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Citricultura

Greening: mudas clandestinas colocam citricultura capixaba em risco

por Fernanda Zandonadi

em 17/04/2023 às 7h30

7 min de leitura

Greening: mudas clandestinas colocam citricultura capixaba em risco

Foto: Standret/Freepik/divulgação

Mudas clandestinas estão colocando a citricultura capixaba em risco. O alerta foi feito pelo pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura, o engenheiro agrônomo Dimmy Barbosa. Segundo ele, os pomares poderão ser afetados pelo greening, uma doença bacteriana que não tem cura. Se um pé de laranja, por exemplo, for contaminado, a única solução é cortar e eliminar a planta e cuidar para que a doença não seja transmitida para outras. 

E o grande problema, aponta Barbosa, está justamente nas mudas clandestinas que chegam ao Espírito Santo. Ele cita as mudas advindas de uma cidade de Minas Gerais. Já há incidência da doença na localidade, que tem viveiros clandestinos.  “O Ministério da Agricultura, por muito tempo, permitiu os viveiros de mudas de citros a céu aberto. Hoje, eles têm de ser fechados com telas que impedem a entrada de insetos. Na cidade mineira, os viveiristas não se regularizaram e o greening já está presente na região. Então, há lavouras doentes e há viveiros a céu aberto e essas mudas clandestinas entram no Espírito Santo com muita facilidade, já que o Estado tem uma grande fronteira com Minas Gerais”.

Uma das formas de entrada dessas mudas que podem estar contaminadas é por meio da venda em caminhões. “Mas esses viveiristas também estão deixando mudas com alguns produtores do Espírito Santo, que fazem a revenda e ganham comissão”, explica o pesquisador.  

 Ele avalia que o risco de contaminação dos pomares capixabas é alto e que a fiscalização deve ser mais firme. “O Estado deve aumentar a fiscalização, destruir mudas e identificar produtores que estão recepcionando e comercializando essas plantas”, conclui.

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O que diz o Idaf

O Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf) informou que nunca registrou qualquer caso de greening no Estado devido ao trabalho feito e, em nota, explicou que executa atividades voltadas à prevenção de introdução de novas pragas agrícolas como o greening e cancro cítrico, tais como o levantamento para a detecção da ocorrência das pragas em lavouras, e o cadastramento e monitoramento das Unidades de Produção (lavouras) e Unidades de Consolidação (beneficiadora, processadora ou embaladora) de plantas, partes vegetais ou produtos de origem vegetal, além do controle da emissão do documento que embasa a certificação fitossanitária de origem – o Certificado Fitossanitário de Origem – CFO, para o as Unidades de Produção e o Certificado Fitossanitário de Origem Consolidado – CFOC, para as Unidades de Consolidação.

De acordo com o diretor técnico do Idaf, Janil Ferreira da Fonseca, os fiscais do instituto realizam inspeções em lavouras de citros em todo o estado, observando a possível ocorrência das doenças greening e cancro cítrico. São inspecionadas lavouras comerciais e lavouras de pequeno porte e de produção destinada ao consumo do próprio produtor. Em cada inspeção, os fiscais avaliam as condições das plantas, a presença de sinais de doenças, questionam a origem das mudas que formaram a lavoura e emitem termos de inspeção, que são documentos oficiais, que relatam a conformidade das lavouras de acordo com a legislação vigente.

“O Idaf também conta com equipes atuando na fiscalização das barreiras sanitárias, localizadas nas divisas estaduais e por equipes volantes, para controle da entrada de cargas, através da análise de documentos fiscais e de controle fitossanitário, como a Permissão de Trânsito Vegetal (PTV). Cargas em situação irregular são rechaçadas ou apreendidas para destruição. A atuação dessas equipes é fundamental para evitar a entrada dessas doenças em nosso estado”, disse o diretor técnico do Idaf, Janil Ferreira da Fonseca.

Viveiros no Espírito Santo

Os proprietários de viveiros de citros são orientados a cadastrarem os viveiros no Idaf e, quando houver exigência, fazer a inscrição como Unidade de Produção (UP). Cada UP precisa ser monitorada por um responsável técnico habilitado para fazer o controle da sanidade das mudas. É esse profissional quem emite o Certificado Fitossanitário De Origem (CFO), documento que atesta a condição fitossanitária de plantas ou de produtos vegetais, de acordo com as normas de sanidade vegetal do Ministério da Agricultura e Abastecimento (Mapa). O CFO é analisado pelos fiscais do Idaf, e fundamenta a emissão da Permissão de Trânsito Vegetal (PTV), o que significa que apenas as cargas em ótimas condições fitossanitárias têm permissão para o trânsito em nosso estado.

De acordo com o Idaf, atualmente no Estado, existem 28 viveiros registrados, em situação regular perante os Órgãos de fiscalização, aptos a comercializarem suas mudas, com atestado de suas condições fitossanitárias. Esses viveiros são constantemente fiscalizados, e ao menor sinal de irregularidade, são notificados a providenciarem as adequações necessárias, e/ou autuados em caso de infrações.

Como adquirir mudar livres de doenças

O produtor que deseja adquirir mudas, precisa procurar viveiros registrados, acompanhados por um responsável técnico que ateste a origem do seu material vegetal. A venda e a aquisição de produtos clandestinos e irregulares é passível de responsabilização perante a lei vigente.

Contamos com o apoio dos produtores para que adquiram suas mudas em viveiros registrados. A sanidade das lavouras é do interesse de todos. É importante que denunciem irregularidades, viveiros e vendedores em situação de clandestinidade, que representam perigo para a sanidade vegetal do estado.

Avanço do greening pelo país

De acordo com uma publicação da Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), a doença está em várias partes do Brasil e a expansão requer medidas mais rigorosas de manejo. “Enquanto a média no parque citrícola é 22,37%, em Limeira, São Paulo, a doença já afeta 61,75% das plantas; em Brotas, 50,40%; e em Porto Ferreira, 37,84%. Nas regiões de Avaré e Duartina, ao sudoeste de São Paulo, as incidências são consideradas altas, 29,41% e 26,15%, respectivamente. Essas cinco regiões reúnem 51% das laranjeiras do cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro, a principal área produtora de laranja e suco de laranja do mundo”.

Estado de alerta no Espírito Santo

O Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf), emitiu uma nota, onde declarou estado de alerta com relação à entrada de mudas de citrus no Espírito Santo e sua circulação. “Informa que está sendo intensificada a fiscalização de cargas e controle de documentos de Permissão de Trânsito de Vegetais (PTV), em decorrência da emissão de Nota Técnica pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), acerca da presença da bactéria Candidatus Liberibacter asiaticus, causadora do greening (também conhecida como HLB ou amarelão dos citros) em plantio de citrosnos municípios de Visconde do Rio Branco e Tocantins, na Zona da Mata Mineira”.

O Idaf ressaltou, ainda, a “necessidade de divulgação deste alerta por outras instituições que compõem o Sistema de Agricultura do Espírito Santo (Incaper, Ceasa, Seag, secretarias municipais de agricultura, sindicatos rurais etc). O greening é a praga da cultura do citros de maior importância no mundo por ser de difícil controle e rápida disseminação, trazendo grandes prejuízos à lavoura. É causada por uma bactéria que obstrui os vasos condutores de seiva, dificultando a nutrição da planta. Não há ocorrência de greening no Espírito Santo e a manutenção desse status é extremamente importante para preservar a citricultura capixaba”.

 

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