Mercado agropecuário

Poder de compra do suinocultor cai e relação de troca piora em novembro

Alta do farelo de soja reduz ganho do produtor e leva relação de troca ao pior nível do semestre, segundo cálculos do Cepea

Suíno
Foto: .freepik.com

A relação de troca entre o suíno vivo e o farelo de soja — insumo essencial na formulação de rações — voltou a se deteriorar em novembro e atingiu o pior patamar do segundo semestre. Dados do Cepea mostram que, após alcançar em setembro o cenário mais favorável ao produtor paulista em 20 anos, o mercado inverteu a tendência com a retomada de altas no derivado da soja a partir de outubro.

Em novembro, até o dia 18, o suinocultor da região de Campinas consegue adquirir 5,13 quilos de farelo de soja com a venda de um quilo de suíno vivo. O número é inferior aos 5,37 quilos registrados em outubro e aos 5,57 quilos de setembro, quando o poder de compra estava no melhor nível em duas décadas.

A deterioração recente devolve o mercado ao patamar observado em junho deste ano, quando a relação de troca havia recuado para 5,02 quilos, pressionada pelo encarecimento dos insumos. O movimento atual repete a lógica: mesmo que o preço do suíno se mantenha relativamente estável, os aumentos consecutivos do farelo têm reduzido a capacidade de compra do produtor.

O fato reflete uma combinação de fatores, entre eles a busca maior das indústrias por matéria-prima, oscilações na oferta de soja e ajustes pontuais no mercado interno. Para a suinocultura, que tem na alimentação cerca de 75% dos custos de produção, qualquer elevação no preço do farelo pesa diretamente na margem do produtor — especialmente em um período em que muitos enfrentam desafios adicionais, como custos elevados de energia, medicamentos e mão de obra.

A avaliação do Cepea indica que, embora o cenário não seja tão crítico quanto o do início de 2024, quando a relação de troca esteve ainda mais desfavorável, o momento exige atenção redobrada do setor. A continuidade da alta do farelo pode comprometer a competitividade da atividade e pressionar os pequenos e médios criadores, mais vulneráveis às oscilações de custo.

Para os próximos meses, analistas acompanham de perto o avanço da colheita de soja no Brasil e as movimentações do mercado internacional — fatores que podem determinar se a tendência de alta do farelo persiste ou se haverá alívio nos custos da suinocultura.

Sobre o autor Fernanda Zandonadi Desde 2001, Fernanda Zandonadi atua como jornalista, destacando-se pelo alto profissionalismo e pela excelência na escrita de suas reportagens especiais. Tem um conhecimento aprofundado em agronegócio, cooperativismo e economia, com a habilidade de traduzir temas complexos em textos de grande impacto e relevância. Seu rigor e qualidade na apuração e narração de histórias do setor garantiram que seu trabalho fosse constantemente reconhecido pela crítica especializada, o que a levou a conquistar múltiplas distinções e reconhecimentos em premiações regionais e nacionais de jornalismo. Ver mais conteúdos