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O Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) implantou, em Iúna, na região do Caparaó capixaba, um experimento participativo voltado ao desenvolvimento de substratos sustentáveis para a produção de mudas de café. A iniciativa busca mostrar que os próprios produtores podem preparar o material de cultivo utilizando recursos naturais disponíveis na propriedade, reduzindo custos e aumentando a autonomia no viveiro.
O projeto é conduzido pelo pesquisador em Agroecologia Jhonatan Marins Goulart, do Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação Serrano (CPDI Serrano), com apoio das extensionistas Amanda Dutra de Vargas, Uliana Ribeiro Silva e Bruna Casado Pontes Brunoro, do escritório local do Incaper. A experiência é realizada em parceria com o agricultor Cristiano Ricarte, do Sítio Toinzé, que produz cerca de 240 mil mudas de café arábica por ano.
A demanda partiu do próprio produtor, que buscava uma alternativa ao substrato comercial, cujo custo é elevado e cuja densidade dificulta o uso em bandejas. A adoção do novo sistema exige materiais mais leves e permite ganhos em praticidade, transporte e uniformidade das mudas. “Além do custo, há riscos com pragas que podem vir junto com o substrato comercial. Nossa região é rica em materiais que podem ser usados para produzir substratos, o que permite baixar custos e agregar valor aos subprodutos locais”, destaca Ricarte.
O experimento, instalado há cerca de 20 dias, será acompanhado durante seis meses, até o encerramento do ciclo de produção das mudas. As formulações testadas utilizam compostos fermentados do tipo bokashi, produzidos com resíduos orgânicos — como biomassa de leguminosas, cascas de café, farelos vegetais e esterco curtido. Além de fornecer nutrientes essenciais, o bokashi estimula microrganismos benéficos que fortalecem o crescimento e a defesa natural das plantas, promovendo a economia circular e o uso de soluções baseadas na natureza.
Segundo o agricultor, o uso de bandejas trouxe avanços significativos. “O sistema de bandeja é outro nível. A qualidade, o enraizamento e a uniformidade das mudas melhoram muito. Além disso, reduz os custos e os impactos ambientais gerados pelo frete e pelas embalagens. No ano passado, por exemplo, gastei cerca de R$ 5 mil só com transporte de substrato vindo de São Paulo”, relata.
Ricarte também ressalta a importância da parceria com o Incaper. “O Incaper sempre foi meu parceiro, desde muitos anos atrás. Essa união traz benefícios não só para mim, mas também para outros produtores que acompanham o trabalho”, afirma.
Para o pesquisador Jhonatan Marins Goulart, o experimento é um exemplo prático de integração entre pesquisa e extensão rural. “A experimentação participativa permite unir ciência e prática, valorizando o saber local e fortalecendo o vínculo com a comunidade. É um processo essencial para promover a inovação em bases agroecológicas na cafeicultura capixaba”, explica.
Os resultados obtidos serão compartilhados com a comunidade científica e poderão servir de referência para outros produtores do Espírito Santo e de diferentes regiões do país, ampliando o alcance das soluções sustentáveis desenvolvidas a partir da realidade local.





