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Cafeicultura

Os desafios do café na pauta dos produtores de Jacu

O 10º Simpósio Regional do Café Conilon, realizado na comunidade de Jacu, em Cachoeiro de Itapemirim reuniu cerca de 60 produtores da região que foram em busca das novidades do setor

por Redação Conexão Safra

em 14/08/2018 às 0h00

5 min de leitura

Os desafios do café na pauta dos produtores de Jacu

*Elisangela Teixeira


Os desafios do mercado e o manejo da lavoura foram os temas centrais do 10º Simpósio Regional de Café Conilon, realizado nos dias 09 e 10 deste mês
na comunidade de Jacu, distrito de Burarama, em Cachoeiro de Itapemirim, sul do Estado. O encontro reuniu cerca de 60 produtores da região que foram em busca de novas informações e das novidades que estão chegando no Brasil e no mundo.


No primeiro dia foi realizada uma conferência sobre ameaças e oportunidades para a cafeicultura mundial com o presidente do Conselho dos Exportadores de Café, Nelson Carvalhaes. No segundo dia foi feito um ciclo de painéis com temas variados, desde os desafios e perspectivas do setor até conservação do solo e da água.


De acordo com o presidente da Associação de Jacu, Renato Martins Dardengo, o objetivo do evento foi chamar a atenção dos produtores da comunidade e da região para que eles pudessem adquirir novos conhecimentos e levar as práticas para as próprias lavouras. Para ele, o evento serviu ainda para injetar novo ânimo aos produtores.


“Escolhemos os temas conforme a necessidade que detectamos nos produtores de nossa região, que pudesse fazer com que eles agregassem valor ao produto que comercializamos. Quando a gente tem uma visão externa, fica mais fácil vislumbrarmos novos horizontes. O pessoal ficou animado e esperamos que juntos, possamos dar um gás em nossa produção ”, explicou Renato.

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Hoje a comunidade de Jacu e seu entorno possuem cerca de 120 famílias produtoras de café e tem uma produção média de 30 mil sacas de café conilon por ano, dos tipos 6, 7 e 7.8. Como é de se esperar, a cultura do café é a principal atividade econômica, seguida pela criação de gado leiteiro e depois de corte.


Hoje, 80% da produção da comunidade vai para a mão de atravessadores, boa parte destinada ao município de Castelo, cidade próxima de Jacu. Segundo Renato, embora seja a solução mais viável neste momento, os produtores consideram este tipo de venda um gargalo a ser resolvido.


“Nosso produto tem boa qualidade, porém perdemos no valor pago por não conseguimos levá-lo diretamente ao consumidor ou a indústria. Temos buscado alternativas, como a formação de cooperativas, mas esbarramos na quantidade da produção, que ainda é baixa, uma questão cultural que também precisa ser sanada. Temos muitos projetos, mas para o futuro, pois no momento eles ainda não são viáveis”, esclareceu o presidente.


Melhorias

Durante o Simpósio do Café, os produtores de Jacu também comemoraram o anúncio recente do Governo do Estado de duas importantes obras para a comunidade. A primeira delas será a chegada do asfalto ao trecho de um quilômetro que fica na chegada de Jacu e vai ajudar no escoamento da produção. “Parece pouco, mas lutamos muito para cobrir esse pedaço de chão, pois ele fica na entrada e saída até o asfalto e isso nos prejudicava muito, principalmente no período das chuvas ”, disse Renato.


Outra obra será a construção de uma barragem via programa Caminhos do Campo na cabeceira do açude Floresta, com capacidade de armazenar 150 milhões de litros de água. De acordo com o secretário de Agricultura e Interior de Cachoeiro de Itapemirim, Robertson Valladão, a obra tem dois objetivos fundamentais.


“O primeiro é regular a vazão do Rio Floresta, que no inverno é insuficiente. Ele chega a parar de correr e não abastece todo mundo da vila de Burarama. A barragem vai regular o fluxo e oferecer água o ano todo. O segundo é permitir que esses produtores rurais da região usem essa água para irrigação. Como a gente teve um longo período de seca e precipitação muito abaixo da média, não foi possível manter o nível o ano todo. Muitos não tinham sequer água para dar para as vacas beberem ”, assinalou o secretário.


Ele adiantou ainda que o projeto está pronto e licitado, aguardando a liberação da Secretaria Estadual de Meio Ambiente. A previsão é de que obra seja iniciada até o fim do ano.

“O café para Cachoeiro é muito importante. Hoje 50% dos produtores do município produzem café, é a cultura que emprega o maior número de pessoas, quase a mesma quantidade do setor de rochas por exemplo. O café o leite juntos empregam mais que o setor de rochas. Socialmente é uma cultura importante. A manutenção da lavoura de café produtiva significa geração de emprego e renda, melhoria das condições de vida e nós, enquanto poder público, temos que cuidar da infraestrutura para ele levar essa produção ao mercado ”.
Robertson Valladão, secretário de Agricultura e Interior de Cachoeiro de Itapemirim

O que disseram os produtores


“Esses eventos são importantes para nós. É preciso acompanhar os avanços tecnológicos de um modo geral, e no campo não é diferente. Quando temos acesso a tantas e diferentes informações podemos avaliar se estamos no caminho correto ou se é necessário rever nossos métodos e atitudes. Achei interessante a palestra sobre os desafios da produção do café e sua distribuição para o comércio ”.

Carlos Tatagiba Martins, produtor do sítio Jacutinga, da localidade de São Brás, em Burarama


“O evento tem sido importante para esclarecer as ideias que o produtor já tem. Normalmente já temos um tipo de manejo, inclusive seguindo orientações técnicas, então quando podemos acessar novas informações, conseguimos rever e levar as novidades para a propriedade, ajuda até no aumento da produção ”.

Gilvan de Souza Moulin – produtor da comunidade de Jacu

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