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CONEXÃO SAFRA LINHARES

Coco: agregar valor ao produto pode ser o caminho da lucratividade

Linhares é o segundo município maior produtor do Estado, ficando atrás apenas de São Mateus

por Rosimeri Ronquetti

em 11/08/2020 às 12h28

5 min de leitura

Coco: agregar valor ao produto pode ser o caminho da lucratividade

*Fotos: Bruno Giuriato/Safra ES

Planta típica de clima tropical em regiões consideravelmente quentes, o coco é mais uma cultura de destaque em Linhares. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), o município é o segundo maior produtor do Estado, ficando atrás apenas de São Mateus. Em 2018 foram colhidas 27,700 toneladas do fruto produzidos em 2.770 hectares.

Além de proporcionar receitas frequentes ao produtor devido à comercialização de frutos “in natura” durante o ano todo, a cocoicultura também é um importante gerador de empregos no campo. Os irmãos e sócios Maike e Diego Macena são um exemplo disso. Geram cerca de 55 empregos diretos entre a produção dos frutos na roça e envase da água de coco.

Maike diz que a decisão de criar a indústria aconteceu há três anos e meio e foi a solução encontrada para aproveitar 100% da produção e fugir do baixo preço do fruto no mercado.

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“Decidimos montar a empresa devido à dificuldade em vender os frutos menores no mercado comum, onde se exige tamanho e pele perfeitos. Então optamos pelo envase desses frutos, digamos, perdidos ”, comenta Macena.

Maike Macena produz e envasa água de coco para vários Estados do país.

Os irmãos mantêm lavouras de coco nos distritos de Rio Quartel e Baixo Quartel, que juntas somam 125 hectares de área ocupada com 25 mil pés. São cerca de 4,5 milhões de frutos por ano. Toda a produção abastece a fábrica instalada na fazenda em Baixo Quartel.
Em média, são envasados 130 mil litros de água de coco por mês. O maior mercado consumidor é o Rio de Janeiro, mas também tem clientes em Curitiba e em todo o Espirito Santo.

Cafeicultor desde a infância, há 20 anos Clovis Antônio Rampinelli, pai de Otavio Rampinelli, decidiu que era hora de se reinventar e iniciou o processo de diversificação de culturas na propriedade. De lá para cá investiu no plantio de coco, mamão e eucalipto. Hoje, as duas maiores rendas da família provêm da produção de café e coco.

Otávio, responsável por tocar a produção de coco atualmente, diz que o pai não só iniciou a diversificação como ensinou aos filhos, que deram continuidade.

“Aprendemos com meu pai que a diversificação é um fator lógico. Tem momentos em que o café está com preço bom e você consegue se manter. Às vezes, o coco te dá boa rentabilidade e você pode deixar o café para vender em outro momento. É como se você tivesse cem moedas para fazer uma aposta em uma única coisa. Se você perder a aposta, você perde tudo. Com a diversificação acontece o mesmo. Se acontecer algo de errado com uma cultura, você tem as outras para te sustentar ”, compara o produtor.

Otávio Rampinelli tem 175 hectares de coco distribuídos em duas propriedades em Linhares.

São 175 hectares de coco distribuídos em duas propriedades, uma em Regência e outra em Rio Quartel, com uma produção média anual por planta entre 180 e 200 frutos. Produção essa que depende dos tratos culturais e é considerada satisfatória para o Espírito Santo, segundo Otavio. “Quem produz entre 180 e 200 frutos por planta ano é considerado um bom produtor. Essa é uma produção satisfatória para nosso Estado, mas para isso é preciso ter um trato adequado com as plantas e clima favorável ”, destaca Otavio.

A produção é comercializada para Rio de Janeiro, São Paulo, Pará, Santa Catarina, Belo Horizonte e municípios capixabas, sendo parte em Linhares para indústrias locais que envasam água de coco.

Preço do fruto desmotiva produtor

Se a princípio Maike e Diego decidiram investir no envase da água de coco para aproveitar os frutos inadequados para o mercado in natura, hoje, segundo Maike, essa é uma forma de fugir do baixo preço do fruto no mercado, principal desafio do negócio. “O principal desafio da fruta é o mercado altamente competitivo e com preços abaixo da média. Hoje se torna mais rentável envasar do que vender o coco. Você não fica à mercê da gangorra de preços ”, comenta.

Produtor há 16 anos, Ademar de Barros está aos poucos acabando com a lavoura de coco para dar lugar ao café. Um dos motivos, segundo ele, é justamente o preço que em 16 anos mudou muito pouco, ao passo que o custo de produção não parou de crescer. Aos poucos pretende acabar com o cultivo do coco.

“O preço que eu vendia quando comecei é praticamente o mesmo de hoje e o meu custo de produção não parou de subir, o que torna o negócio inviável. Aos poucos vou acabar com o coco e deixar só o café ”, pontua o produtor.

A roça de Ademar fica no distrito de Bebedouro. Hoje são apenas 7.000 pés, mas já chegou a ter 17.
Já o envase de água de coco, implantado há oito anos, não passa de 5.000 litros por mês. Volume bem inferior aos 12 mil litros por semana envasados quando começou.

Ademar de Barros produz coco no distrito de Bebedouro, em Linhares. (*Foto: Divulgação)


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