têm um planejamento econômico-financeiro eficiente, explica Feix. E, esse planejamento será essencial para permanecer no mercado.

“O agricultor vai ter de escolher a compra dos insumos em momentos que o mercado não está tão agitado. Entendo que o agro tem momentos em que não há escolha, tem de comprar. Mas, se isso puder ser feito com planejamento, é melhor”, sugere Jorge Dietrich.

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