Cafeicultura

Cultura do café constrói rumos políticos no Estado

Palestra na Ales relaciona a influência do produto Ícone da economia capixaba na formação de lideranças políticas e desenvolvimento do ES

por Assessoria de imprensa Ales

em 25/10/2024 às 12h00

3 min de leitura

Professor João Gualberto ministra ciclo de palestras que integra celebrações pelos 190 anos da Ales / Foto: Lucas S. Costa

Na última quinta-feira (24), segundo dia do curso sobre a história política do Espírito Santo, o professor João Gualberto falou sobre a cultura do café e o coronelismo e os seus efeitos na trajetória política capixaba. O doutor em Ciências Sociais analisou a relevância do café no desenvolvimento econômico do Estado. No primeiro dia, o palestrante abordou a história dos primeiros capixabas e a influência do cristianismo na formação da sociedade.

“Eu trabalho com a ideia de que o Espírito Santo teve um desenvolvimento extraordinário com a chamada cultura do café. O café chega aqui, no Espírito Santo, logo no início desse processo no Brasil. Ele instituiu como o marco forte do nosso processo econômico na segunda metade do século XIX”, esclareceu o professor.

“Ele (o café) dá origem a grandes fazendas no sul do Estado, a pequenas fazendas na região central, pro café chegar aos americanos e europeus. E ele institui também as grandes famílias oligárquicas do nosso Estado, sobretudo a família Monteiro, que se institui a partir da fazenda chamada Monte Líbano, ali ao lado do Cachoeiro”, acrescentou.

Apesar de a sede da fazenda não existir mais, o professor explicou que nela nasceram três importantes figuras políticas capixabas: Jerônimo Monteiro, Bernardino Monteiro e Carlos Lindemberg. “Foi o lugar onde nasceram dois presidentes do Estado, depois um governador (…) A cultura do café, no sentido da política, gerou essas elites que tomaram conta do Espírito Santo no final do século XIX e início do século XX”, comentou.

ES na Região Sudeste

João Gualberto explicou que a cultura do café foi determinante, inclusive, para situar o Espírito Santo na Região Sudeste. “O Espírito Santo, em um período colonial, tinha as atividades econômicas típicas do Brasil-colônia. Tivemos as produções de açúcar, a partir da cana-de-açúcar, tivemos também a produção de mandioca, farinha, os produtos todos”, afirmou.

“E, quando o café chega ao Rio, em São Paulo, em Minas e no Espírito Santo, há essa integração da cultura do café. Depois, no século XX, o café vai para o Paraná, vai para muitos outros lugares, mas neste momento inicial, o café é uma cultura dos estados do Sudeste”, complementou o palestrante.

“Então isso permite uma integração econômica, uma integração das elites dirigentes que foi no Sudeste. Porque, até então, um pedaço do Espírito Santo, que era São Mateus, na verdade, pertencia ou era dominado, era comarca da Bahia. Essa divisão houve depois, no século XX ainda, com uma grande revolta ali, a criação do estado de Jeová, nos anos 50 (1950), que é chamado Contestado. Mas é o café que permite, então, essa construção do Espírito Santo como ele é”, concluiu o professor.

Sair da versão mobile