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Cacauicultura

Ações vão prevenir a monilíase do cacaueiro no Espírito Santo

O ES é o terceiro maior produtor de cacau do Brasil, atrás apenas da Bahia e do Pará, com expressiva produção em 45 municípios capixabas.

por Redação Conexão Safra

em 09/04/2024 às 5h00

5 min de leitura

Ações vão prevenir a monilíase do cacaueiro no Espírito Santo

Foto: Divulgação

Segundo dados mais recentes do IBGE, em 2022, a produção de cacau capixaba somou 11.702 toneladas, movimentando R$134,3 milhões. Entre as frutas, o cacau é a terceira na ordem de importância de geração de renda rural, ficando atrás apenas do mamão e da banana.

Com objetivo de prevenir a entrada no estado da monilíase do cacaueiro – fungo que ataca os frutos do cacaueiro, podendo causar perdas de até 100% da produção -, a Superintendência Federal de Agricultura no ES (SFA-ES/Mapa), por meio do Serviço de Inspeção, Fiscalização e Sanidade Vegetal, vinculado à Divisão de Defesa Agropecuária (SIFISV/DDA/SFA-ES), realiza um trabalho de prevenção à praga, de acordo com a Instrução Normativa Mapa Nº112/2020. A IN instituiu no âmbito do Programa Nacional de Prevenção e Vigilância de Pragas Quarentenárias Ausentes, o Plano Nacional de Prevenção e Vigilância de Moniliophthora roreri – PNPV/Monilíase.

O superintendente Federal de Agricultura no ES, Guilherme Gomes de Souza, esclarece que não há focos de monilíase no Espírito Santo. “As ações preconizadas na IN 112/2020 estão sendo cumpridas para o devido monitoramento e prevenção da doença no Estado, com a realização de capacitações, ações de vigilância (monitoramento) e fiscalizações”, disse.

“Entre as principais atividades que desenvolvemos estão os levantamentos fitossanitários anuais em propriedades com lavouras de cacau, acompanhados de ações de educação sanitária sobre a praga junto a esses produtores. Temos uma meta, definida pelo Departamento de Sanidade Vegetal (DSV/Mapa),  de monitorar e fiscalizar, no mínimo,  20 propriedades por ano”, explica a auditora fiscal federal agropecuária (AFFA), Sandra Helena Martins.

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Segundo ainda a auditora, em 2024, será refeito o Grupo de Trabalho (GT) de monitoramento e prevenção à monilíase do cacaueiro no estado, com a participação da SFA-ES e instituições parceiras, como o Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf), o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), a Secretaria de Estado da Agricultura (Seag) e a Associação de Cacauicultores do Espírito Santo (ACAU).

Caravana da Educação Sanitária

Outra ação importante no estado será a realização da 1ª Caravana da Educação Sanitária da Região Sudeste. Com a participação da SFA-ES e instituições parceiras, a caravana vai percorrer o Espírito Santo de 6 a 10 de maio, levando ações de capacitação profissional a técnicos sobre a aplicação de metodologias participativas de aprendizagem, bem como a disseminação de informações de prevenção de doenças, como a monilíase do cacaueiro, aos públicos-alvo dos principais municípios que concentram essa atividade produtiva.

Histórico

Desde 2016, a Divisão de Defesa Agropecuária da SFA-ES desenvolve ações de prevenção contra a monilíase do cacaueiro. Nesse período, foram realizados treinamentos aos técnicos do Idaf em Linhares e Nova Venécia, com objetivo de ampliar a capacidade do Instituto de atuar no levantamento fitossanitário de detecção e monitoramento do fungo. Além das palestras, foram realizadas visitas de campo como parte prática da capacitação.

Foram realizadas também ações de educação sanitária, por meio de palestras a cacauicultores, professores e estudantes da área de Ciências Agrárias dos Institutos Federais do Espírito Santo (IFES) e das Escolas Família Agrícola, nos municípios de Linhares, São Mateus, Itapina, Colatina, Rio Bananal e São Gabriel da Palha, entre outros.

A equipe do SIFISV/DDA/SFA-ES promoveu ainda ações de educação fitossanitária sobre a monilíase do cacaueiro durante a 24ª edição do Chocolat Festival – Festival Internacional do Chocolate e Cacau, que aconteceu em Linhares em 2022, com a distribuição de folhetos e esclarecimentos aos interessados sobre a praga. E palestra sobre o assunto a pesquisadores e especialistas na área durante o 1º Congresso Capixaba de Fitossanidade, realizado em outubro de 2023 em Vitória.

Monilíase do Cacaueiro

O Brasil era o único país produtor de cacau da América Latina que ainda não tinha registro da doença, porém, em 2021, um foco foi confirmado no município de Cruzeiro do Sul, interior do Acre. Um segundo foco foi registrado, no fim de 2022, no Amazonas.

É uma doença causada por uma praga agrícola do grupo dos fungos, cujo nome científico é Moniliophthora roreri. Ela afeta os frutos de cacau, cupuaçu e outras plantas do gênero Theobroma e Herrania, tais como o cacau-jacaré, mocambo, cupuí e cacauí, causando seu apodrecimento e tornando-os imprestáveis para consumo direto ou industrialização (fabricação de polpa, chocolate, etc), com perdas superiores a 50% da produção, podendo chegar a 100% se não houver um controle adequado da praga. A doença atinge somente as plantas hospedeiras do fungo, sem riscos de danos à saúde humana.

Nas regiões onde a monilíase se instalou, a sua ação tornou-se mais destrutiva do que a causada pela vassoura-de-bruxa (Moniliophthora perniciosa), doença que provocou uma catástrofe na região cacaueira do Sul da Bahia, eliminando mais de 250 mil empregos diretos e reduzindo a produção de cacau a 25%.

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