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Agro Rio de Janeiro

A elegância dos marchadores fluminenses

No Rio de Janeiro, são em torno de 800 propriedades rurais envolvidas na criação que empregam cerca de 40 mil famílias

por Fernanda Zandonadi

em 25/07/2022 às 10h37

4 min de leitura

A elegância dos marchadores fluminenses

Foto: divulgação

O Rio de Janeiro é o segundo Estado maior produtor de equinos da raça Mangalarga Marchador, atrás somente de Minas Gerais. São 2.200 criadores que produzem em torno de quatro a cinco mil animais todos os anos, segundo Flávio Tavares Fernandes, médico veterinário e chefe do Centro de Pesquisa de Sanidade Animal da Pesagro-Rio, presidente da Comissão de Comércio Exterior da Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador, maior associação de equinos de uma só raça na América Latina. Fernandes também é membro da Camara Setorial de Equideocultura do Ministério da Agricultura, órgão que norteia as políticas públicas do setor no Brasil.

No Rio de Janeiro, são em torno de 800 propriedades rurais envolvidas na criação que empregam cerca de 40 mil famílias. O plantel de equinos é bem distribuído por todo o Estado. A maior concentração fica na Região Serrana, entre Petrópolis e Paraíba do Sul. Em segundo, vem a área da Baixada Litorânea, entre Saquarema e Rio Bonito, seguido do Norte e Noroeste, entre Itaperuna e Macaé e Sul, nos municípios de Volta Redonda, Piraí e Resende. 

PECUÁRIA MANGALARGA FOTO DIVULGAÇÃO

Foto: divulgação

As técnicas utilizadas para a reprodução vão desde a monta natural até a Inseminação Artificial. “Nesse caso, preserva-se a matriz e é possível ter até cinco filhos de uma égua boa por ano. Uma matriz que tem 20 filhotes naturalmente, poderá ter cem. E hoje já congelamos embrião, óvulos, a tecnologia cresceu bastante”, explica.

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Para dar uma ideia do desenvolvimento do setor, hoje o Rio de Janeiro começa a exportar embriões para a Califórnia, Texas e Flórida, nos Estados Unidos. “Inauguramos a primeira central de embriões congelados para exportar para os EUA. Isso porque, com o passar do tempo, o custo do frete aéreo para um animal adulto ficou proibitivo, chegando aos US$ 12 mil. Foi quando tivemos a ideia de enviar os embriões, que depois eram colocados em barrigas de aluguel. O frete, neste caso, fica em US$ 50. Pegamos uma técnica que existia e colocamos como solução de um problema que parecia não ter saída”, explica Fernandes. 

O mercado norte-americano é pulsante. Hoje, o país possui 3 milhões de cavalos de sela e passeio e 2 milhões de usuários. É um mercado imenso. “Só há 300 animais Mangalarga. Esperamos, então, em dez anos, levar uns quatro mil embriões para lá. Quem não é o maior tem que ser o melhor. O Rio de Janeiro tem apenas 0,5% do território nacional e se especializou em qualidade. É um Estado pequeno, mas produz genética de muita qualidade”. 

Genética luso-brasileira

Como tudo no Rio de Janeiro, há muita história envolvida no nascimento dos cavalos Mangalarga. Segundo Fernandes, quando os portugueses chegaram ao Brasil trouxeram cavalos da raça Alter. Esses equinos cruzaram, então, com éguas nativas. Com o passar do tempo, as tropas selecionaram os animais que proporcionavam mais resistência para desbravar o país e comodidade de montaria. Daí surgiu a raça que hoje é chamada de Mangalarga Marchador. A raça surgiu há cerca de 200 anos na Comarca de Rio das Mortes, no Sul de Minas Gerais. 

Mas, de onde veio o nome? “A origem mais aceita era que, no Rio, havia uma fazenda em Paty dos Alferes chamada Mangalarga, onde criavam animais trazidos das terras mineiras. Eram animais com andar bonito e cômodo. Então, associaram o nome da fazenda aos animais”, conta o médico veterinário. 

E o Marchador tem uma característica única e que o faz muito apreciado pelos cavaleiros. “Quando ele se movimenta, mantém as três patas no solo, o que gera uma comodidade. Existem os que fazem os andamentos marchados com três pés. Mas o Mangalarga é conhecido por sua harmonia e equilíbrio. Há uma enciclopédia mundial com raças de cavalo que aponta que a raça Mangalarga é uma das mais destacadas de sela do mundo”, salienta Fernandes.

Empresa de leilões já realizou quase 300 eventos

Fundada em 2013, a Fiel Leilões (Nova Friburgo) surgiu da necessidade de tratar apenas com vendedores de cavalos e gado que atuassem com seriedade neste mercado. Daí o Fiel no nome da empresa, na busca por fidelizar os clientes. Desde o primeiro leilão em Campo Grande (MS), a Fiel Leilões já realizou quase 300 eventos, média de 75 a 80 por ano em todo o Brasil. “Todos os meses estamos com as datas vendidas e trabalhando firme no agronegócio”, afirma o proprietário, Jorge Teixeira de Queiroz. Além dos cavalos Mangalarga Marchador, mais recentemente a empresa fluminense passou a atender a demanda de leilões de gado, tanto de corte quanto leiteiro. 

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