Mais lidas 🔥

Na Vila Batista
Vila Velha certifica sua primeira agroindústria de mel

Mercado
Preços do mamão formosa sobem com oferta menor nas principais regiões

Reconhecimento nacional!
Conexão Safra vence o Prêmio Ibá de Jornalismo 2025

De quarta para quinta
Veja as 55 cidades capixabas que estão sob alerta vermelho para temporais

Previsão do tempo
Instabilidade perde força no ES, mas sábado segue com nuvens e chuva fraca

O Governo do Estado do Espírito Santo publicou, nesta segunda-feira (1º), o Decreto nº 6251-R, de 28 de novembro de 2025, que cria o Parque Estadual Saíra-Apunhalada (PESA). A nova Unidade de Conservação de Proteção Integral está localizada no município de Vargem Alta e abrange 234,667 hectares, representando um marco ambiental histórico: há 15 anos o Estado não instituía uma área de proteção integral em seu território.
A criação do parque responde a uma das demandas ambientais mais urgentes do Espírito Santo: a proteção da saíra-apunhalada (Nemosia rourei), espécie endêmica capixaba e considerada uma das aves mais ameaçadas do mundo. Com apenas 22 indivíduos conhecidos, cerca de 70% deles vivem em áreas privadas não protegidas e expostas a pressões antrópicas severas, como mineração, extração ilegal de madeira e exploração de palmeiras.
A maior população remanescente da espécie encontra-se na Mata de Caetés, um importante contínuo florestal que abrange áreas dos municípios de Castelo, Domingos Martins e Vargem Alta. A região, apesar de sua relevância biológica, tem sofrido riscos crescentes. A criação do PESA se consolida, portanto, como uma medida decisiva para barrar o avanço das ameaças e garantir condições de recuperação populacional da saíra-apunhalada.
Além da ave que dá nome ao parque, a área abriga 14 espécies da fauna também ameaçadas de extinção, entre elas a abelha-uruçu-capixaba, o bagre-de-caetés, o sapinho-de-ouro, o cágado-da-serra e aves como o gavião-pombo-pequeno, o apuim-de-costas-pretas, a araponga e o papo-branco. Mamíferos raros, como o sagui-da-serra, o sauá, a preguiça-de-coleira e o ouriço-preto, também integram o rico mosaico de biodiversidade local.
No que diz respeito à flora, foram registradas 17 espécies ameaçadas, incluindo Philodendron vargealtense, classificada como Criticamente Ameaçada (CR), além de outras em categorias de ameaça Elevada (EN) e Vulnerável (VU). Ao todo, o conjunto de fauna e flora sob risco soma 31 espécies, reforçando a excepcional importância ecológica da região agora protegida.
Entre os objetivos do novo parque estão:
- Proteger uma amostra representativa da Mata Atlântica, especificamente a porção conhecida como Mata de Caetés;
- Assegurar integridade dos habitats essenciais à saíra-apunhalada e às demais espécies ameaçadas;
- Proteger recursos hídricos, nascentes e áreas de recarga da sub-bacia do Ribeirão Caetés, afluente do Rio Itapemirim;
- Preservar processos ecológicos naturais e serviços ambientais associados;
- Promover uso público sustentável, como ecoturismo, educação ambiental e atividades de observação da natureza, desde que compatíveis com a conservação.
Para viabilizar a proteção plena da área, imóveis rurais localizados dentro dos limites do parque serão objeto de desapropriação pelo Governo do Estado, sob responsabilidade do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema). O instituto também será responsável pela gestão, proteção e implementação do PESA.
O decreto cria ainda o Conselho do Parque Estadual Saíra-Apunhalada, de caráter consultivo, cuja composição será definida pela Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Seama). O colegiado terá participação social e institucional, seguindo as normas aplicadas às Unidades de Conservação do Sistema Nacional.
O secretário de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Felipe Rigoni, destacou a urgência da medida como resposta a um dos casos mais dramáticos de perda de biodiversidade no país. “Diante da urgência envolvendo a proteção da mais representativa população da saíra-apunhalada, é de eminentíssimo interesse do Governo do Estado fornecer instrumentos legais capazes de salvaguardar essa espécie da extinção. A criação do parque garante não apenas proteção física, mas também caminhos de preservação a partir da educação ambiental e do engajamento social.”
O subsecretário de Estado de Bem-Estar Animal e Projetos Prioritários, Victor Ricciardi, reforçou os impactos positivos para a proteção integrada das espécies. “A criação de um parque permite uma abordagem equilibrada entre conservação, pesquisa, educação ambiental e ecoturismo controlado. Esse modelo fortalece a participação da comunidade e gera benefícios econômicos, ao mesmo tempo em que assegura a preservação de espécies altamente ameaçadas em uma região sujeita a pressões ambientais constantes.”
Com a criação do Parque Estadual Saíra-Apunhalada, o Espírito Santo reafirma seu compromisso com a conservação da Mata Atlântica e com a proteção de espécies únicas no planeta. O decreto marca não apenas a retomada de políticas robustas de criação de Unidades de Conservação, mas também um passo decisivo para evitar a extinção de uma das aves mais raras e emblemáticas do Brasil.




