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Coronavírus

Cafeicultura precisa da antecipação de recursos

CNC trabalha junto ao governo federal para mitigar efeitos da pandemia no setor cafeeiro

por Conselho Nacional do Café

em 17/04/2020 às 12h53

8 min de leitura

Cafeicultura precisa da antecipação de recursos

(Foto: *Pixabay)


O cenário de prevenção que é necessário adotar em função da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) vem impactando todos os segmentos da economia brasileira, gerando prejuízos ao comércio, setor de serviços e, no tocante ao agronegócio, elevando os custos de produção e retirando renda, principalmente dos produtores de alimentos e itens perecíveis.


Para o agro, as Resoluções 4.801 e 4.802, aprovadas na semana passada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) de forma emergencial, atenderam a produtores e cooperativas mais sensíveis, de pequeno e médio porte, que enfrentam situação crítica devido a frustração de safra, impedimento de comercialização e severa perda de renda decorrente das medidas de isolamento social e/ou de condições climáticas adversas predominantes no primeiro trimestre de 2020.


MEDIDAS PARA O CAFÉ

O Conselho Nacional do Café (CNC) tem dialogado de forma permanente com o governo federal, transmitindo atualizações sobre os impactos da pandemia na cafeicultura e solicitando medidas, com fundamento, que garantam mais segurança para os cafeicultores e suas cooperativas atravessarem esse período de incertezas.


“Em relação ao café, temos trabalhado junto ao governo federal para a liberação antecipada do orçamento recorde de R$ 5,71 bilhões do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) para a safra 2020/21, o que será de grande importância para o setor ”, destaca Silas Brasileiro, presidente do CNC.


Segundo ele, quaisquer medidas adicionais que se façam necessárias serão solicitadas com embasamento técnico e de forma tempestiva junto ao governo. “Para isso, seguimos monitorando o cenário no campo, nessa fase inicial da colheita, para trabalharmos respostas rápidas a quaisquer dificuldades que possam surgir aos cafeicultores e suas cooperativas ”, revela.


O presidente do CNC avalia que a liberação antecipada dos recursos do Funcafé funcionará como uma injeção de liquidez no setor, fundamental a partir da segunda quinzena de maio e início de junho, quando a colheita do café alcançará volumes significativos.

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“Com acesso ao capital da linha de Custeio, o cafeicultor terá fôlego para realizar seu pagamento semanal aos trabalhadores da ‘panha’ e, com os de Estocagem, não precisará vender o café em momentos inoportunos do mercado, protegendo sua renda ”, explica.


Dos R$ 5,71 bilhões que o Fundo tem disponíveis para a safra 2020, R$ 1,6 bilhão é destinado à linha de financiamento de Custeio, R$ 2,3 bilhões para Estocagem, R$ 1,15 bilhão para Aquisição de Café (FAC), R$ 650 milhões para Capital de Giro, e R$ 10 milhões para Recuperação de Cafezais Danificados.


Os agentes financeiros que integram o Sistema Nacional de Crédito Rural interessados em operar os recursos do Funcafé na temporada cafeeira 2020/21 já foram avisados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) que devem enviar suas propostas até a próxima quarta-feira, 22 de abril, através do e-mail [email protected].


Silas Brasileiro recorda que parte do orçamento 2019 do Funcafé segue à disposição dos 35 agentes financeiros que operam com o Fundo, até 30 de junho de 2020. Esses recursos remanescentes podem ser importante fonte de suporte aos cafeicultores que optam ou precisam colher antecipadamente.


Até o começo de abril, dos R$ 5,071 bilhões do Funcafé disponibilizados no ciclo cafeeiro 2019/20, ainda restavam R$ 812 milhões à disposição de produtores, cooperativas, indústrias e exportadores, distribuídos em R$ 256,9 milhões para Custeio, R$ 487,9 milhões para Comercialização e FAC e R$ 67,2 milhões para Capital de Giro e Recuperação de Cafezais.


APOIO SEM EXAURIR

O CNC, em seu trabalho de preservar o Funcafé, comunicou à ministra Tereza Cristina, na semana passada, que quaisquer medidas de apoio ao setor produtivo não podem afetar a longevidade do Fundo, que tem função primordial no ordenamento da oferta de café e no apoio ao custeio da atividade.


“O capital do Funcafé não pode ser tratado da mesma forma que os recursos do Tesouro. Explicamos para a ministra que o Fundo, constituído com recursos dos produtores, não é mais realimentado, por isso a relevância da taxa de remuneração para sua recomposição, viabilizando a oferta de orçamentos crescentes às gerações atual e futura de cafeicultores ”, diz o presidente do CNC.


