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Agro Rio de Janeiro

Um brinde ao lúpulo! Tecnologia, volume e qualidade em cultivo na Região Serrana do Rio

Cultivo na Região Serrana do Rio de Janeiro tem ganhado volume e qualidade, chegando aos 8 hectares de área colhida

por Fernanda Zandonadi

em 20/07/2022 às 10h11

4 min de leitura

Um brinde ao lúpulo! Tecnologia, volume e qualidade em cultivo na Região Serrana do Rio

Foto: arquivo pessoal

O cultivo do lúpulo no Rio de Janeiro, em especial na Região Serrana, vem crescendo nos últimos anos. São, ao menos, oito hectares plantados no Estado, número bastante significativo na comparação com a área colhida do país inteiro, que soma 50 hectares. Mas há muito o que crescer: 99% do lúpulo utilizado no país é importado e só o Estado do Rio de Janeiro consumiu, em 2021, 54 milhões de quilos do produto. “Imagina o tamanho do mercado que temos para conquistar”, avalia a proprietária do viveiro Ninkasi e pesquisadora de lúpulo desde 2017, Teresa Yoshiko Ozassa. 

E ela fala com propriedade. Somente o viveiro Ninkasi, que fica em Teresópolis, Região Serrana do Rio de Janeiro, tem capacidade de produção de 100 mil mudas certificadas por ano. E a cultura é economicamente viável. Pelos levantamentos feitos por produtores, o quilo do produto fresco chega aos R$ 100. Processado, pode atingir os R$ 350 o quilo. Uma planta adulta produz, em média, um quilo de lúpulo. 

A certificação foi um passo importante, conta Teresa, para atestar a qualidade do produto. As mudas foram importadas dos Estados Unidos e o Ninkasi tornou-se o primeiro do país a receber a autorização do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para essa importação. 

Foto: arquivo pessoal

“A certificação significa que a mesma planta que é plantada nos Estados Unidos, estamos plantando aqui. Isso nos garante que o lúpulo que cultivamos é o Cascade. O mercado é profissional e o produtor tem que se profissionalizar. Ter o lúpulo mais perto também é importante para a qualidade do produto final. Nosso diferencial é o frescor, acaba de colher e usa na cerveja. O sabor e aromas são incríveis. Diferente de um produto importado que, por conta dos trâmites, chega até nós com até um ano de colhido”, explica. 

Além das mudas de qualidade, há muita pesquisa envolvida. Um trabalho paralelo é desenvolvido pela Pesagro, em parceria com Embrapa, Emater e universidades fluminenses. “O produtor leva aos pesquisadores suas necessidades. Exemplo é o controle de doenças, como o ácaro. Também escolhemos uma cultivar, trabalhamos a produção e, depois da colheita, levamos às empresa para fazerem a extração de óleos, buscar as melhores formas de extração. O resultado volta para o produtor, que pode aplicar na propriedade”, explica. 

Tanto cuidado gerou plantas com características importantes e marcantes. “A quantidade de óleos dos nossos lúpulos é bastante alta. Mandamos amostras para a Alemanha, para análise, e o resultado foi uma quantidade de óleo superior ao lúpulo produzido lá, que é de extrema qualidade. Isso é maravilhoso”, finaliza.

O que é lúpulo?

Foto: arquivo pessoal

O lúpulo é utilizado na fabricação de cervejas. As inflorescências garantem características importantes da bebida, como amargor e aroma. Segundo o site Brasil Escola, o lúpulo é uma planta dioica do tipo trepadeira, ou seja, cresce apoiada sobre alguma estrutura, podendo atingir grandes alturas. Ela apresenta um sistema radicular ramificado que pode apresentar mais de 4 metros de profundidade.

As primeiras mudas 

O trabalho em torno da produção de lúpulo no Rio de Janeiro começou em 2016. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em parceria com a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), levantou o número de cervejarias artesanais que existiam no Estado. As instituições iniciaram, logo depois, o trabalho de formalização dos estabelecimentos. Na época, conta Celso Merola, engenheiro agrônomo, auditor fiscal do Mapa e chefe da divisão de Desenvolvimento Rural da Superintendência do Mapa no Estado, não havia a noção de que seria possível produzir lúpulo em terras fluminenses, já que a cultura exige clima muito frio.

 Entraram em campo, então, pesquisadores da Emater-Rio, da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) e da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), que trabalharam juntos para mostrar que era sim possível plantar lúpulo no Estado. “Assessoramos produtores no registro das mudas e agora temos uma produção regular de mudas no Rio de Janeiro. A Emater fez um trabalho com pequenos produtores da Região Serrana, que começaram o plantio de lúpulo e com bons resultados. Entendemos, então, que é sim possível ter uma produção local”, finaliza.

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