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A cafeicultura brasileira vive um momento de avanços tecnológicos sem precedentes, impulsionada por ferramentas genéticas e biotecnológicas que aceleram o desenvolvimento de novas cultivares. No entanto, o coordenador de Cafeicultura do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Fabiano Tristão, faz um alerta: a perda de diversidade genética nas lavouras representa um risco real para o futuro da produção nacional.
Segundo o pesquisador, que concedeu a entrevista à Conexão Safra durante a Semana Internacional do Café (SIC), grande parte do parque cafeeiro brasileiro é formada por cultivares geneticamente próximas, o que pode levar à chamada erosão genética — a redução da variabilidade disponível nas plantas cultivadas. Essa homogeneização genética torna o sistema produtivo mais vulnerável a novas pragas, doenças e aos efeitos das mudanças climáticas, ameaçando a sustentabilidade da cafeicultura a médio e longo prazo.
Para evitar esse cenário, Tristão ressalta a importância dos bancos ativos de germoplasma mantidos por instituições como Incaper, Embrapa e IAC. Esses bancos preservam ampla diversidade de Coffea arabica e C. canephora, funcionando como verdadeiros repositórios genéticos que sustentam o futuro do melhoramento. “Eles são fundamentais, pois fornecem a base para cruzamentos, hibridações e estudos de diversidade, garantindo a manutenção da variabilidade genética que sustenta toda a cadeia produtiva do café”, explica.
Avanços genéticos e biotecnologia
Nos últimos anos, o Brasil vem combinando métodos clássicos de melhoramento, como seleção clonal e hibridação, com ferramentas modernas de biotecnologia — entre elas, marcadores moleculares, seleção genômica, edição gênica e o uso de inteligência artificial aplicada à genômica. Essa integração tem permitido acelerar a identificação e o desenvolvimento de plantas superiores, mais produtivas e adaptadas às condições adversas impostas pelas mudanças climáticas.
A biotecnologia também vem contribuindo para reduzir o impacto de pragas e doenças, ao permitir a identificação precoce de genes associados à tolerância à seca, ao calor e à resistência a patógenos. “Esses avanços possibilitam o lançamento de variedades mais adaptadas a diferentes regiões, com menor dependência de defensivos e maior estabilidade produtiva”, destaca o pesquisador.
Genética a favor da sustentabilidade
Além da produtividade, a genética moderna é uma aliada estratégica da sustentabilidade. Cultivares melhoradas tendem a usar água e nutrientes de forma mais eficiente, reduzir a necessidade de insumos e manter bons níveis de produção mesmo em cenários climáticos desafiadores. “O melhoramento genético deixa de ser apenas uma ferramenta de aumento de produção e passa a integrar produtividade, qualidade e conservação ambiental”, conclui Tristão.
Com esse equilíbrio entre ciência, biodiversidade e sustentabilidade, o desafio do futuro será garantir que os avanços genéticos não comprometam o patrimônio genético do café brasileiro, essencial para a segurança e a resiliência da cafeicultura nacional.