No tocante à necessidade de redução dos juros, Brasileiro destaca as medidas conquistadas nos últimos anos para garantir maior flexibilidade na negociação dos custos dos financiamentos entre agentes financeiros e mutuários.


“Desde 2018, o Funcafé é remunerado em 4% ao ano, com o spread bancário sendo definido pela diferença entre esses quatro pontos percentuais e a taxa de juros estipulada no empréstimo. Defendemos a manutenção dessa fórmula, que é fundamental para preservar o Fundo e, ao mesmo tempo, permitir a negociação de melhores condições de acesso aos recursos pelos tomadores do crédito ”, posiciona-se.


Apesar das medidas adotadas pelo Banco Central do Brasil para o aumento da liquidez na economia brasileira, esses recursos estão represados nos agentes financeiros e não estão cumprindo sua função de aliviar as finanças do setor produtivo e das famílias neste momento de crise.


“Esse quadro reforça ainda mais a importância do Funcafé, que é similar a um banco nacional para a cafeicultura, sendo uma fonte importantíssima de crédito para custeio da lavoura cafeeira, remuneração dos trabalhadores do campo e estocagem do café ”, avalia o presidente do CNC.


O aumento da participação do setor cooperativo de crédito na operação dos recursos do Fundo e os critérios para sua distribuição entre os agentes, definidos na Portaria Mapa no 13, de 6 de abril, contribuirão para que esse crédito chegue efetivamente ao seu destino principal, que são os cafeicultores. “Precisamos garantir que essa fonte de crédito seja longeva ”, conclui.


VALORIZA&Ccedil,&Atilde,O DAS COOPERATIVAS

Nesse momento de incertezas devido à pandemia da Covid-19, o CNC ressalta a importância de os cafeicultores investirem mais no planejamento e na gestão de seu negócio. Para isso, é fundamental que se aproximem e se fidelizem a suas cooperativas.


&quot,O cooperativismo é o que há de mais moderno em gestão e oferece meios para que os cooperados alcancem rentabilidade e tenham condição digna de vida. O café é um dos principais exemplos nesse sentido, pois, através das nossas cooperativas, temos assist&ecirc,ncia técnica, armazenamento, beneficiamento e agregação de valor ao produto. Dispomos também de diversas ferramentas de comercialização, como as operações de mercados futuros (hedge) e barter para aquisição de insumos e maquinários, tendo o café como moeda ”, explica Brasileiro.


Para ele, as cooperativas cafeeiras t&ecirc,m, ao longo dos anos, elevado seu nível de excel&ecirc,ncia no sentido de auxiliar os produtores na gestão do risco de preços do mercado. Os produtores que acessam as ferramentas de hedge e barter, assessorados pelas cooperativas, conseguem ter previsibilidade de receita, planejar seus investimentos com segurança, protegendo sua capacidade de pagamento e preservando seu score junto aos agentes financeiros.


“Vivemos um momento de extrema exceção, em que medidas de apoio devem ser calculadas na dose certa, com responsabilidade e respaldo técnico, conforme os cenários climáticos e mercadológicos que se apresentam ”, alerta Brasileiro.


Brasileiro completa que a sobreviv&ecirc,ncia do setor produtivo não pode ser comprometida. “Precisa-se honrar os compromissos assumidos e isso é possível através de qualificação na gestão, o que melhorará a renda. Renda que, junto com melhoria da qualidade e redução dos custos de produção, através de investimento em pesquisa e tecnologia, são os nortes do trabalho das cooperativas que formam o CNC ”, conclui.


COORDENA&Ccedil,&Atilde,O

A coordenação geral do café no Departamento de Comercialização e Abastecimento, da Secretaria de Política Agrícola do Mapa, continuará a cargo de Janaína Freitas, conforme portaria da Pasta publicada no Diário Oficial da União de segunda-feira, 13 de abril.


&quot,A dedicação, o conhecimento e o compromisso com a cafeicultura certamente fazem de Janaína uma profissional qualificada para o cargo. Seu perfil se encaixa na necessidade de nossa atividade, que precisa de pessoas eficientes e com ci&ecirc,ncia da realidade das dificuldades de nossos 308 mil produtores, que dependem dos recursos do Funcafé como fonte de financiamento para garantir a perman&ecirc,ncia e a sobreviv&ecirc,ncia no campo&quot,, finaliza Brasileiro.

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