pube
Crise Hídrica

Estiagem compromete produção de café, mamão e pimenta-do-reino

por Rosimeri Ronquetti

em 04/01/2024 às 6h56

3 min de leitura

Estiagem compromete produção de café, mamão e pimenta-do-reino

Foto: Bruno Pella

A estiagem e as altas temperaturas que atingem o Espírito Santo desde meados de outubro, deixam um rastro de perdas de produção de café, mamão e pimenta-do-reino, as três principais culturas das regiões Norte e Noroeste do Estado.  A situação climática é adversa e as condições são atípicas para o período do ano e, no caso do café, atrapalha o desenvolvimento dos grãos.

É o que explica o agente de extensão em desenvolvimento do Incaper de Rio Bananal, maior produtor de conilon capixaba, Bruno Pella. As perdas, segundo Bruno, para a safra 2024, podem chegar a 30%.

“Historicamente o último trimestre do ano é o período que mais chove. Porém, estamos com um déficit pluviométrico, falta de chuva, que chega a 80% abaixo da média para o período. Além disso, essa forte onda de calor, as temperaturas muito altas, a radiação solar muito intensa sobre as lavouras de café, acometem principalmente frutos que ainda estão em fase de desenvolvimento. Frutos posicionados principalmente no sol poente têm apresentado sintomas de escaldadura. Isso está bem comum nas lavouras, o que naturalmente vai promover uma queda na qualidade dos frutos e um menor rendimento na produção. Já é possível estimar uma perda entre 10 e 15% e caso a situação não se reverta, pode chegar a 30%”, pontua o especialista.

pube

Muda a cultura e a situação se repete. O sol castigou, e mesmo irrigando, muitos pés de pimenta-do-reino morreram em São Mateus. As plantas que resistiram tiveram um atraso na floração ou não floresceram. A expectativa, conforme explica o diretor da Cooperativa dos Produtores Agropecuários da Bacia do Cricaré (Coopbac), Erasmo Negris, é que a próxima safra da especiaria só aconteça no final de 2024.

“Com certeza já vai reduzir a produção, teremos uma perda grande. A safra entre março e junho de 2014 não vai acontecer, as plantas não floraram.  Já a colheita do final do próximo ano, vai depender muito do clima de agora para frente, se voltarem as chuvas para pimenta florar”, salienta Erasmo.

Em Mucurici e Montanha, no extremo norte capixaba, além dos prejuízos relacionados à pecuária, os produtores de mamão também amargam sérios prejuízos. Assim como a pimenta-do-reino, os mamoeiros estão com a floração comprometida e o crescimento das frutas é afetado pelas altas temperaturas. O produtor Gilson Soprani Jr tem uma lavoura com 25 hectares de mamão havaí e papaya em Mucurici, as perdas, segundo ele, podem chegar até a 70%.

Mamoeiro com floração prejudica pelas altas temperaturas. Foto: divulgação

“Quando o mamoeiro flora leva quatro meses para a fruta ficar pronta para colheita, ou seja, como estamos enfrentando essa situação climática desde meados de outubro, a colheita prevista para acontecer agora, a partir de janeiro será afetada. Estimo que durante esse período de estiagem tivemos uma perda de 30, 50 e em algumas áreas chega a 70%”.

Em Montanha, segundo dados levantados pelo Incaper e o Sindicato Rural do município, as perdas chegam a R$ 159 milhões. O relatório levou o prefeito da cidade a decretar estado de emergência por causa da estiagem. Há cerca de 60 dias Montanha sofre com uma seca severa e o decreto ajuda os produtores na renegociação de dívidas com os bancos e conseguir investimentos para as próximas safras.

 

Clique aqui e receba as principais notícias do dia no seu WhatsApp e fique por dentro do que acontece no agronegócio!