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Felipe Masid

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Cultivo protegido é a solução?

por Felipe Masid

em 08/03/2024 às 6h00

6 min de leitura

Cultivo protegido é a solução?

Foto: Divulgação/Felipe Masid

Da lavoura à estufa, da barraquinha à loja e os grandes eventos, com muito trabalho e criatividade o MORANGO mostrou seu potencial na região de Nova Friburgo.

O Cultivo Protegido em Estufas traz uma Abordagem Inovadora para Agricultura Sustentável. A agricultura desempenha um papel crucial na alimentação global, e constantemente, os agricultores buscam maneiras inovadoras de otimizar a produção de alimentos. Nesse contexto, o cultivo protegido em estufas tem se destacado como uma prática eficiente e sustentável, trazendo uma série de benefícios e vantagens em comparação ao plantio em lavoura convencional. Destaco alguns deles a seguir:

  1. Controle ambiental preciso: Um dos principais benefícios do cultivo protegido em estufas é a capacidade de controlar o ambiente de cultivo de maneira precisa. As estufas proporcionam um microclima controlado, permitindo ajustes na temperatura, umidade e luz solar. Isso cria condições ideais para o crescimento do cultivar, independentemente das variações climáticas externas, contribuindo para a maximização da produtividade.
  2. Proteção contra pragas e doenças: A utilização de estufas oferece uma barreira física contra pragas e doenças, reduzindo significativamente a necessidade de uso de defensivos agrícolas, resultando em frutos mais saudáveis, diminuindo os riscos de perdas na colheita e promovendo uma abordagem mais sustentável em termos de manejo de cultivos.
  3. Extensão do período de cultivo: a técnica permite a extensão da temporada de crescimento, independentemente das condições climáticas externas. Isso significa que os agricultores podem cultivar fora da estação normal, aumentando a oferta de produtos frescos durante todo o ano, contribuindo para uma produção mais estável, uma oferta constante no mercado e a manutenção da renda do investidor.
  4. Otimização no uso de recursos: Com o controle ambiental proporcionado pelas estufas, os agricultores podem otimizar o uso de recursos como água e fertilizantes. A irrigação pode ser ajustada de acordo com as necessidades dos frutos, minimizando o desperdício de água, onde a recirculação de nutrientes é facilitada, resultando em uma produção mais eficiente e sustentável.
  5. Maior eficiência no uso de espaço: O cultivo protegido em estufas permite uma utilização mais eficiente do espaço agrícola. Os frutos podem ser cultivados em camadas verticais ou em sistemas hidropônicos, maximizando a área de produção, o que é especialmente relevante em regiões onde o espaço disponível para a agricultura é limitado.
  6. Redução da erosão do solo: Ao confinar o cultivo em um ambiente protegido, as estufas ajudam a minimizar a erosão do solo, fundamental para a manutenção da fertilidade do solo a longo prazo, contribuindo para práticas agrícolas mais sustentáveis.

Como “case” de sucesso trago um pouquinho da história da Fernanda Schuenck, apaixonada por morangos, casada há época com Fernando, atualmente seu sócio, produziam morangos em sistema convencional de lavoura e foram essenciais para o enraizamento do fruto na região de Nova Friburgo, pois, com visão inovadora e empreendedora, percebendo que os produtores de morango da região estavam desistindo do cultivo pela fragilidade do fruto, fundaram em 2009 a AMORANGO, associação dos produtores de morango de Nova Friburgo, e, ao longo do tempo, mais agricultores foram tornando-se associados, adquirindo mudas de qualidade internacional e investindo em manejos de cultivo mais eficientes. Desde o início, além da venda dos morangos, Fernanda fabricava a geléia de morango que se tornou muito conhecida, originada de uma receita familiar da bisavó Suely, que foi reproduzida através das gerações da família. Toda produção era vendida em uma banca que hoje se tornou uma grande loja de doces de morango, chamada “Doçuras da Suely”, que também é a sede da APRORIO, Associação de Produtores Agroindustriais do Rio de Janeiro, criada 2010, através de crédito concedido pelo Governo do Estado – por meio do Programa Frutificar e Estradas da Produção – que possibilitou a adoção do Cultivo Protegido e a nova tecnologia de produção com o morango suspenso.

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Essa técnica proporciona uma produção mais sustentável e ainda demanda menos mão de obra, um fator limitante no meio rural. Atualmente, com a técnica de plantação suspensa, a cidade serrana tornou-se um dos principais fornecedores de morango do Estado. A partir do processo de semi hidroponia, as mudas suspensas são plantadas em sacos fechados, chamados slabs, e recebem irrigação localizada pela técnica de gotejamento. Toda a sua produção de morangos é canalizada para os pontos de venda na cidade de Nova Friburgo, e é o principal ingrediente dos doces da sua loja “Doçuras da Suely”, que é o maior sucesso na região, ponto certo de parada de turistas que procuram a famosa coxinha de morango e as maravilhosas tortas. A loja fica na Estrada Teresópolis Friburgo Km 11, Sítio dos Morangos, Campo do Coelho – Nova Friburgo, que também faz parte do roteiro do Turismo Rural da região, onde o cliente pode fazer um tour na área de produção e colher os maiores morangos, das espécies Albion, San Andreas e Monterrey. As “Doçuras da Suely” também podem ser encontradas nos grandes eventos promovidos pela Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária, Pesca e Abastecimento, eventos gastronômicos importantes como o Rio Gastronomia e outros.

 

Em resumo, o cultivo protegido em estufas representa uma abordagem inovadora e sustentável para a agricultura. Com benefícios que incluem o controle ambiental preciso, proteção contra pragas e doenças, extensão do período de cultivo, otimização no uso de recursos, eficiência no espaço agrícola e redução da erosão do solo, essa prática se destaca como uma solução consolidada para enfrentar os desafios da produção de alimentos de forma sustentável e eficiente, trazendo melhores resultados para os empreendedores ligados ao agronegócio.

 

Por:

Felipe Marinho Masid, Especialista em Gestão de Agronegócios pela UFRRJ
Administrador de Empresas, Gestor de Projetos, Gestor Público – Diretor Geral de Administração e Finanças da SEPLAG. Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão.

 

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