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CONEXÃO SAFRA LINHARES

Produção de carne predomina na pecuária

por Rosimeri Ronquetti

em 25/08/2020 às 10h29

6 min de leitura

Produção de carne predomina na pecuária

*Fotos: Rosimeri Ronquetti/Safra ES

Outro importante segmento do agronegócio linharense é a pecuária. Segundo dados atualizados do Instituto de Defesa agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf), o município tem atualmente 136.974 bovinos, a maior parte de animais de corte, e 723 propriedades rurais destinadas à criação de gado, em uma área de pastagem que chega a 112.860 hectares.

Já os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2018, últimos consolidados pelo órgão, apontam 6.259 vacas ordenhadas e uma produção de leite de 11.335 litros. Linhares é também o município com o maior rebanho de bubalinos no Estado: são 3.423 bubalinos, de acordo com os números do Idaf.

O coordenador da Fazenda Experimental do Incaper em Linhares, Tarcísio Feleti de Castro, explica o que faz a pecuária bovina de Linhares se caracterizar predominantemente pela atividade de produção de carne.

“Isso se dá principalmente pelo tamanho das propriedades rurais, que em sua maior parte são médias, pelas características da mão-de-obra disponível, pelos custos de produção e mercado para comercialização da produção de carne e leite ”, salienta Feleti.

Tarcísio destaca ainda que Linhares possui características desejáveis de relevo, temperatura e pluviosidade que potencializam a produção de forragem, base da alimentação dos bovinos para a produção de leite e carne.

Um desses pecuaristas é José Tonon, do Sítio Canto do Besouro, em Baixo Quartel. Cafeicultor, há dez anos viu na criação de gado leiteiro uma oportunidade de melhorar a renda da família. “Viver só do café é muito complicado, o leite ajuda muito no orçamento. É mais um item para contribuir com a renda todos os meses ”, explica Tonon.

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Cafeicultor, José Tonon há dez anos viu na criação de gado leiteiro uma oportunidade de melhorar a renda da família.


Em 1,5 hectare de pasto irrigado, José tem 11 vacas leiteiras, de um total de 30 cabeças, que produzem diariamente, em média, 160 litros de leite. Mas, segundo o pecuarista, o objetivo é chegar a um plantel com 20 vacas. Toda a produção é recolhida pela Selita, importante cooperativa de laticínios de Cachoeiro de Itapemirim, a cada dois dias.

Em busca de um plantel com maior capacidade produtiva, José Tonon trabalha há seis anos com inseminação artificial das vacas.

“Comprar uma vaca leiteira pronta, de boa qualidade é muito caro. Se eu fizer na propriedade sai bem mais em conta, por isso resolvi trabalhar com a inseminação. Das onze cabeças em produção, nove são fruto de inseminação feita aqui mesmo ”, explica. Todo trabalho da propriedade é feito por ele com a ajuda da mulher e do filho.

Tecnologia pura

Desde que iniciou na pecuária em 1994 com recria e engorda, Eduardo Bortolini busca alternativas para o melhoramento genético do rebanho. Um grande desafio que deu muito certo. Em 2004, o pecuarista entrou para um programa de melhoramento genético do Nelore, e hoje, como ele mesmo diz: “Nem gado de corte nem de leite, trabalho com melhoramento genético do Nelore ”.

Por meio do programa é possível fazer o que vem sendo chamado de pecuária de ciclo curto. Enquanto um animal comum leva até 30 meses para estar pronto para o abate, o melhorado geneticamente pode ser abatido com 22 ou 24 meses.
Em vez de esperar dois anos para uma novilha estar preparada para ficar prenha, esse tempo cai para 14, no máximo 18 meses.

Eduardo explica que o programa, uma realidade em todo o país, se baseia em remunerar melhor e mais rápido o produtor por meio da otimização de tempo e espaço.

“O que estamos fazendo é adequar o rebanho de Nelore para um ciclo curto da pecuária e os resultados são fantásticos. Trata-se de uma otimização de produção. Você otimiza área e tempo. É você fazer um produto com muito menos tempo, com a mesma qualidade, mesmo peso, na mesma área. O que gastaria três anos para fazer você vai fazer com dois ou até menos ”, exemplifica Bortolini.

Eduardo Bortolini (D) conta com mão de obra capacitada e tecnologia de ponta na criação de gado geneticamente melhorado. (*Foto: Divulgação)


Com tantos diferenciais, os animais melhorados geneticamente têm um valor de mercado maior que o dobro do valor de um animal comum. Mas para isso é preciso passar por uma rigorosa avaliação. Os animais são avaliados três vezes ao ano nos quesitos prumo, musculatura, mansidão e racial. Ao final das avaliações, uma porcentagem do gado será classificada como especial e receberá uma certificação, reconhecida pelo Ministério da Agricultura, que garante ser aquele gado melhorado geneticamente e vai garantir bezerros melhoradores, superior aos pais, e aprimorar o rebanho do comprador.

Com um rebanho sempre em torno de 800 a 1.100 cabeças e um manejo eficiente, são 420 hectares de pastagem entre própria, na Fazenda Chapadão, e arrendada nos terrenos vizinhos. Sessenta e cinco por cento dos animais, entre touros e novilhas prenhes, são comercializados no Espírito Santo, o restante para o sul da Bahia e Minas Gerais.

Capacitação

Com o objetivo de possibilizar aos produtores acesso a novas tecnologias, a Fazenda Experimental do Incaper, instalada em Linhares, oferece vários cursos na área de bovinocultura. O curso de inseminação é o mais procurado e tem duração de uma semana. Durante o curso, os produtores têm aulas teóricas e práticas, e ao final o participante recebe certificado.

Tarcísio Feleti de Castro explica que “por meio desses treinamentos é possível reduzir os custos de produção, aumentar a produtividade e manter a sustentabilidade dos sistemas produtivos ”. Além do curso de inseminação também são oferecidos cursos de vaqueiro, primeiros socorros, manejo da pastagem e de rebanho, qualidade do leite, alimentação de bovinos, casqueamento e administração de propriedades.

As capacitações fazem parte do projeto de Bovinocultura Sustentável e são uma realização conjunta do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Fundagres, Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-ES) e Sindicato Rural de Linhares, com o apoio da Prefeitura de Linhares.


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